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Senai seleciona projetos de impacto no combate ao novo coronavírus

Realizada no âmbito do Edital de Inovação para a Indústria, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) selecionou dez propostas de soluções de

Senai seleciona projetos de impacto no combate ao novo coronavírus
Senai seleciona projetos de impacto no combate ao novo coronavírus

Redação Publicado em 28/04/2020, às 00h00 - Atualizado às 18h30


Esta é a terceira etapa da iniciativa Missão Covid-19

Realizada no âmbito do Edital de Inovação para a Indústria, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) selecionou dez propostas de soluções de impacto contra a pandemia do novo coronavírus, para participar da iniciativa batizada de Missão Covid-19.

Em duas etapas anteriores, a entidade contemplou 15 projetos, todos na forma de consultorias, metrologias, ensaios e análises e ações de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) que oferecem respostas à causa.

No total, será destinado um aporte de R$ 24,5 milhões aos projetos. O valor máximo reservado para um único projeto é de R$ 2 milhões. O edital é financiado conjuntamente pelo Senai, pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Um dos projetos escolhidos é da fabricante de eletrônicos Novus. Com um sistema composto por câmeras e de medição de índices corporais, como temperatura e frequência respiratória, o dispositivo visa reduzir a contaminação de profissionais de saúde durante a triagem de paciente. Os dados coletados pelo dispositivo poderão ser utilizados para auxiliar as equipes de atendimento a mapear o perfil dos pacientes que dão entrada nas unidades, usando recursos de inteligência artificial.

Outro projeto aprovado no edital consiste em um revestimento antiviral, cujo componente principal é a prata. O produto deverá ser lançado na forma de spray, para que seja aplicado em pontos como maçanetas de portas e balcões de atendimento, facilitando, assim, a esterilização de tais superfícies.

Conforme destaca o diretor-geral da TNS Nanotecnologia, Gabriel Nunes, empresa que irá desenvolver o spray, em conjunto com a Paumar (WEG Tintas), as nanopartículas de prata já são uma técnica presente em produtos disponíveis no mercado. Como exemplos, Nunes cita itens da indústria têxtil, cosméticos e tintas. “O nosso principal ativo nesse produto é a prata. Muita gente conhece a prata por ser um metal precioso. Mas, lá, vindo da época milenar, a utilização de pratas para o uso de talheres ou utensílios doméstico não é só porque é bonito e valioso, mas porque a prata tem uma propriedade natural de eliminar microorganismos”, explica.

Segundo Nunes, tendo em vista as regras do edital e que a equipe irá iniciar o desenvolvimento em maio, o projeto deve estar pronto em novembro, com a apresentação da solução proposta. A ideia é de que o spray seja vendido em farmácias e supermercados, tanto no Brasil como no exterior.

Perguntado, pela Agência Brasil, sobre como funcionam as certificações necessárias para que o produto possa ser lançado e comercializado, Nunes esclarece que, de forma geral, é necessário comprovar que a substância não faz mal para o organismo, nem em curto, nem em longo prazo. Para tanto, são realizados diversos testes, em que os pesquisadores a submetem a fatores como calor e luz excessivos, simulando mudanças a que pode estar sujeita no tempo.

“Hoje temos que comprovar que essa tecnologia não é tóxica nem citotóxica (que não faz mal a células). Nós já conseguimos conferir que não é tóxica para as células de rim e pulmonares. Agora, já aplicamos para a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] nos fornecer um número de registro, e isso leva cerca de 60 dias para sair, sendo que um laboratório emite um resultado e depois a gente leva para a Anvisa. Nós temos que fazer um teste de envelhecimento acelerado, para comprovar que,mesmo ao longo dos meses ou anos, o produto não vai se transformar em algum complexo químico”, esclarece.

“Temos que seguir algumas normas e a maioria delas se baseia em princípios como envelhecimento por lâmpada UV [ultravioleta], para simular que o sol está incidindo sobre aquele material, só que a gente coloca sob uma intensidade muito forte, para simular que você está naquele sol do meio-dia, do verão. Depende do equipamento, mas tem uns em que um dia [de exposição] equivale a uma semana. Além disso, você estressa o produto de maneira anormal, você aquece e esfria, aquece e esfria, várias vezes, e nisso a gente vai verificar se, ao longo do tempo ou dentro de um meio de transporte, um navio, um avião, [o material] vai sofrer alguma alteração. E tem simulação para ver se provoca irritação dérmica. Antigamente, era feito em animais. Hoje, agora só é feito sob simulação. Então, a gente tem que ter todo esse embasamento teórico pronto, para montar um dossiê. Esse dossiê vai para a Anvisa autorizar”, detalhou Gabriel Nunes.

EBC

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