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Surto

OMS declara emergência global para varíola dos macacos

Organização diz que risco global da doença ainda é moderado, exceto na Europa

Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS em coletiva de imprensa - Imagem: reprodução Twitter @WHO
Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS em coletiva de imprensa - Imagem: reprodução Twitter @WHO

Mateus Omena Publicado em 23/07/2022, às 12h45


A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, neste sábado (23), que a doença varíola dos macacos agora é considerada uma emergência de saúde pública global.

A decisão foi tomada depois de semanas de indefinição por parte dos especialistas, enquanto a doença era identificada em muitos países, apresentando potencial risco de contaminação.

A OMS solicita uma resposta rápida dos governos para intensificar as ações de monitoramento. Para a organização, a nova crise, que surge após o pico da covid-19, só será resolvida por meio de uma ação coletiva.

“Acreditamos que isso pode mobilizar o mundo a agir em conjunto. Precisamos de coordenação e solidariedade para que sejamos capazes de controlar a varíola dos macacos”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em uma coletiva de imprensa em Genebra.

“Com as ferramentas que temos agora, nós podemos controlar esse surto e parar a transmissão”, acrescentou.

A avaliação da OMS é que o risco de varíola é moderado globalmente e em todas as regiões, exceto na região europeia, onde avaliamos o risco como alto.


Como a varíola dos macacos foi classificada como emergência global?

De acordo com Tedros Adhanom, existem cinco elementos para a tomada de decisão se um surto constitui uma emergência global.

“Primeiro, as informações fornecidas pelos países – que neste caso mostram que esse vírus [varíola dos macacos] se espalhou rapidamente para muitos países que não o viram antes”, disse o diretor da OMS.

Em segundo lugar, Tedros pontua que foram atendidos os critérios do Regulamento Sanitário Internacional, uma norma jurídica que a OMS segue.

Em terceiro lugar, é levada em consideração a opinião do Conselho do Comitê de Emergência, que, neste caso da varíola dos macacos, não chegou em consenso.

“Quarto: princípios científicos, evidências e outras informações relevantes, que atualmente são insuficientes e nos deixam com muitas incógnitas”, afirmou Tedros.

“Quinto: o risco para a saúde humana, disseminação internacional e o potencial de interferência no tráfego internacional”, acrescentou o diretor-geral da OMS.

“Então, resumindo, temos um surto que se espalhou pelo mundo rapidamente, através de novos modos de transmissão, sobre os quais entendemos muito pouco e atende aos critérios do Regulamento Sanitário Internacional”, concluiu.

Infecções

Mais de 16 mil casos já foram relatados em 75 países, com cinco mortes, informou a OMS.

No Brasil, o Ministério da Saúde contabilizou, até a quinta-feira (21), 592 casos confirmados da doença. O país está no ranking das 10 nações com maior número de casos.

Depois do anúncio da entidade global, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que vai se reunir com técnicos neste sábado (23) para debater o assunto.

Em junho, havia 3.040 casos relatados em 47 países. Desde então, o surto continuou a crescer, e agora há mais de 16 mil casos relatados de 75 países, além de cinco mortes, declarou Tedros Adhanom.

Há expectativa de que a decisão deste sábado possa levar os governos a um maior investimento no tratamento da doença e esforços para a aquisição de vacinas, que estão em falta.

A doença

Os sintomas iniciais da varíola dos macacos são:

  • febre
  • dor de cabeça
  • dores musculares
  • dor nas costas
  • gânglios (linfonodos) inchados
  • calafrios
  • exaustão

Depois que o paciente apresenta febre, ele começa a desenvolver erupção cutânea em até dias. As manchas nascem no rosto e se espalham para outras partes do corpo.

As lesões passam por cinco estágios antes de cair, segundo estudo do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês). A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas.

Para evitar o contágio pela varíola dos macacos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda o uso de máscaras, o distanciamento e a higienização das mãos. Essas mesmas regras também valem para proteger contra a Covid-19.
"Tais medidas não farmacológicas, como o distanciamento físico sempre que possível, o uso de máscaras de proteção e a higienização frequente das mãos, têm o condão de proteger o indivíduo e a coletividade não apenas contra a Covid-19, mas também contra outras doenças", disse a agência.

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