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Prefeitura de SP estima que casos leves de Covid são recorde desde o início da pandemia

Uma estimativa da Prefeitura de São Paulo divulgada nesta quinta-feira (6) aponta que o número de casos de síndrome gripal com confirmação laboratorial para

Prefeitura de SP estima que casos leves de Covid são recorde desde o início da pandemia
Prefeitura de SP estima que casos leves de Covid são recorde desde o início da pandemia

Redação Publicado em 07/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h15


Uma estimativa da Prefeitura de São Paulo divulgada nesta quinta-feira (6) aponta que o número de casos de síndrome gripal com confirmação laboratorial para Covid-19, ou seja, de pacientes com sintomas leves de coronavírus na cidade, pode ser atualmente o dobro do registrado no pico da pandemia de coronavírus, em abril de 2021, recorde até então.

O levantamento faz parte do estudo que baseou a decisão da gestão municipal de cancelar o carnaval de rua na cidade neste ano.

Os dados, no entanto, não correspondem a todos casos confirmados de Covid-19 porque levam em consideração apenas os pacientes com sintomas gripais leves, e excluem os internados. Atualmente, as informações sobre o conjunto de casos confirmados de Covid-19, leves ou graves, estão prejudicadas pelo apagão de dados nos sistemas do Ministério da Saúde.

Apesar disso, o coordenador da Coordenaria de Vigilância em Saúde (Covisa) da capital, Luiz Arthur Vieira Caldeira, disse que a prefeitura faz uma estimativa sobre o atraso dos registros das últimas quatro semanas para calcular quantos casos leves de síndrome gripal a cidade tem atualmente.

A Covid leve, ou síndrome gripal, é caracterizada pela pessoa com quadro respiratório agudo, com pelo menos dois dos seguintes sinais e sintomas: febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou degustativos e que não fica internada. Síndrome respiratória aguda grave é quando a pessoa com esses ou mais sintomas é internada.

Casos de Covid confirmados por exame laboratorial no município de São Paulo e projeção do número real considerando atraso nas notificações  — Foto: Secretaria Municipal de Saúde de SP

Casos de Covid confirmados por exame laboratorial no município de São Paulo e projeção do número real considerando atraso nas notificações — Foto: Secretaria Municipal de Saúde de SP

A administração municipal não publicou os dados completos dos estudos, apenas uma apresentação de slides com os gráficos. Também não é possível saber se os dados represados durante o período do apagão já foram totalmente inseridos nos sistemas.

Para o pesquisador da USP Paulo Inácio Prado, membro do Observatório Covid-19 BR, o valor exato de casos leves, e se eles de fato já passaram o pico de 2021, ainda é incerto. Mas a tendência de crescimento acelerado de casos “está muito clara, confirmada por diferentes fontes de dados e análises”.

“Em geral há bastante incerteza nos pontos finais da previsão. É normal isso, porque o dado dos últimos dias é menos completo, portanto temos mais incerteza sobre quantos casos de fato aconteceram e ainda não entraram na base de dados”, disse Prado.

“Mas está muito clara a tendência de crescimento acelerado, e foi muito importante que a prefeitura tenha dado este alerta”, explicou Paulo Inácio Prado, do Observatório Covid-19 BR.

Embora as internações por Covid-19 também tenham aumentado no estado, com um crescimento de 100% em 23 dias, como já mostrou reportagem do g1, a prefeitura da capital estima que apenas os casos leves da doença devem superar os números registrados no pico da doença.

Ao apresentar as projeções da Covid-19 na capital, a prefeitura também mostrou gráficos que mostram todos os casos de pacientes com síndrome gripal, seja Covid, seja gripe.

“Neste momento já podemos estar com praticamente o dobro do número de casos [de síndrome gripal] que nós tivemos no pico da pandemia, provocados pela P1 em março ou abril de 2021. Síndrome gripal, no total, incluindo Covid”, disse Caldeira.

Casos de Síndrome Gripal na cidade de São Paulo pela data do início dos sintomas  — Foto: Secretaria Municipal de Saúde de SP

Casos de Síndrome Gripal na cidade de São Paulo pela data do início dos sintomas — Foto: Secretaria Municipal de Saúde de SP

De acordo com Caldeira, o aumento de casos na capital corresponde ao verificado em outros países afetados pela variante ômicron do coronavírus, que é mais contagiosa.

“É uma disseminação extraordinária, uma explosão de disseminação na população. Por isso estamos observando as unidades de pronto atendimento lotadas, mas de casos leves. No entanto, a quantidade de pessoas que atinge ao mesmo tempo é mais que o dobro do que vimos na P1. Em que pese as pessoas estarem mais protegidas, mas muito mais contaminados nesse momento”, disse o representante da prefeitura.

Em entrevista à GloboNews na noite desta quinta (5), o secretário da Saúde da capital, Edson Aparecido, disse que a ômicron já representa 58% dos casos sequenciados na capital.

“Quando surgiu a ômicron na cidade de São Paulo, no dia 5 de dezembro, os testes sequenciados nos davam conta de 5% de ômicron. Na semana epidemiológica seguinte isso saltou para 37% dos casos. Ontem nos casos preliminares já atingiu 58%”, disse Aparecido.

“A delta levou nove semanas para ser a variante prevalente na cidade. A ômicron, em menos de três semanas, e ainda com os dados atrasados, em menos de três semanas já representa 60%. Estamos na subida de casos de ômicron. Janeiro e fevereiro serão meses que a gente vai enfrentar, sem dúvida nenhuma, uma onda muito grande com a nova variante”, completou.

Em nota, a prefeitura declarou que “realiza o monitoramento e a vigilância de acordo com os dados disponíveis em banco de notificações do governo federal” e que “os gráficos apresentados nesta quinta-feira (6), seguem o padrão de atraso de notificação de rotina e não leva em consideração os ataques sofridos pelo banco de dados do Ministério da Saúde.”

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G1

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