A rua estava praticamente deserta, naquele fim de tarde de abril do novo tempo da pandemia. Todo mundo tentando viver confinado em casa, se redescobrindo
Redação Publicado em 28/07/2020, às 00h00 - Atualizado às 08h12
A rua estava praticamente deserta, naquele fim de tarde de abril do novo tempo da pandemia. Todo mundo tentando viver confinado em casa, se redescobrindo nesta nova estranha lógica de vida para um mundo tão acostumado a viver socialmente.
Apesar do #Fiqueemcasa geral, Denilson precisava sair, pois tinha de ir à farmácia comprar o remédio para diabete de sua mãe, que havia acabado. De moto, via máscaras. Como era estranho ver o mundo mascarado, por parecer que as pessoas querem se esconder, o que nos gera sensação de insegurança. A opacidade não é agradável. Inconscientemente, acho que imaginamos que quem se esconde pode estar tramando algo.
E a verdade é que o estereótipo do indivíduo mascarado é o do criminoso, o do desonesto, aquele que oculta suas intenções. Por outro lado – pensou – já se percebem pessoas transformando a obrigação sanitária num caminho para a sensualidade e o modismo, organizando coleções de máscaras de diversas cores, modelos, estampas e estilos.
Denilson percebe uma gritaria na rua e nota que os moradores de imediato correm para os terraços, para verificar do que se tratava. Observa que praticamente todos os vizinhos do prédio estavam, tanto nos andares inferiores, como nos superiores, conversando varanda a varanda.
Tinha ocorrido um roubo e a vítima era um rapaz jovem, calvo e cheio de corpo, que tentava, em vão, correr atrás do assaltante. Ofegante e sem preparo físico, não tinha, obviamente, qualquer chance. Mas, por sua sorte, Denilson estava passando por ali naquele exato momento e perseguiu o assaltante, inclusive vindo na contramão de direção, de forma heroica, e os moradores do condomínio indicavam pelo alto, aos gritos, a direção tomada pelo ladravaz, o que permitiu que o perseguidor fosse no seu encalço. Os vizinhos berravam enlouquecidos, como se estivessem num estádio de futebol:
-Pega ladrão, pega ladrão, pega ele!
Duzentos metros adiante, Denilson teve êxito, alcançou o criminoso mascarado. A Polícia chegou e o prendeu em flagrante delito, com o celular da vítima em seu poder. Ou seja, com todo mundo confinado, isolado em suas casas, o prédio se transformou numa força auxiliar de segurança pública e de justiça, pois dezenas de testemunhas oculares do crime estavam reunidas em virtude da mesma e única circunstância pandêmica. E o crime assim foi esclarecido! E Denilson entronado herói!
Dr. Roberto Livianu éProcurador de Justiça em São Paulo e doutor em direito pela USP. Atua na Procuradoria de Justiça Criminal. Idealizou e preside o Instituto Não aceito Corrupção e é um dos diretores do Movimento do Ministério Público Democrático. É articulista da Folha de S. Paulo, do Estado de S. Paulo e do Diário de S. Paulo, colunista semanal do Poder360 e Rádio Justiça, do STF e comentarista do Linha Direta com a Justiça, da Rádio Bandeirantes.
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