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Voltando em paz

Presidente Lula recebe repatriados de Gaza em Brasília

O grupo de 32 pessoas repatriadas da Faixa de Gaza chegaram segunda-feira (13). Lula os recebeu na Base Aérea de Brasília

O grupo de 32 pessoas repatriadas da Faixa de Gaza chegaram segunda-feira (13). Lula os recebeu na Base Aérea de Brasília - Imagem: Reprodução/Instagram @lulaoficial
O grupo de 32 pessoas repatriadas da Faixa de Gaza chegaram segunda-feira (13). Lula os recebeu na Base Aérea de Brasília - Imagem: Reprodução/Instagram @lulaoficial

Ana Rodrigues Publicado em 14/11/2023, às 12h50


A aeronave VC2 da Presidência da República tocou o solo na Base Aérea de Brasília às 23h24 desta segunda-feira (13), com o grupo de 32 pessoas repatriadas da Faixa de Gaza, no Oriente Médio, cheio de abraços, reencontros, agradecimentos e esperança. São 17 crianças, nove mulheres e seis homens: 22 brasileiros e dez palestinos familiares dos brasileiros trazidos no décimo resgate da Operação Voltando em Paz.

Segundo o gov.br, todos foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por uma comitiva de ministros e de integrantes do comitê de acolhimento do Governo Federal.

Hoje é um dia de alegria para o Brasil. A chegada desse décimo avião é o coroamento de um trabalho muito sério que a gente deve a muita gente", disse o presidente, em referência a diplomatas, ministros, Força Aérea e a toda uma articulação para garantir o cuidado com os brasileiros.

Em frente aos repatriados o presidente prometeu manter a operação enquanto ela ainda for necessária. 

Um compromisso: o Governo Federal vai fazer o que for possível para trazer os familiares palestinos dos brasileiros que quiserem sair de Gaza. Se houver uma lista e possibilidade de a gente tirar uma pessoa, mesmo que seja uma só na Faixa de Gaza, a gente vai estar à disposição. Não descansaremos até que todos que quiserem retornar estejam em solo brasileiro e o conflito chegue ao fim. Não vamos deixar ninguém para trás", disse.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ainda explicou como será a sequência do trabalho, tanto de repatriação quanto no campo diplomático.

Vamos continuar trabalhando com as embaixadas em Ramala, Tel Aviv e Cairo, para localizar outros brasileiros que estejam na região e queiram voltar. Da mesma forma que vamos continuar trabalhando no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde o Brasil ocupa uma vaga até dezembro deste ano, para que se possa encontrar uma solução diplomática negociada que crie um corredor humanitário, uma pausa humanitária, de modo que possam sair os feridos, os reféns e também os nacionais de terceiros estados, não só os brasileiros, que estejam em Gaza e que manifestem o desejo de sair".

A jovem Shahd Albanna, que foi um dos símbolos do grupo de brasileiros nesse processo de repatriação. Ela desceu do avião abraçada à bandeira brasileira ao lado da irmã e foi recebida com um longo abraço pelo presidente Lula.

Não estou conseguindo acreditar que estou aqui. Estou viva. Feliz, Emocionada de verdade. Não estamos acreditando que chegamos. Finalmente estamos seguros. É muito bom se sentir seguro. Faz muito tempo que eu não me sentia assim. A gente chegou a um ponto em que pensou que não ia mais conseguir sair de lá, que iria morrer e ninguém mais saberia da gente. Graças a Deus, ao governo brasileiro, ao presidente, à Força Aérea, à embaixada, a gente está aqui agora", resumiu ela.

Desde que cruzaram a fronteira entre Gaza e o Egito no domingo (12), os 32 vêm experimentando mais de perto a hospitalidade e o acolhimento do Governo Federal. Primeiro, no acompanhamento de profissionais da Embaixada do Brasil no Egito em um trajeto rodoviário de seis horas e hospedagem no Cairo.

