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“O outro e a outra também têm dores e esperanças”, Criolo

Imagem “O outro e a outra também têm dores e esperanças”, Criolo

Redação Publicado em 30/06/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h11


Criolo é um dos artistas mais relevantes da música contemporânea. Musicalmente, a base sonora para o seu som plural é o rap, mas, como diz a revista que acompanha o álbum mais recente, “Sobre Viver” (2022): “o rap é o princípio de tudo e é ele quem dá a caneta nas dez canções do álbum, mas o som e a musicalidade se desdobram em múltiplas referências, seguindo a vocação dos trabalhos que colocaram Criolo no centro do mapa da música brasileira produzida neste século”.

“Sobre Viver” é uma coleção de 10 canções que retratam a atual realidade sombria do nosso país, envolto em pandemia, crises políticas, sociais e econômicas, racismo, intolerância religiosa e outras mazelas que assolam o Brasil.

As letras veiculam mensagens duras, mas sempre insistindo na busca por uma saída pelos caminhos da esperança e do amor.

Criolo topou bater um papo com este colunista, ocasião em que aprofundou algumas questões abordadas nas letras do referido álbum.

De fala calma, Criolo expressa suas ideias como um poeta que vai lapidando as palavras a partir de uma inspiração que parece espiritual. Sobre a letra da faixa que abre o disco, “Diário do Kaos”, Criolo conta que: “essa letra é um grande desabafo e ela é puro encontro de rima com emoção. Puro encontro de se lançar de peito aberto pra uma letra quase que não racional […]. Totalmente emocional, cem por cento emocional e ela traz esse tanto de sentimentos”.

A letra é tão pessoal que o seu título tem uma pequena peculiaridade: a palavra caos é escrita com a inicial do nome de batismo de Criolo, Kaos com K, de Kléber. Inicialmente, este seria o nome do álbum.

Criolo continua: “E eu acredito que, por apresentar essas dores, ou por apresentar ainda os sonhos e juntar essas duas coisas. Apresentar o quanto a música me transforma e faz com que eu me sinta alguém no mundo. Ela tem essa força de comunicação. Ela tem essa força de juntar as pessoas. Tem essa força de também emocionar o outro, porque o outro e a outra também sonham, o outro e a outra também têm dores, o outro e a outra têm esperança, por mais difícil que seja a gente dialogar com esses sentimentos num território tão devastado quanto o nosso”.

Disponível no site oficial do artista e nas plataformas digitais, “Sobre Viver” é apresentado sob diversas cores, que representam as mensagens plurais contidas nas letras e as diversas camadas sonoras presentes no álbum, que passa por rap, blues, reggae, música de religiões afro-brasileiras, orquestrações monumentais, como na música “Sétimo Templário” e tudo o que vai se descortinando em ricos detalhes musicais.

Continuo com os principais pontos da entrevista nas próximas colunas.

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