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Médico suspeito de importunação sexual contra mulher durante consulta já foi denunciado por caso semelhante em 2015, em Goiânia

O médico suspeito do crime de importunação sexual contra uma paciente durante uma consulta, em uma unidade de saúde, na última segunda-feira (15), quando

Médico suspeito de importunação sexual contra mulher durante consulta já foi denunciado por caso semelhante em 2015, em Goiânia
Médico suspeito de importunação sexual contra mulher durante consulta já foi denunciado por caso semelhante em 2015, em Goiânia

Redação Publicado em 17/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 17h29


Há 3 anos, outra paciente relatou situação parecida e registrou ocorrência na delegacia. Da última vez, profissional, que nega acusações, chegou a ser preso, mas foi solto após pagar fiança.

O médico suspeito do crime de importunação sexual contra uma paciente durante uma consulta, em uma unidade de saúde, na última segunda-feira (15), quando chegou a ser preso, já havia sido denunciado por situação semelhante três anos antes. Em maio de 2015, uma mulher, hoje com 34 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o profissional. Os dois casos ocorreram no Cais do Bairro Goiá, em Goiânia.

A vítima, que prefere não se identificar, disse que foi até o local para mostrar resultados de exames de endoscopia e hemograma. Ao entregar os documentos, ela relatou dores no peito e nas costas, além de secreção no nariz e muito espirro.

Em seguida, ainda segundo a paciente, o médico a assustou, pois começou a agir de forma estranha.

“Ele trancou a porta do fundo onde as enfermeiras têm acesso e a da frente, onde os pacientes entram. Ele falou para eu me posicionar colocando as mãos na maca. Ele veio atrás de mim e começou a se esfregar seus órgãos no meu quadril, ele começou a esfregar o rosto no meu pescoço”, disse à TV Anhanguera.

G1 entrou em contato com o advogado Ladislau Gonçalves do Couto Neto, representante do médico, mas ainda não obteve retorno. As tentativas foram feitas nesta quarta-feira (17) por email, às 13h39, e por telefone, às 13h45.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia disse que abriu sindicância para investigação das denúncias contra o médico. “O médico já foi afastado das atividades”, afirmou.

Vítima ‘tensa’

No boletim, consta ainda que a mulher disse que percebeu que a situação estava “errada” e que, ao tirar as mãos da maca, o médico disse que ela estava “tensa”.

Logo depois, conforme a ocorrência, o médico percebeu que a vítima estava “apavorada” e pediu que ela se sentasse para começar a analisar os exames. Por fim, solicitou que ela retornasse depois de três meses.

A mulher contou ainda que, após a consulta, foi reclamar para a direção do Cais, mas foi informada que não seria possível fazer nada. Na nota enviada à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) não comentou sobre este caso em específico.

Na época, o caso foi registrado no 22º Distrito Policial de Goiânia como importunação ofensiva ao pudor, uma contravenção penal. A mulher disse que ela foi avisada que o caso seria apurado e, quando houvesse alguma novidade, ela seria avisada, o que nunca ocorreu.

G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, por mensagem, às 13h15, para saber se o caso teve alguma conclusão e aguarda retorno.

Último ocorrência contra o médico foi registrada na Deam, quando ele foi preso — Foto: Vanessa Martins/G1

Último ocorrência contra o médico foi registrada na Deam, quando ele foi preso — Foto: Vanessa Martins/G1

Outro caso

O outro caso foi registrado na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). Ele chegou a ser preso em flagrante, mas foi liberado no dia seguinte. A delegada que fez o flagrante, Laura de Castro Teixeira, disse que o atendimento transcorria de forma normal até que a mulher se sentiu constrangida com uma atitude do médico.

“Durante o exame, o médico fez perguntas normais sobre a enfermidade. Em determinado ponto, a vítima relatou que se inclinou e o médico teria tocado o órgão sexual nela”, disse ao G1.

A mulher contou que se levantou, interrompeu a consulta e saiu da sala. Ela declarou também que tentou ser atendida por outra profissional, mas não foi possível, ela e o marido, que o aguardava, chamaram a polícia.

Após ouvir os envolvidos, a delegada determinou a prisão do homem. “A gente sabe que o profissional da saúde tem toda uma metodologia a ser seguida, mas houve esse excesso, no meu ponto de vista, e houve contradição na declaração, em determinado momento, o que fez a gente se sentir mais segura para decretar essa prisão”, completou.

Em depoimento à Polícia Civil, o investigado negou as acusações.

Audiência

Após passar a noite na prisão, o médico passou por uma audiência de custódia, na qual foi liberado após pagar fiança no valor de R$ 5.724.

O caso está em segredo de Justiça, portanto, os nomes dos envolvidos não foram divulgados.

O advogado do médico disse à TV Anhanguera, na ocasião, que vai provar a inocência do seu cliente.

Novo crime

A importunação sexual tornou-se lei recentemente, no último dia 24 de setembro, quando o presidente em exercício na ocasião, Dias Toffoli, presidente da Supremo Tribunal Federal (STF) sancionou o texto.

A lei, que consta no Artigo 215-A do Código Penal, traz a seguinte descrição do crime: “Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”.

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