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Justiça de MG nega transferência para SP de policiais envolvidos em troca de tiros em Juiz de Fora

O juiz do Tribunal do Júri de Juiz de Fora, Paulo Tristão, negou a transferência para São Paulo dos quatro policiais civis paulistas presos por envolvimento

Justiça de MG nega transferência para SP de policiais envolvidos em troca de tiros em Juiz de Fora
Justiça de MG nega transferência para SP de policiais envolvidos em troca de tiros em Juiz de Fora

Redação Publicado em 30/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 13h48


Juiz Paulo Tristão também determinou sigilo nas investigações e prazo para conclusão do inquérito. Tiroteio entre policiais mineiros e paulistas resultou em duas mortes e cinco prisões.

O juiz do Tribunal do Júri de Juiz de Fora, Paulo Tristão, negou a transferência para São Paulo dos quatro policiais civis paulistas presos por envolvimento em um tiroteio em um estacionamento de um hospital na cidade mineira.

G1 e o MGTV tiveram acesso à decisão, com data de segunda-feira (29), em que o juiz também determinou sigilo do inquérito e aumento do prazo em mais 10 dias, improrrogáveis, para a conclusão das investigações na Corregedoria da Polícia Civil de Minas. Uma equipe do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também acompanha a apuração.

Na tarde de 19 de outubro, o policial civil de Juiz de Fora, Rodrigo Francisco, de 37 anos, morreu em uma troca de tiros. O empresário de São Paulo, Jerônimo da Silva Leal Júnior, de 42 anos, foi ferido na ocasião e morreu depois de seis dias internado.

Ferido por um disparo no pé, o empresário Antônio Vilela foi encaminhado ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) por estelionato tentado.

Em liberdade, três policiais mineiros respondem por prevaricação e outros cinco policiais de São Paulo seguem sob investigação.

Os policiais Alexandre e Caio, envolvidos na troca de tiros, estão presos em MG — Foto: Reprodução/Integração

Os policiais Alexandre e Caio, envolvidos na troca de tiros, estão presos em MG — Foto: Reprodução/Integração

Segundo a decisão desta segunda, o juiz negou o pedido da defesa e do Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), destacando que os dois delegados e os dois investigadores estão em presídio específico para agentes públicos no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem (MG), e ainda há procedimentos em andamento.

“(…) neste momento, suas presenças no local dos eventuais delitos são imprescindíveis para a apuração e conclusão das investigações, devendo estar à disposição deste juízo. Certo, também que o direito coletivo deve se sobrepor ao individual, e que as pretendidas transferências devem atender, neste momento, ao interesse social, representando pela conveniência da investigação”, destacou Tristão na decisão.

“Ressalte-se, ainda que os fatos são graves e de grande repercussão social, indiciando a prática de homicídios, lavagem de dinheiro, estelionato e prevaricação, como também sonegação fiscal, ou até mesmo organização criminosa, e seus acautelamentos neste Estado, como já ressaltado, são imprescindíveis”, ressaltou Paulo Tristão.

Os delegados Rodrigo e Bruno, envolvidos na troca de tiros, estão presos em MG — Foto: Reprodução/TV Integração

Os delegados Rodrigo e Bruno, envolvidos na troca de tiros, estão presos em MG — Foto: Reprodução/TV Integração

Histórico do caso

Na sexta-feira (19), um tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo deixou o policial Rodrigo Francisco, de 37 anos, morto no estacionamento do Hospital Monte Sinai, no Bairro Dom Bosco. No local do crime, também estavam empresários e um doleiro. O dono de uma empresa de segurança de 42 anos ferido morreu após uma semana internado em Juiz de Fora.

Ao todo, quatro policiais foram presos por lavagem de dinheiro; um idoso, de 66, após ter alta foi preso por estelionato tentado. Mais de R$ 14 milhões – a maioria em notas falsas – foram apreendidos, junto com 16 armas, cartuchos, carros, distintivos, 16 celulares, um colete contra arma de fogo de uso restrito, um cartão bancário e uma carteira de habilitação.

Segundo Policia Civil, os cerca de R$ 14 milhões, a maioria em notas falsas, pertence a um idoso preso no Ceresp em Juiz de Fora — Foto: Augusto Medeiros/G1

Segundo Policia Civil, os cerca de R$ 14 milhões, a maioria em notas falsas, pertence a um idoso preso no Ceresp em Juiz de Fora — Foto: Augusto Medeiros/G1

Outros cinco policiais civis paulistas, que também estavam em Juiz de Fora, foram ouvidos e liberados. No entanto, eles foram afastados das funções no dia 26 de outubro. Os agentes de Minas não foram presos, mas vão responder por prevaricação, que é quando o funcionário público deixa de praticar o seu dever.

Os depoimentos do empresário de São Paulo, que veio sob escolta dos policiais civis, e do idoso apontado como doleiro apresentaram divergências.

A Secretaria da Segurança Pública de SP disse que aguarda a apuração do caso e que, se comprovados os desvios de conduta, os policiais envolvidos responderão administrativa e criminalmente, de acordo com os atos praticado por cada um.

Empresários Flávio de Souza Guimarães e Antônio Vilela divergiram sobre ocorrência em Juiz de Fora — Foto: TV Integração/Reprodução

Empresários Flávio de Souza Guimarães e Antônio Vilela divergiram sobre ocorrência em Juiz de Fora — Foto: TV Integração/Reprodução

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