O ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara dos Deputados Cândido Vaccarezza, que deixou o PT, foi preso nesta sexta-feira (18) em São Paulo. Ele é alvo da
Redação Publicado em 18/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 11h37
O ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara dos Deputados Cândido Vaccarezza, que deixou o PT, foi preso nesta sexta-feira (18) em São Paulo. Ele é alvo da Operação Abate, uma das duas novas fases da Operação Lava Jato deflagradas nesta manhã.
A prisão é temporária, válida por cinco dias. Ele deixou seu apartamento, na Mooca, Zona Leste de São Paulo, por volta das 10h. Acompanhado de agentes da PF, ele entrou em uma Pajero preta e deve seguir para Curitiba ainda nesta sexta. O G1 tenta contato com a defesa do ex-deputado, com PT e com as empresas citadas.
No total, foram cumpridas 46 ordens judiciais distribuídas em 29 mandados de busca e apreensão, 11 mandados de condução coercitiva e 6 mandados de prisão temporária – incluindo o de Vaccarezza – em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Dois ex-gerentes da Petrobras estão entre os alvos dos mandados de prisão temporária.
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que Vaccarezza usou a influência decorrente do cargo em favor da contratação da empresa Sargeant Marine pela Petrobras. No total, a empresa obteve 12 contrato entre 2010 e 2013 que somam US$ 180 milhões.
O ex-deputado, segundo o MPF, foi o principal beneficiário de US$ 500 mil em propina que eram destinados ao PT. Também foram beneficiados pelo pagamento de propina o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, que se tornou delator da Lava Jato.
O MPF aponta ainda que Vaccarezza pode ter recebido propina e repassado informações confidenciais da Petrobras à empresa Quimbra na comercialização de tolueno (uma substância obtida do petróleo).
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Cândido Elpídio de Souza Vaccarezza, 61 anos, foi duas vezes deputado estadual em São Paulo e outras duas deputado federal. Nos quatro mandatos era filiado ao PT. Em Brasília, foi líder do governo dos ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff. Ganhou fama de articulador hábil e ecumênico, com trânsito nas bancadas de partidos que tradicionalmente fazem oposição ao PT.
Vaccarezza ganhou espaço nas articulações do PT em Brasília a partir do vácuo provocado derrocada do ex-ministro José Dirceu, a partir do escândalo do mensalão, em 2005. O então deputado foi apontado como figura decisiva nas negociações que levaram o petista Arlindo Chinaglia (SP) à presidência da Câmara dos Deputados, em 2007.
Apesar da carreira política construída em São Paulo, Vaccarezza nasceu na Bahia. Natural de Senhor do Bonfim (BA), iniciou a militância política no movimento estudantil. Participou da União Nacional dos Estudantes (UNE) e concluiu o curso de medicina na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atuou nos primórdios do PT em seu estado e migrou para São Paulo, na década de 1980, para fazer a residência médica. Fixou a nova morada e, a partir dos anos 2000, conquistou seus mandatos eletivos.
Ex-secretário da Cultura Esportes e Lazer da cidade de Mauá (SP), chegou à Assembleia Legislativa como suplente. Em 2001, assumiu cadeira na Casa em razão de parlamentares petistas que ocuparam secretarias na gestão de Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo. Em 2002, Vaccarezza ganhou a vaga de titular nas urnas. Em 2006 e 2010 elegeu-se deputado federal. Tentou um terceiro mandato em 2014, mas não conseguiu a nova reeleição.
O fracasso nas urnas acelerou o distanciamento de Vaccarezza do PT e ampliou as críticas dirigidas pelo político ao governo de Dilma Rousseff. Ele deixou o partido em 2016, após 35 anos de militância. Na oportunidade, anunciou apoio ao candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno.
Disposto a reconquistar o mandato, Vaccarezza filiou-se ao PTdoB e assumiu o diretório estadual da legenda, que recentemente mudou de nome para Avante.
Também na manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal deflagrou outra operação ligada à Lava Jato. A outra fase, chamada de Sem Fronteiras, tem como foco irregularidades envolvendo executivos da Petrobras e grupo de armadores estrangeiros, que obtiveram informações privilegiadas para fechar contratos milionários com a empresa brasileira.
Segundo as investigações, Paulo Roberto Costa ajustou com o cônsul honorário da Grécia no Brasil, Konstantinos Kotronakis, um esquema de facilitação de contratação de navios gregos. O operador Henry Hoyer de Carvalho, que foi alvo da 13ª fase da Lava Jato, teria efetivado o esquema entre 2008 e 2010. Depois, quem assumiu o comando foi uma empresa de brokeragem constituída na Inglaterra e pertencente a Georgios Kotronakis, filho de Konstantinos.
O MPF afirma que os grupos Tsakos e Aegean, dos quais Konstantinos Kotronakis é, respectivamente, diretor e sócio-administrador, além das empresas Dynacom Tankers Management, Galbraiths e Dorian Hellas, com as quais o cônsul grego tinha vínculos indiretos, formalizaram contratos de afretamento com a Petrobras, entre os anos de 2009 a 2013, em valores que superam US$ 500 milhões.
De acordo com as investigações, ao menos 2% desses valores era destinado ao pagamento de propina a funcionários públicos, operadores financeiros e políticos. Costa já tinha afirmado ao MPF que recebeu US$ 530 mil em propina de Konstantinos Kotronakis.
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