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COLUNA

A sua Árvore de Natal profissional

Árvore de Natal profissional. - Imagem: Freepik
Árvore de Natal profissional. - Imagem: Freepik

por Danilo Talanskas

Publicado em 22/12/2022, às 07h59


Em meio aos muitos presentes que você dará e receberá neste Natal, há um tipo especial de pacote que poderá ser colocado em uma árvore de Natal, também muito diferenciada. Lá, você não precisará determinar o destinatário, pois o presente irá diretamente para a pessoa ou pessoas nas quais você estiver pensando.

Trata-se de uma dessas “magias” dessa época tão especial. Quem receber o pacote, poderá eventualmente saber que foi você quem mandou, mas pode ser tão divertido, que você passará a ser o “amigo secreto permanente”.

Último detalhe: a árvore estará em seu local de trabalho, mas só você poderá vê-la, talvez o ano que vem inteiro! Vamos aos “pacotes”. Você pode colocar apenas um deles, ou vários, desde que cumpra muito bem a intenção de dá-los. É isso que realmente fará com que o presente chegue ao seu destino...sem taxas de entrega! Você verá aqui a sugestão de cinco presentes, mas poderá criar outros diferentes.

1 - O compromisso de ser um bom ouvinte. Este é um dos maiores obstáculos na boa comunicação pessoal no ambiente corporativo: a dificuldade em saber ouvir. Trata-se de algo muito básico, pois um bom resultado é obtido seguindo duas regras muito simples: não interromper quem está falando e passar para o interlocutor a certeza de que este tem a sua atenção total.

Ainda tenho desafios no primeiro aspecto e minha esposa, como boa psicóloga, sempre me diz: "Danilo, enquanto o outro fala, não diga nada. Respire fundo. Quando ele terminar, conte três segundos, e aí então comece a falar".  Não é fácil, mas é um bom conselho!

Muitos de nós temos o hábito de contra-argumentar quando a outra pessoa nem terminou de falar. Este comportamento manda a mensagem de que, não importa o que ela diga, você já tem a sua opinião. Entramos então em um “debate de surdos” e dificilmente chega-se a uma conclusão amigável e consensual. Em uma época de muitas reuniões virtuais, este problema tem o seu efeito multiplicado, pois parece que você tem ainda menos paciência com a tela do que com alguém à sua frente.

Sempre tive que fazer um grande esforço em minha capacidade de concentração, quando alguém entrava em minha sala para conversar, ou para uma reunião marcada. Focar em deixar tudo de lado, silenciar o computadorpara que os avisos de novos e-mails não me trouxessem ansiedade. Fazer o mesmo com o meu celular, colocar ambas as mãos na mesa (para não ficar mexendo em outras coisas), e não raro, entrelaçar as mãos para não ficar tamborilando com os dedos. Para muitos, este exercício é fácil e feito sem esforço, mas não era o meu caso.

Os resultados foram sempre muito compensadores.

Saber ouvir faz parte das tão conhecidas regras de etiqueta corporativa, mas muito facilmente esquecidas no calor das emoções ou em meio a distrações. Se você tiver desafios nesta área, este presente será grandemente reconhecido!

2) A intenção de não levar tudo tão à sério. Nenhum trabalho é fácil e todos têm desafios, mas ainda assim temos a oportunidade de fazer com que o dia a dia seja divertido e prazeroso. É muito fácil o bom humor, quando tudo está bem. O difícil é mantê-lo em meio a crises ou momentos de alta pressão. Para muitos estes ambientes são uma constância.

A carga torna-se mais leve, quando as pessoas têm a oportunidade de sorrir mais, sentirem-se mais soltas e se “quebrar o gelo” da formalidade.

Lembro-me de uma reunião em uma sala pequena. De um lado da mesa estava uma pessoa e eu, o gestor da companhia. Do outro, três funcionários na frente, apoiados na mesa e mais três atrás destes. Fazíamos a revisão de resultados de um dos negócios.

Um dos que estavam na frente, tinha a mania de tirar os sapatos e um dos calçados veio mais para o meu lado. Sem que ele percebesse, empurrei-o com o pé para o indivíduo que estava ao meu lado. Este, entendendo a intenção, escondeu-o debaixo de sua cadeira.

Foi muito divertido observar o sujeito do sapato. No início, não notou nada. De repente, olhou disfarçadamente em volta de sua cadeira e tentou olhar debaixo da mesa, enquanto eu dirigia as perguntas diretamente para ele. Ficou tão vermelho, que parecia uma lâmpada e gaguejava nas respostas, até que o colega ao meu lado, sem mais conter a explosãodo riso, levantou o sapato.

