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Quantidade de famílias em situação de miséria na cidade de SP cresce mais de 30% em janeiro de 2022, na comparação com 2021

Do Centro aos extremos da capital paulista, o cenário se repete: aumentou a quantidade de pessoas que pedem comida, roupa, trabalho. Muitos também são os

Quantidade de famílias em situação de miséria na cidade de SP cresce mais de 30% em janeiro de 2022, na comparação com 2021
Quantidade de famílias em situação de miséria na cidade de SP cresce mais de 30% em janeiro de 2022, na comparação com 2021

Redação Publicado em 24/05/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h17


Do Centro aos extremos da capital paulista, o cenário se repete: aumentou a quantidade de pessoas que pedem comida, roupa, trabalho. Muitos também são os paulistanos que perderam suas casas após a pandemia de Covid-19 e, sem alternativa, passaram a morar nas ruas.

CORREÇÃO: Ao publicar essa reportagem, o g1 errou ao informar que o número de pessoas em situação de miséria na cidade de São Paulo tinha aumentado 50% entre 2021 e 2022. A quantidade de famílias nesta situação cresceu 30,82% no período. A matéria foi alterada às 6h50.

O que vemos no dia a dia pode ser comprovado por números: mais de 619 mil famílias estão vivendo em situação de extrema pobreza na cidade de São Paulo, segundo dados da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social obtidos com exclusividade pelo g1.

O levantamento foi realizado a partir de dados coletados do Cadastro Único (CadÚnico) do município. Em janeiro de 2021, 473.814 famílias estavam nesta situação e, neste ano, são 619.869, aumento de 30,82%.

As subprefeituras que possuem mais famílias na extrema pobreza ficam na Zona Sul da cidade:

  • M’Boi Mirim: 41.308;
  • Capela do Socorro: 39.230;
  • Cidade Ademar: 38.108.

Já os que possuem o menor número de famílias em extrema pobreza são:

  • Lapa, na Zona Oeste: 4.996;
  • Vila Mariana, na Zona Sul: 2.964;
  • Pinheiros, na Zona Oeste: 2.024.

Definição de extrema pobreza

O critério do governo brasileiro para definição de extrema pobreza difere do utilizado pelo Banco Mundial. Para a instituição, considera-se nesta faixa quem tem renda diária per capita de US$ 1,90, ou cerca de R$ 274,50 mensais.

Já o CadÚnico classifica como extrema pobreza aquelas famílias com renda per capita mensal de até R$ 105. O valor é estabelecido pelo governo federal, por meio de um decreto do presidente da República. A última atualização das faixas de renda foi realizada em março.

Quem se enquadrar no conceito definido pelo governo passa, então, a ter direito a receber benefícios sociais, como o Auxílio Brasil, que paga a partir de R$ 400 para famílias em extrema pobreza.

Antes do início da pandemia, em janeiro de 2019, eram 412.337 famílias nesta situação na capital paulista. No mês de janeiro seguinte, em 2020, subiu para 450.351, um aumento de 9,21%. Em 2019, eram consideradas famílias em extrema pobreza aquelas com renda per capita mensal de até R$ 85. Em 2020 e 2021, a renda per capita que atestou tal situação era de até R$ 89.

Nos três anos, os bairros de M´Boi Mirim, Capela do Socorro e Cidade Ademar, na Zona Sul, se mantiveram entre os que registraram os maiores números de famílias nesta situação, seguidos por São Mateus, na Zona Leste.

Para Marcelo Neri, diretor da FGV Social, os números do CadÚnico não mostram os reais dados de extrema pobreza nos municípios, que podem ser ainda maior.

“Tivemos o processo de migração do Bolsa Família para o Auxílio Brasil, mas antes disso, vigorava o auxílio emergencial. Nessa passagem, teve o aumento do valor do benefício em relação ao Bolsa Família, mas diminuiu o número de beneficiários em relação ao auxílio emergencial, o que gera flutuações. O cadastro é um medidor de quem está sendo enxergado pela política, quem está sendo servido ou não”, afirma.

“Existe a questão de visualização, quantas pessoas realmente estão sendo vistas nesses números. Tivemos o aumento da população de rua, muitas dessas pessoas não estão incluídas no Cadastro Único, temos pouco investimento em assistência social para fazer uma busca de todas as pessoas que estão nessa situação”, completa Neri.

Isso porque a inscrição no Cadastro Único é realizada somente de forma presencial. O CadÚnico é um registro que permite ao governo saber quem são e como vivem as famílias de baixa renda no Brasil. Ele foi criado pelo governo federal, mas é operacionalizado e atualizado pelas prefeituras de forma gratuita. Ao se inscrever ou atualizar seus dados, a pessoa pode tentar participar de vários programas sociais.

Podem se inscrever famílias com renda mensal por pessoa de até meio salário mínimo ou que possuem renda acima dessas, mas que estejam vinculadas a algum programa ou benefício que utilize o cadastro em suas concessões.

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G1
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