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Volta de Rafaela Silva aos tatames dá amostra de competitividade rumo a Paris

Ao fim da segunda luta, Rafaela Silva extravasou. No retorno aos tatames, virou para a torcida formada por atletas do Instituto Reação, seu antigo clube, e

Volta de Rafaela Silva aos tatames dá amostra de competitividade rumo a Paris
Volta de Rafaela Silva aos tatames dá amostra de competitividade rumo a Paris

Redação Publicado em 25/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h16


Judoca do Flamengo venceu duas lutas em seletiva que nem precisaria disputar no Rio de Janeiro

Ao fim da segunda luta, Rafaela Silva extravasou. No retorno aos tatames, virou para a torcida formada por atletas do Instituto Reação, seu antigo clube, e gesticulou muito, como quem pede respeito. Mais do que revelar qualquer possível mágoa, a atitude externava uma explosão de sentimentos represados ao longo dos dois anos em que ficou proibida de lutar. A judoca, com sua agressividade competitiva, estava de volta à ativa.

Rafaela Silva exibe faixa freta com a expressão campeã olímpica, em inglês, bordada em amarelo — Foto: Lara Monsores / CBJ

Rafaela Silva exibe faixa freta com a expressão campeã olímpica, em inglês, bordada em amarelo — Foto: Lara Monsores / CBJ

As lutas deste domingo foram organizadas pela Federação de Judô do Rio de Janeiro como seletiva para definir a representante do estado na categoria leve (até 57kg) para o Campeonato Brasileiro. Na melhor de três contra Jéssica Pereira, do Reação, Rafaela venceu uma luta por ippon por mobilização e outra por wazari.

Logo após o aquecimento com os sparrings, Rafaela sentou-se na arquibancada do Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan) ao lado da coach Nell Salgado, que a acompanha há nove anos. Ficou de cabeça baixa, concentrada. Ao caminhar rumo à área de luta tinha o olhar fixo, praticamente não piscava. Mostrou a agressividade pela qual ficou conhecida e festejou efusivamente as vitórias.

– Ela voltou a treinar há pouco tempo e isso poderia ser um peso para ela, mas muito pelo contrário. Essa reação fala muito sobre quem é a Rafa, a raiva dela, a potência, essa coisa da competitividade contra o outro. Ela é assim, sempre vai fazer isso. Essa raiva contida, essa potência, explosão, esse bicho que tem dentro dela, e que ela vem aqui (no tatame) e solta – disse Nell.

A coach Nell Salgado com Rafaela Silva — Foto: Helena Rebello

A coach Nell Salgado com Rafaela Silva — Foto: Helena Rebello

O Campeonato Brasileiro, evento para o qual Rafaela se classificou com a vitória nesta seletiva, dará vagas para a seleção brasileira no ano que vem. Mas a judoca do Flamengo não precisaria seguir todo este caminho. Por um critério estabelecido pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ), atletas classificados até a sétima posição nos Jogos do Rio e de Tóquio estariam automaticamente garantidos na seleção.

Campeã olímpica em 2016, Rafaela já tem presença no grupo. Mesmo assim quis fazer todo o processo e encher a agenda de competições para recuperar o ritmo de competição. E foi elogiada pelo Gestor de Alto Rendimento da CBJ, Ney Wilson, que acompanhou as lutas de perto no Cefan.

– Foram incontestáveis as duas vitórias. Num momento como esse, em que ela está retornando, isso gera uma autoconfiança, uma autoestima elevada para poder encarar os eventos internacionais. Ela não precisava disputar o Brasileiro, mas ela quer competir, aquilo faz bem a ela. É algo importante que ela tem e talvez outros atletas da seleção precisassem ter: a competitividade, sempre estar brigando para se superar, chegar na frente – disse Ney.

Rafaela Silva na 1ª luta após a volta ao judô: vitória por ippon por imobilização  — Foto: Helena Rebello

Rafaela Silva na 1ª luta após a volta ao judô: vitória por ippon por imobilização — Foto: Helena Rebello

Rafaela tem três competições previstas até o fim do ano. Na quarta-feira ela embarca para Paris, onde disputará o Mundial Militar no dia 30 – ela é 3º Sargento da Marinha do Brasil. De lá viaja para o Azerbaijão para representar o Brasil no Grand Slam de Baku. E também disputará o Brasileiro, em novembro, em Pindamonhangaba.

Mas, se por acaso surgir qualquer outra oportunidade de lutar, ela garante que estará à disposição. Está com sangue nos olhos para recuperar o tempo parada.

– Se puder ter uma competição daqui a cinco minutos que vale 10 centavos eu vou falar que pode me inscrever e vou lá competir. Ficar dois anos sem poder competir foi muito difícil, mas meu pensamento nunca foi desistir, e sim poder voltar e mostrar que a Rafaela está de volta. É de hoje para frente até 2024 – disse a campeã olímpica.

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Globo Esporte

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