Inesquecível! Breves momentos como este, dentro do perfil da personalidade de cada um, fazem milagres.

3) A firme decisão de criticar menos e ser parte da solução. É muito difícil nos contermos quando estamos convictos de que temos a razão. Mais difícil ainda, quando a solução depende de outros, aí então, somos mais criativos ainda!

Durante minha carreira me deram alguns conselhos difíceis e, ao mesmo tempo, muito conhecidos. Por exemplo, "Se você notar que vai criticar alguém, fique com a boca fechada!". Infelizmente, algumas pessoas que decidirem fazer isto, ficarão sem assunto!

Outra boa prática que aprendi foi a de, ao ouvir um "comentário" sobre outra pessoa, "fechar o registro" e pelo menos, se depender de minha pessoa, não faço parte do condutor de "águas poluídas". Aquilo acaba em mim.

Este é um presente que fará uma grande diferença no seu ambiente.

4) Se tiver um “inimigo”, iniciar o processo do "acordo de paz". Em algum ponto de nossas carreiras, temos desacordos com alguém a nível profissional, os quais podem ter as mais diversas origens.

Pode se tratar de um par de outro departamento, uma pessoa de seu time de quem vem sempre uma resposta “atravessada". É incrível o número de colegas de trabalho que não se dão bem, simplesmente por uma "antipatia mútua". As coisas ficam mais complicadas quando o chefe é o "inimigo" e vemos ainda, infelizmente, muitos casos em que clientes difíceis e exigentes são vistos como tal.

Não pense você, que por estar escrevendo este artigo, estive livre desta armadilha! Alguns "insights" sempre me ajudaram muito. Primeiro, o velho adágio de que "quando um não quer, dois não brigam". Tão fácil de ensinar para as crianças, mas extremamente difícil de segui-lo quando somos adultos.

Um fator importantíssimo é separar a pessoa do problema. Costumamos "embaralhar tudo" e arruinamos o relacionamento. Levamos para o pessoal e no final, estamos ofendendo ou sendo ofendidos, sem focar no problema.

Por fim, uma simples frase que aprendi de um chefe: "Não corra DO problema. Corra PARA o problema". A solução da causa raiz pode eliminar muitos "inimigos".

Este presente poderá causar fortes impactos, principalmente se você mantiver viva a imagem e o espírito da Árvore de Natal, que só você verá. O trabalho em equipe, com as arestas aparadas, é o primeiro passo para se atingir os objetivos comuns propostos.

5- Primar pela Pontualidade - Conheci muitas pessoas com grandes talentos, nas mais variadas posições, inclusive como CEO´s, mas que eram "atrasados inveterados" e simplesmente não conseguiam ser pontuais.

Alguns sabem bem o que fazem e não querem. Outros, segundo o meu entendimento, têm uma dificuldade enorme de calcular o tempo para as coisas mais simples como acordar, tomar um banho, desjejum, tempo de trânsito etc. O mesmo acontece para outras reuniões ou compromissos de trabalho. Quando um líder tem este hábito, a falta de disciplina permeia toda a organização.

Tive duas grandes lições a esse respeito em minha vida. A primeira veio de meu avô, o qual nunca conheci. Imigrou da Lituânia com a família de oito filhos, sendo que a minha mãe era a caçula, ainda criança. Trabalhador muito dedicado, dizia. “Nunca diga bom dia a ninguém. Seja sempre o primeiro a chegar e os outros então darão um bom dia para você...aí então você responde, e cumprimenta!”. Um ensinamento e um exemplo que carrego desde a minha infância.

A segunda experiência foi no meu primeiro dia na GE, durante a gestão de Jack Welch como o CEO. Meu novo chefe olhou-me nos olhos com seriedade e disse: "Danilo, nessa companhia um prazo dado, é um prazo dado. Ponto final!”. Ele utilizou a palavra “deadline”, que tem maior força de expressão no inglês, e a mensagem foi muito clara.

Ninguém podia falhar com a data de um evento ou entrega, fosse para um projeto, uma tarefa, uma ação com um cliente, estudos para pares ou superiores e compromissos com subordinados. O princípio da pontualidade começava nas reuniões e se impregnava na cultura da companhia. O reflexo em eficiência e produtividade era fenomenal!

Este é um ponto que fala muito a respeito de sua pessoa, automaticamente refletindo nos seus pares e influenciando diretamente a sua equipe. Um ótimo presente a ser oferecido.

Com estes presentes que colocar em sua Árvore de Natal profissional, você terá um grande efeito, também parte da atmosfera e da “magia” desta época... os maiores frutos serão colhidos por você mesmo!

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