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Número de casos de chikungunya em 2022 é quase seis vezes maior do que o registrado no ano passado; dengue também tem aumento

O número de casos confirmados de chikungunya entre os moradores da cidade de São Paulo é quase seis vezes maior este ano do que o registrado em 2021.

Número de casos de chikungunya em 2022 é quase seis vezes maior do que o registrado no ano passado; dengue também tem aumento
Número de casos de chikungunya em 2022 é quase seis vezes maior do que o registrado no ano passado; dengue também tem aumento

Redação Publicado em 14/04/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h26


O número de casos confirmados de chikungunya entre os moradores da cidade de São Paulo é quase seis vezes maior este ano do que o registrado em 2021.

Nas 12 primeiras semanas epidemiológicas do ano, foram registrados 23 casos da doença. No ano passado, foram apenas quatro. O número deste ano é, inclusive, maior que o dos últimos três anos somados para este período.

Os dados são da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA) da Secretaria Municipal de Saúde.

O aumento de casos na capital é consequência de um surto da doença que a Baixada Santista enfrentou no ano passado, segundo o médico sanitarista Sérgio Zanetta.

“Os dados da cidade de São Paulo mostram que não teve chikungunya praticamente nos últimos anos. Mas dada a comunicação de todo o estado, principalmente entre litoral e capital, a chikungunya entrou”, explica.

Foi durante esse surto que, em abril de 2021, a professora Mônica Rosa Passos, que vive em Itanhaém — cidade da Baixada — contraiu chikungunya e dengue ao mesmo tempo.

Ela conta que os primeiros sintomas foram febre alta, sensação de fraqueza e inchaço, além do aparecimento de manchas avermelhadas. “Chegou a um ponto de eu sentir tanta dor nas mãos que não conseguia amarrar o cabelo das minhas filhas, não conseguia abrir uma torneira”, relembra.

Quase um ano após a doença, a professora sofre com as sequelas da chikungunya, como a perda de cabelo e a dor que persiste nos pés e nas mãos. “Essa doença transformou minha vida. Eu sempre gostei de fazer atividade, era ativa, e não tenho mais disposição. Brinco que tenho 38 anos mas me sinto no corpo de uma idosa de 100”, conta.

Dos 23 casos registrados neste ano, um caso é considerado autóctone, ou seja, quando a pessoa contrai a doença na mesma cidade em que vive. Os outros 22 casos são os chamados importados, isto é, quando a doença foi contraída em uma cidade diferente da que a pessoa mora.

“Mas mesmo esses casos importados vêm de cidades e regiões muito próximas à capital. Não de outro lugar do país ou do planeta”, afirma Zanetta, que também é professor da Faculdade de Medicina do Centro Universitário São Camilo.

A proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor dessas arboviroses, acontece principalmente durante o verão, com o período de chuvas.

A reprodução do mosquito se dá em ambientes com água parada, como caixas d’água destampadas e objetos que acumulam água deixados nos quintais, como vasos de plantas e pneus.

Casos de dengue também aumentaram

A quantidade de casos de dengue também cresceu na capital paulista. Só neste ano, já foram registrados 758 casos. No mesmo período do ano passado, eram 641. Um aumento, portanto, de 18%.

A maior incidência de casos de dengue, isto é, a quantidade de casos a cada 100 mil habitantes, está nos bairros: Pari (20,8), Barra Funda (18,4) e Santo Amaro (17,5).

O médico sanitarista Zanetta explica que o comportamento da dengue na capital, diferente da chikungunya, já é endêmico, ou seja, já é frequente dentro da própria cidade. “Diferente da chikungunya, que é novidade na capital”, diz. Para o professor, as campanhas educacionais para a população e a inspeção nas casas são fundamentais para a redução desses índices.

Mesmo com o aumento no número de casos, o município não registrou nenhum óbito por conta dessas doenças em 2022. Casos de outras arboviroses, que são a febre amarela e a zika, não foram registrados neste ano.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal da Saúde disse que o controle do mosquito Aedes aegypti é realizado rotineiramente nas 28 Unidades de Vigilância em Saúde na capital. Entre as ações estão visita a casas e pontos estratégicos, ações educativas e administrativas, além de controle e avaliação da atividade das larvas.

Em 2022, a Secretaria informa que já foram realizadas quase 500 mil visitas a casas, mais de 400 ações de bloqueio de criadouros e nebulização, e mais de 8 mil vistorias em pontos estratégicos. O canal para solicitações sobre mosquitos é o Portal de Atendimento da Prefeitura de São Paulo, o 156.

Estado não acompanha tendência de aumento.

Apesar do crescimento de casos registrado na capital, o estado teve queda nos índices de arboviroses. Segundo a nota da Secretaria Estadual de Saúde, de janeiro a março deste ano, foram registrados 24,9 mil casos de dengue e 11 óbitos. No mesmo período do ano passado, foram 43,2 mil casos e 16 óbitos.

Em relação à chikungunya, neste ano foram identificados 80 casos e nenhuma morte. No mesmo período do ano passado, já eram 5,7 mil casos e três mortes.

Ainda em nota, a Secretaria Estadual de Saúde reforça que as principais medidas de prevenção para o enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti são: deixar a caixa d’água bem fechada e realizar a limpeza regularmente, retirar dos quintais objetos que acumulam água, descartar pneus usados em postos de coleta da Prefeitura e eliminar pratos de vaso de planta, ou utilizar pratos mais bem ajustados ao vaso.

A Secretaria também ressalta que o trabalho de campo para combate ao mosquito compete primordialmente aos municípios.

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G1

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