Quatro jazigos do Cemitério da Vila Pires, em Santo André, ABC Paulista, foram destruídos pela a enchente que atingiu a região na sexta-feira (23). Outros oitos estão em área de risco e estão sob atenção de técnicos da Defesa Civil Municipal. Três pessoas morreram em São Bernardo do Campo, município vizinho, durante o alagamento em duas regiões da cidade.
A administração do cemitério conversou com representantes das quatro famílias atingidas. Elas devem receber um novo espaço no próprio cemitério para onde serão realocados os restos mortais dos parentes (veja íntegra da nota abaixo).
Segundo relatos de moradores do entorno do cemitério, a queda de cerca de 50 metros do muro assustou quem estava em casa esperando a chuva passar.
“Estremeceu o chão, o quarto. A gente estava dentro de casa e eu gritei para meu irmão para saber o que estava acontecendo. A gente saiu e viu o muro todo no chão, aquela terra toda e os túmulos expostos”, disse Celina Conceição, que mora na Rua Jurubatuba, na Vila Pires, bem em frente ao local da queda do muro.
Celina contou ao G1 que mora no local há dois e já pensa em se mudar. “Já bateu um arrependimento. Eu morava perto daqui, mas escolhi essa casa por causa do quintal, do espaço, mas Deus me livre falar, mas eu não tenho medo de cemitério, eu só não queria morar na frente de um mesmo.”
O morador Paulo César Falchi disse que falta manutenção no muro do cemitério. “É um descaso da prefeitura, é ela que deve fazer a manutenção do muro. Hoje [segunda-feira (26)] não tinha ninguém aqui trabalhando. Só colocaram o tapume, as lonas para proteger, mas ainda há risco de desabamento.”
Em nota, a Prefeitura informou que “iniciou, na manhã deste sábado, a reconstrução do muro do cemitério”. Segundo o Executivo local, “em conjunto com a Defesa Civil da cidade, homens do setor de Manutenção e Serviços Urbanos realizam a limpeza da rua e a fortificação do restante do muro que ainda continua em pé”.
Segundo ele, apenas o que sobrou de uma árvore que estava na calçada e um poste de energia elétrica que segura a outra parte do muro que ainda não caiu.
“Tem risco aqui ainda, se não fosse o que sobrou daquela árvore e aquele poste de luz para segurar o muro ele já tinha caído também. O muro está todo rachado, está perigoso.”
Maria Ramalho de Andrade mora ao lado do cemitério há pelo menos 40 anos e disse que nunca viu uma chuva tão forte afetar a região.
“A gente já tinha reclamado para a prefeitura fazer a manutenção do muro, mas ninguém nos ouviu. A chuva foi caindo cada vez mais forte, teve o vento também e foi um barulho muito grande quando o muro caiu.”
Segundo ela, a preocupação dos moradores era com a possibilidade de algum pedestre estar andando na calçada atingida. “Ficamos com receio de que alguém pudesse ter sido atingido, mas felizmente isso não aconteceu. Tomamos um susto muito grande”, disse ela.
Veja íntegra da nota da prefeitura de Santo André:
“Prefeitura de Santo André iniciou, na manhã deste sábado, a reconstrução do muro do cemitério Cristo Redentor, na Vila Pires, que cedeu devido às fortes chuvas que castigaram a região na tarde de ontem.
Em conjunto com a Defesa Civil da cidade, homens do setor de Manutenção e Serviços Urbanos realizam a limpeza da rua e a fortificação do restante do muro que ainda continua em pé.
Moradores do entorno relatam susto após a queda do muro e reclamam bastante do cheiro exalado por algumas covas que ficaram abertas. Segundo a vizinhança do cemitério, foi possível ver restos mortais sendo arrastados pela água da enxurrada.
Por motivos de segurança, houve desligamento da energia elétrica e o acesso ao cemitério está restrito às equipes da Defesa Civil, como informou a Prefeitura de Santo André por meio de nota.”