Agentes funerários da cidade de São Paulo relataram filas de corpos de vítimas da Covid-19 para remoções até velórios e cemitérios desde quinta-feira (11),
Redação Publicado em 13/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h17
Agentes funerários da cidade de São Paulo relataram filas de corpos de vítimas da Covid-19 para remoções até velórios e cemitérios desde quinta-feira (11), quando uma empresa terceirizada assumiu o controle da logística dos traslados. Segundo eles, a falta de expertise da nova equipe terceirizada pela Prefeitura atrasa o trabalho em um momento de alta demanda pelo aumento do número de óbitos na pandemia. Nesta sexta-feira (12), São Paulo bateu recorde de registro de mortes, 521.
As equipes são responsáveis por levar o corpo dos hospitais e IMLs, por exemplo, para os cemitérios.
“Na Vila Formosa, um sepultamento deveria acontecer às 9h45, mas o corpo chegou na parte da tarde. Atrasou bastante”, disse um servidor público que preferiu não se identificar. O relato de outro funcionário foi similar: “Hoje [sexta-feira, 12] continua a mesma coisa. Estou com uma família aqui, que segue com o corpo, mesmo após 4 horas do horário marcado para a remoção. A gente liga lá e não consegue falar”.
No mês passado, a Prefeitura de São Paulo renovou um contrato, em regime emergencial, com a empresa FVB para o transporte de corpos.
O contrato amplia os serviços prestados pela empresa em 2020, quando ela apenas fornecia os veículos. Segundo motoristas, sepultadores e cremadores, desde quinta-feira a FVB também assumiu o controle da mesa de tráfego dos veículos, um trabalho que exige experiência, de acordo com os servidores.
“Estão sem programação alguma. O carro que faz a Zona Leste, também jogam para a Zona Sul e depois para a Zona Norte. Está essa bagunça, um tumulto. Estão aprendendo, mas sentimento de família não dá pra esperar”, disse um servidor, acrescentando que houve casos em que dois carros foram a um mesmo endereço retirar o mesmo corpo por falta de organização no serviço.
O trabalho na mesa de tráfego acontece da seguinte forma – a família leva a certidão de óbito do médico até uma das 12 agências do serviço público funerário, contrata o pacote que inclui o caixão, as flores, o velório e a remoção do corpo. A mesa de tráfego cuida da remoção, programando os carros para o deslocamento do corpo até o velório ou cemitério.
Quem realizava o serviço até quinta-feira, de acordo com Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), eram funcionários públicos com mais de 10 anos de experiência.
Para o Sindsep, o contrato emergencial com a FVB indica na verdade a dinâmica que a gestão Bruno Covas (PSDB) deseja implementar definitivamente no serviço funerário.
Em julho, o prefeito sancionou uma lei que prevê uma reforma administrativa, com a extinção de órgãos municipais, como o Serviço Funerário. Em coletiva de imprensa à época, ele afirmou que o objetivo não era “deixar de prestar nenhum serviço”, mas “enxugar a máquina pública”.
O Sindsep acredita que a gestão municipal quer privatizar os serviços e diz já recebeu mais de 100 relatos de transferências de servidores das áreas de traslado de corpos, estoque, distribuição de caixões, flores, e oficinas.
“Está uma confusão generalizada no transporte e na remoção dos corpos. O serviço funerário, em meio à pandemia, no pico de mortes, resolve fazer essa mudança de forma irresponsável, tirando trabalhadores com experiência de 20 anos nesse controle, de uma hora para outra”, disse ao G1 João Batista Gomes, porta-voz do Sindsep.
A reportagem perguntou à Prefeitura de São Paulo o motivo para a mudança no serviço em meio à pandemia e aguarda retorno.
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Fonte: G1 – Globo.
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