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Ruídos aumentam projeções de inflação, diz presidente do BC

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que ruídos no cenário político têm levado o mercado a aumentar as projeções de inflação do Brasil.

Ruídos aumentam projeções de inflação, diz presidente do BC
Ruídos aumentam projeções de inflação, diz presidente do BC

Redação Publicado em 20/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h57


A declaração foi feita durante palestra do Council of the Americas

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que ruídos no cenário político têm levado o mercado a aumentar as projeções de inflação do Brasil. “Há muito ruído na parte do funcionamento institucional do Brasil, a briga entre Poderes”, destacou em palestra virtual do Council of the Americas.Ruídos aumentam projeções de inflação, diz presidente do BCRuídos aumentam projeções de inflação, diz presidente do BC

Para Campos Neto, as turbulências têm feito com que as perspectivas em relação a situação econômica do país do mercado sejam consideravelmente diferentes das análises técnicas do Banco Central. “Nós percebemos que a desconexão entre os números que nós vemos no mercado e os números que nós temos internamente é maior do que a de costume”, acrescentou.

O último Boletim Focus, pesquisa feita pelo BC com especialistas do sistema financeiro, mostrou que a previsão do mercado para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiu de 6,88% para 7,05%. Para 2022, a estimativa de inflação é de 3,90%.

A previsão para 2021 está acima da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional, de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 2,25% e o superior, de 5,25%.

Risco fiscal

As mudanças anunciadas pelo governo federal no Programa Bolsa Família também ajudaram, na avaliação do presidente do BC, a trazer incertezas para os operadores do mercado. “Quando o governo explicar o que o Bolsa Família vai ser e como vai se pagar por ele, isso vai acabar com algumas incertezas que nós vemos no mercado”, disse.

A medida provisória que cria um novo programa, chamado de Auxílio Brasil, foi apresentada ao Congresso Nacional no último dia 9 de agosto. O novo programa social deve pagar, pelo menos, 50% acima do valor médio pago pelo Bolsa Família, que atualmente é de R$ 189. Parte dos recursos do novo programa virá do parcelamento do pagamento de precatórios previsto na PEC e também de um fundo que será criado com recursos de privatizações.

Campos Neto disse que serão feitos todos os esforços para manter a inflação dentro das metas. “Se tem algo que impacta o crescimento sustentável em médio e longo prazo é inflação, que age de modo perverso em muitos aspectos”, disse ao ser perguntado sobre os possíveis impactos das taxas de juros nos índices de emprego e crescimento econômico.

Para o presidente do BC, o descontrole nos preços, inclusive, é um dos fatores que aumenta a desigualdade social. “Pessoas que têm mais dinheiro estão mais protegidas da inflação das que têm menos dinheiro. Isso cria desigualdade. E o governo, para compensar essa desigualdade tem que gastar mais”.

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Agência Brasil

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