Diário de São Paulo
Siga-nos

O que motivou Bretas a mandar Alexandre Baldy para a cadeia

Na decisão em que decretou a prisão de Alexandre Baldy (foto), detido na última quinta-feira, 6, o juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio,

Diário de São Paulo
Diário de São Paulo

Redação Publicado em 09/08/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h36


Secretário do governo de João Doria chegou a ser preso preventivamente por suposta tentativa de obstrução de investigação da Lava Jato

Na decisão em que decretou a prisão de Alexandre Baldy (foto), detido na última quinta-feira, 6, o juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio, apontou a tentativa de obstrução da investigação conduzida pela Lava Jato fluminense como um dos principais motivos para colocar o ex-ministro e secretário do governo João Doria em São Paulo temporariamente na cadeia.

Segundo Bretas, empresários delatores disseram ao Ministério Público Federal que Baldy ofereceu um cargo de secretário de estado para um dos envolvidos no suposto esquema de corrupção para que ele pudesse ter foro privilegiado. A oferta, de acordo com a decisão do juiz, foi feita pelo ex-ministro do governo Michel Temer depois que dois suspeitos foram presos em setembro de 2018.

Dados de localização obtidos no celular do delator que seria contemplado com o cargo e o registro de uma viagem de Uber feita pelo advogado Rodrigo Dias, primo de Baldy e intermediário dele no suposto esquema, indicam que ambos estiveram no mesmo horário no prédio onde se deu a “proposta de blindagem”.

Para Bretas, o fato ocorrido em 2018 mostrou que era necessária a prisão temporária de Baldy e de seu primo, que foi indicado pelo ex-ministro para ocupar cargos no governo federal e no governo de João Doria em São Paulo. “Ou seja, há indicação de que Alexandre (Baldy) e Rodrigo se utilizam de métodos para obstruir investigações em andamento, o que fortalece a necessidade da prisão temporária para o caso”, escreveu Bretas na decisão.

Baldy é acusado de receber ao menos 1,4 milhão de reais de propina para beneficiar empresas em contratos com o governo de Goiás, estado de origem do ex-ministro e ex-deputado federal, e com o governo federal, na área da saúde. A defesa do secretário licenciado do governo Doria nega as acusações e diz que a prisão decretada por Bretas foi uma medida exagerada.

Segundo o Ministério Público Federal, outro indício de obstrução à investigação é o fato de Baldy, de acordo com os delatores, utilizar o aplicativo de mensagens criptografadas e autodestrutivas Wickr para falar sobre os pagamentos ilícitos. Nele, o grupo se comunicava utilizando codinomes. O ex-ministro era chamado de “waltdisnei” e o primo dele, Rodrigo Dias, de “faixadepedestre”.

Baldy seguia preso até a última sexta-feira, 7, mas foi beneficiado por uma liminar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que ordenou sua soltura .

Crusoé

Compartilhe  

últimas notícias