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Coveiros do Alto Tietê reivindicam imunização contra a Covid-19

Os coveiros do Alto Tietê pedem para ser vacinados. Eles temem o risco de infecção da Covid-19 e dizem que as autoridades ainda não perceberam que também

Coveiros do Alto Tietê reivindicam imunização contra a Covid-19
Coveiros do Alto Tietê reivindicam imunização contra a Covid-19

Redação Publicado em 27/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h40


Os coveiros do Alto Tietê pedem para ser vacinados. Eles temem o risco de infecção da Covid-19 e dizem que as autoridades ainda não perceberam que também estão na linha de frente. O trabalho desses funcionários, muitas vezes, fica esquecido atrás dos muros dos cemitérios, mas é de alto risco. Eles estão em contato próximo todos os dias com os corpos das vítimas da doença e muitos, ainda por cima, são idosos.

Onildo Miranda Cardoso é coveiro no Cemitério São Salvador em Mogi das Cruzes. O local está fechado para visita, mas lá dentro muitos trabalhadores continuam prestando o serviço.

Cardoso é coveiro há 16 anos e aprendeu a conviver com os desafios da profissão. Ele conta que no começo da pandemia, o medo da infecção fez ele até morar sozinho, longe da família.

Hoje com mais informação sobre a doença, o medo até diminuiu, mas mesmo assim sabe dos perigos e está na expectativa para a vacina. Ele acha uma injustiça profissionais como ele não terem recebido até agora. “Nesse momento agora já tive muito mais medo. Nesse momento eu acho que os cuidados dá para se manter. Se você se previne dá para se manter distante dessa doença”, acredita o coveiro.

Ele é proprietário de um cemitério particular em Suzano. Oliveira afirma que dos doze funcionários apenas um conseguiu ser vacinado na cidade, mesmo trabalhando na linha de frente e estar em uma profissão considerada essencial. “Nós tivemos um coveiro que nós mandamos no Max Feffer para vacinar e ele foi vacinado em fevereiro. Só que nós mandamos os outros e a Prefeitura disse que não poderia vacinar. Simplesmente não vacinou. Mesmo com uma portaria do Ministério da Saúde que nós estaríamos na linha de frente e teríamos direito para isso. Apenas nossos agentes funerários foram todos vacinados”, afirma o empresário.

Quem está diariamente frente a frente com o vírus sem a vacina, sente medo e pede mais atenção das autoridades. “Preocupação nossa é muito grande e a contaminação acaba levando para as nossas famílias, para nossa casa. Então, a gente gostaria o mais breve possível de ser vacinado para diminuir a nossa preocupação e o risco de contaminação”, conta o coveiro Webster Rodrigues.

No cemitério particular de Suzano, só no mês de março foram 261 sepultamentos, 108 a mais que no mês anterior. O mês de abril ainda nem terminou e já foram 175 enterros, sendo 96 vitimas da Covid.

Com esse crescimento no número de óbitos, o medo da infecção só aumenta. O que anda diminuindo mesmo são os itens para fazer a cerimônia de despedida. “Este mês nós devemos fechar no entorno de 240 a 250 sepultamentos. Quando em 2019 no mesmo mês era na faixa de 80. Fora que falta tudo. Falta caixão, falta flores, falta tudo. Simplesmente falta tudo. É uma loucura”, aponta o empresário João Lopes de Oliveira.

A Prefeitura de Mogi das Cruzes informou que os coveiros estão no grupo dos trabalhadores de saúde e que pediu novas doses para o governo do Estado porque várias categorias dentro da saúde não foram vacinadas. Além disso, a Prefeitura vem estudando alternativas, inclusive em conjunto com os órgãos de controle.

Já o governo estadual informou que disponibiliza a vacina contra a Covid-19 para profissionais da área funerária e que agentes funerários, sepultadores e operadores de crematórios integram o público prioritário do plano estadual de imunização e têm o direito de receber a vacina na rede pública de saúde.

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G1

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