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Veterinária tira dúvidas sobre tratamento aprovado para leishmaniose em cães

Transmitida pela picada do mosquito-palha, a leishmaniose é uma doença extremamente perigosa tanto para os seres humanos quanto para os cães, com índice de

Veterinária tira dúvidas sobre tratamento aprovado para leishmaniose em cães
Veterinária tira dúvidas sobre tratamento aprovado para leishmaniose em cães

Redação Publicado em 24/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 10h17


Até então, os cães diagnosticados com a doença normalmente eram sacrificados. Apesar da existência do tratamento, a leishmaniose não tem cura.

Transmitida pela picada do mosquito-palha, a leishmaniose é uma doença extremamente perigosa tanto para os seres humanos quanto para os cães, com índice de mortes que chega a 90% dos animais não tratados, segundo dados do Ministério da Saúde. Além disso, a doença também afeta os humanos.

Para reduzir os casos em Marília (SP), a prefeitura fez uma força-tarefa de combate ao mosquito. Neste ano, foram 11 casos em humanos registrados até o momento, número superior aos 10 casos tratados ao longo de todo o ano de 2016.

Os parasitas presentes na picada do mosquito infectado atacam o organismo, mas nem sempre os sintomas se manifestam de imediato. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, entre os sintomas mais comuns nos animais estão desânimo, fraqueza e sonolência, perda de apetite e emagrecimento.

Além disso, os animais também podem apresentar feridas na pele, principalmente no focinho, orelhas, articulações e cauda, descamação da pele, crescimento anormal das unhas e perda de pelos. Em um estágio mais avançado, os animais com leishmanione visceral apresentam aumento abdominal, problemas oculares, secreções, diarreia, vômito e sangramento intestinal.

Por muito tempo, a única opção para os donos de pets diagnosticados com a doença era o procedimento de eutanásia. Contudo, um medicamento aprovado recentemente pelo Ministério da Agricultura promete melhorar a expectativa de vida dos animais, principalmente nos estágios iniciais.

Juntamente com um tratamento extensivo, o medicamento reduz significativamente a quantidade de parasitas e o cão deixa de ser transmissor da doença. De acordo com a médica veterinária Juliana Angerami, apesar do tratamento representar um avanço no controle da doença, o uso da medicação envolve também exames e outros remédios que deverão ser administrados de forma rotineira até o fim da vida do animal.

“O tratamento existente consegue evitar o avanço da leishmaniose, reduz a carga e até bloqueia a transmissão na maioria dos cães que são acompanhados, desde que diagnosticados nos estágios iniciais da doença. Começa com o medicamento de uso oral específico durante um mês e, em seguida, um coquetel. O tratamento ainda precisa ser repetido para manter a quantidade de parasitas em níveis baixos”, explica.

A veterinária orienta que a eficácia do medicamento depende também das condições de saúde do pet. “O diagnóstico exato não é simples e depende de vários exames laboratoriais específicos. Por isso, o tutor precisa avaliar se tem todas as condições para sustentar o tratamento desde o começo, pois a medicação não pode ser interrompida”, explica Angerami.

Para animais de médio porte, com até 20 quilos, o tratamento e os exames podem custar acima de R$ 1 mil. ” Atualmente, os cães fazem parte da família e, ao mesmo tempo que os animais têm dependência emocional conosco, nós também somos ligados a eles. Desta forma, é preciso ter todos os cuidados para que os animais tenham qualidade de vida”, completa a veterinária.

Prevenção

Além dos cuidados veterinários, os responsáveis pelos animais também precisam tomar precauções rotineiras, como colocar coleiras repelentes nos cães e manter os quintais limpos, sendo esta ainda a principal forma de diminuir a ocorrência do mosquito transmissor.

A Secretaria Municipal de Saúde orienta que os munícipes devem eliminar o lixo orgânico (restos de comida, folhas, frutos e restos de galhos) de forma adequada, evitar água parada, limpar constantemente os abrigos de animais, além de higienizar os bichinhos de estimação. Nos primeiros quatro meses deste ano, 366 animais foram eutanasiados pelo Centro de Controle de Zoonoses de Marília.

Maria Emilia Santiago é uma das tutoras que optaram pelo tratamento ao invés da eutanásia dos cães. Quatro animais dela foram diagnosticados com a leishmaniose e foram tratados. Eles acabaram morrendo devido às complicações da doença, mas ela acredita que todo o esforço foi válido.

“O animal é um membro da família, independentemente se vai dar certo ou não, a gente faz de tudo para amenizar a dor deles.”

Patrick é um dos cães de Maria Emília diagnosticado com leishamniose que passou por tratamento (Foto: Arquivo pessoal)

Patrick é um dos cães de Maria Emília diagnosticado com leishamniose que passou por tratamento (Foto: Arquivo pessoal)

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