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Palmeiras oscila entre euforia e depressão e deixa dúvida: qual é sua verdadeira personalidade?

O Palmeiras é um caso de dupla personalidade a ser estudado pela psicologia esportiva. Um time de duas caras. Capaz de ganhar três títulos em uma temporada e

Palmeiras
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Redação Publicado em 15/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h26


Verdão consegue ganhar três títulos em uma temporada e jogar duas taças praticamente ganhas no lixo em quatro dias

O Palmeiras é um caso de dupla personalidade a ser estudado pela psicologia esportiva. Um time de duas caras. Capaz de ganhar três títulos em uma temporada e jogar duas taças praticamente ganhas no lixo em quatro dias.

Os sinais dessa bipolaridade vinham sendo dados desde a incrível época em que a equipe conquistou os títulos paulista, da Copa do Brasil e da Libertadores. Os traços de instabilidade e inconsistência surgiam rodada a rodada e, inclusive, dentro dos 90 minutos.

O Palmeiras de Abel Ferreira poderia ser analisado como o Alvi e o Verde.

O Alvi é o time vencedor, que faz grandes jogos, conquista taças, goleia rivais e impõe seu estilo. O Verde é a equipe perdida em campo que é subjugada por rivais do mesmo padrão, derrotada por adversários fracos e que se apavora em momentos importantes.

Alvi e Verde estiveram presentes em vários momentos de 2020 e seguem brigando em 2021.

Nas semifinais da Libertadores a dupla personalidade palmeirense ficou escancarada. O Alvi foi a Buenos Aires e sapecou um 3 a 0 no poderoso River Plate, com uma atuação luxuosa em termos de estratégia e execução. No jogo de volta, entrou em campo o Verde, inseguro, sem alternativas, engolido pelo adversário e que se classificou na bacia das almas num jogo em que escapou de uma goleada histórica.

Até mesmo na conquista invicta da Copa do Brasil a bipolaridade palestrina ficou evidente. A equipe dificilmente encaixa dois bons jogos em sequência. Um belo desempenho contra o Ceará em casa e susto na volta. Partida sem sal diante do América-MG no Allianz e jogo seguro em Minas.

O ponto fora da curva de oscilações foi a decisão contra o Grêmio, quando o Verdão fez dois jogos muito bons. Outra amostra das duas caras do Palmeiras foi dada contra o Grêmio, no Brasileirão. Um primeiro tempo de gala, com ótimo futebol, e uma segunda etapa medíocre, assustada.

Abel Ferreira em Palmeiras x Defensa y Justicia — Foto: Staff Images/Conmebol

Abel Ferreira em Palmeiras x Defensa y Justicia — Foto: Staff Images/Conmebol

Como explicar que o Alvi não tivesse contagiado o Verde após uma conquista épica de Libertadores? Pois o time que jogou o Mundial de Clubes para o qual o Alvi se classificou foi o Verde. Desatento, disperso, inseguro, sem tesão.

No pontapé inicial da temporada 2021, o Palmeiras fez um jogo de almanaque contra o Flamengo, pela Supercopa. Conseguiu equilibrar e até superar o melhor time do país e perdeu nas penalidades. Foi o Alvi em “modo on”.

Na decisão da Recopa Sul-americana esperava-se que esta personalidade, enfim, prevalecesse. Mas o Verde voltou com toda força, mesmo diante de um adversário muito inferior ao Flamengo.

Decisões por penalidades máximas são capítulos à parte, muitas vezes escritos sem nenhuma relação com o que aconteceu nos 90 ou 120 minutos de bola rolando.

As questões que o Palmeiras de duas caras levanta para seu torcedor são mais profundas do que um chute torto.

Qual time se estabelecerá no duelo de duas personalidades: o Alvi ou o Verde?

Que papel na oscilação da equipe exercem os chiliques de Abel Ferreira à beira do gramado e suas frequentes expulsões? Além das discussões e brigas frequentes provocadas pela comissão técnica durante os jogos?

Porque jogadores como Raphael Veiga têm atuações exuberantes e apagadas de domingo para quarta?

Porque atletas experientes erram em momentos decisivos, como Luan, Marcos Rocha e até mesmo o regular o ótimo Gómez (lembrem do penal maluco que cometeu na final do Paulista)?

Que papel cumprem ou deixam de cumprir nesse rosário de irregularidade lideranças experientes como Felipe Melo e Luiz Adriano?

Os jovens talentosos estão prontos para assumir a condução técnica da equipe ou também oscilam demasiadamente como os cascudos?

A pergunta mais importante, para a qual admito não ter resposta, e o grupo comandado por Abel Ferreira também não respondeu, eu divido em duas: o Palmeiras é o Alvi de grandes jogos, um time forte e um elenco de peso que sofre com uma sequência desumana de jogos? Ou é o Verde, apenas um bom time que deu sorte em momentos decisivos e venceu partidas e confrontos em detalhes, mas pelo desempenho poderia ter perdido?

A difícil fase de grupos da Libertadores, quando o Palmeiras enfrentará o algoz Defensa y Justicia novamente, além do time muito bom do Independiente Del Valle, será uma prova de fogo para a dupla personalidade palmeirense. O duelo pessoal do Alvi imponente, campeão da América e da Copa do Brasil, contra o Verde que se perde na dureza do prélio e foi vice da Supercopa e da Recopa.

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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