Depois, no contato com a tripulação e a equipe médica da Força Aérea Brasileira, além dos serviços de recepção e alimentação montados especialmente para eles nas rápidas escalas técnicas em Las Palmas, na Espanha, e em Recife, já em solo brasileiro.

Tivemos ajuda em todos os momentos, contato direto mesmo. Não só nessa viagem de volta, mas toda hora nesses 37 dias em Gaza, com 24 horas de suporte para alimentação, recursos, remédio, apoio psicológico, médico", falou Hasan Rabee, um dos 32 integrantes do grupo. Ele voltou ao Brasil com esposa e duas filhas.
Finalmente estamos seguros. É muito bom se sentir seguro. Faz muito tempo que eu não me sentia assim. A gente chegou a um ponto em que pensou que não ia mais conseguir sair de lá, que iria morrer e ninguém mais saberia da gente. Graças a Deus, ao governo brasileiro, ao presidente Lula, à Força Aérea, à embaixada, a gente está aqui agora", completou Shahd Albanna.

Em solo brasileiro, o trabalho de acolhimento ganha novos contornos. Uma ação está sendo articulada em várias frentes pelo Governo Federal garante ao grupo uma estadia de dois dias em uma estrutura da Força Aérea Brasileira em Brasília, para que todos tenham um momento de descanso e alimentação apropriada e adaptada.

No campo da saúde, cinco profissionais foram destacados: um médico, um enfermeiro e três psicólogos. Inclusive, duas ambulâncias foram destacadas para a chegada do voo, com a intenção de monitorar duas crianças que apresentavam sinais de desnutrição, mas ficou constatado que elas estavam estáveis, sem necessidade de remoção para um hospital.

Também haverá auxílio da Polícia Federal para a emissão de documentos e regularização burocrática para os repatriados que há tempos não têm raízes nacionais. A intenção é que todos possam de fato reiniciar a trajetória como cidadãos brasileiros. As pessoas que cumprirem os requisitos, poderão solicitar a inclusão nos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família e outros benefícios socioassistenciais.

Tivemos ajuda em todos os momentos, contato direto mesmo. Não só nessa viagem de volta, mas toda hora nesses 37 dias em Gaza, com 24 horas de suporte para alimentação, recursos, remédio, apoio psicológico, médico", falou Hasan Rabee.

Das 32 pessoas, 24 serão transportadas em avião da FABpara o estado de São Paulo daqui a dois dias. Dessas, 12 serão encaminhadas a familiares que residem no Brasil. Outras 12 serão levadas a um abrigo que o Governo Federal vai oferecer no interior de São Paulo. Ainda por razões de segurança dos acolhidos, o local não vai ser divulgado.

As demais vão seguir em voos comerciais, sendo duas para Florianópolis (SC), uma para Cuibá (MT) e uma para Novo Hamburgo (RS). Quatro pessoas ficam em Brasília, pois têm familiares na capital federal.

O Governo Federal vai acolher o grupo de brasileiros com uma equipe multidisciplinar que conta com pessoas do Ministério da Saúde, da Polícia Federal, do Ministério de Desenvolvimento Social e do Ministério de Direitos Humanos, além da FAB. Todos juntos para fazer o melhor trabalho de acolhimento dessas pessoas que passaram por momentos tão difíceis", explicou o secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Augusto de Arruda Botelho.

Segundo o secretário, as crianças devem ser vacinadas nesta terça-feira (14).

Há muitas crianças que não têm vacina. Serão todas vacinadas. Esses dois dias em Brasília são de descanso e, também, de conversa, de escuta, para entender as necessidades de cada pessoa", completou.

Além dos órgãos de governo, as agências da ONU para Refugiados (Acnur) e para as Migrações (OIM) também estarão presentes com equipes que seguem protocolos de recepção de pessoas em zona de conflito, inclusive com intérpretes.

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