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Novo Congresso americano toma posse com maioria democrata na Câmara

Os deputados e senadores americanos eleitos nas últimas "midterms", as eleições de meio de mandato, realizadas em novembro passado, tomam posse do cargo nesta

Novo Congresso americano toma posse com maioria democrata na Câmara
Novo Congresso americano toma posse com maioria democrata na Câmara

Redação Publicado em 03/01/2019, às 00h00 - Atualizado às 14h21


Os deputados e senadores americanos eleitos nas últimas “midterms”, as eleições de meio de mandato, realizadas em novembro passado, tomam posse do cargo nesta quinta-feira (3). Trata-se de um novo capítulo na política dos Estados Unidos, já que a posse do 116º Congresso americano marca a passagem da Câmara dos Representantes para mãos democratas — opositores ao presidente republicano Donald Trump.

Após dois anos governando com maioria em ambas as Casas, Trump agora terá de negociar com os democratas, que passam a ter 235 assentos na Câmara, contra 199 republicanos. Antes, eram 235 republicanos e 193 democratas.

Já no Senado, os republicanos avançaram e aumentaram sua maioria de 51 para 53 cadeiras do total de 100, sendo os outros 47 senadores democratas.

A nova Legislatura traz mudanças notáveis. Nunca houve tantas mulheres na Câmara baixa americana, nem tantos parlamentares procedentes de minorias, como hispânicos. Além disso, o novo Congresso marca a chegada de uma nova geração de políticos, mais distantes das elites e com origens sociais e raciais mais diversas do que na legislatura anterior.

Algumas das mulheres eleitas deputadas na Câmara dos Representantes dos EUA em foto de novembro: Angie Craig, Kim Schrier, Alexandria Ocasio-Cortez, Debbie Mucarsel-Powell, Abby Finkenauer, e Sharice Davids — Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP Photo

Algumas das mulheres eleitas deputadas na Câmara dos Representantes dos EUA em foto de novembro: Angie Craig, Kim Schrier, Alexandria Ocasio-Cortez, Debbie Mucarsel-Powell, Abby Finkenauer, e Sharice Davids — Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP Photo

Um dos exemplos é a democrata Alexandria Ocasio-Cortez, de origem porto-riquenha e nascida no Bronx. Com 29 anos, ela fez história ao se tornar a mulher mais jovem a ser eleita para o Congresso. Alexandria se define como socialista democrática.

“Tem muita gente que sabe que vamos pôr a mão na boca do lobo”, disse ela à imprensa em novembro. “Inclusive dentro do partido”, completou.

Nessa onda de mudança, também entraram na Câmara duas indígenas: Sharice Davids e Deb Haaland, que têm a defesa do meio ambiente como uma de suas prioridades.

Shutdown

A posse acontece em meio a uma dura queda de braço que mantém o governo federal em paralisação, chamada de “shutdown”, desde 22 de dezembro. O embate acontece porque Trump exige que os congressistas incluam no orçamento do próximo ano uma verba de US$ 5 bilhões para a construção de um muro na fronteira dos EUA com o México para barrar a imigração ilegal.

Os democratas se opuseram firmemente a essa iniciativa, que segundo eles não é uma resposta para um tema complexo como a imigração.

Presidente da Câmara

Após a posse do novo Congresso, a Câmara deverá eleger a democrata Nancy Pelosi, de 78 anos, como presidente da Casa. Ela precisa de uma maioria simples de 218 votos para ser nomeada, o que implica que o Partido Democrata pode se dar ao luxo de apenas 17 dissidências.

Pelosi já ocupou o posto entre 2007 e 2011, quando fez história, ao ser a primeira mulher nessa posição. E tornou mais difícil a vida do então presidente George W. Bush nos últimos anos de seu mandato.

Ao lado do vice-presidente Mike Pence, o presidente dos EUA, Donald Trump, reage contrariado durante conversa com a líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi, durante encontro na Casa Branca — Foto: AP Photo/Evan Vucci

Ao lado do vice-presidente Mike Pence, o presidente dos EUA, Donald Trump, reage contrariado durante conversa com a líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi, durante encontro na Casa Branca — Foto: AP Photo/Evan Vucci

Ainda nesta quinta, os deputados democratas pretendem fazer um primeiro desafio a Trump, aprovando imediatamente medidas orçamentárias temporárias para desbloquear as administrações paralisadas.

O problema é que essas leis não incluem os US$ 5 bilhões para o muro e Trump afirma que, sem esse dinheiro, não vai promulgar nenhuma medida.

Investigação

Com seu novo controle da Câmara, os democratas dirigirão comissões parlamentares com grandes poderes, entre eles o de iniciar investigações, ordenar o comparecimento de testemunhas e a apresentação de documentos.

Câmara dos Representantes dos EUA: como era e como fica — Foto: Arte/G1

Câmara dos Representantes dos EUA: como era e como fica — Foto: Arte/G1

Trump, que já se vê alvo da investigação do procurador especial Robert Mueller, será provavelmente objeto de várias indagações sobre as suspeitas de conluio entre Moscou e sua equipe na campanha eleitoral de 2016, que ameaçam afetar seus dois últimos anos de mandato.

Os democratas também têm previsto exigir do presidente republicano que apresente por fim suas declarações de renda.

Ameaça de impeachment

Especula-se que o domínio democrata da Câmara aumente a possibilidade de um processo de destituição do presidente (ou impeachment).

Nancy Pelosi descartou essa ideia até o momento e assegurou que quer aguardar as conclusões das investigações sobre o esquema russo. Mas não está claro se os parlamentares recém-eleitos em um campo anti-Trump e que se apresentam como a “resistência” terão tanta paciência.

Por enquanto, qualquer tentativa de destituir o 45° presidente dos Estados Unidos tem poucas chances de sair adiante. Embora os democratas possam votar sua denúncia na Câmara, o Senado é o encarregado de julgar o presidente, e são necessários os votos de dois terços de seus membros para destituir o chefe de Estado.

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