Monitoramento tinha o intuito de efetuar a prisão do ministro
Gabrielly Bento Publicado em 08/02/2024, às 14h57
Marcelo Câmara, assessor de Jair Bolsonaro, foi preso na manhã desta quinta-feira (08) pela Polícia Federal, acusado de liderar uma operação para monitorar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a investigação, a intenção seria prender Moraes e tentar realizar um golpe de Estado.
Marcelo "era o responsável por um núcleo de inteligência não oficial do presidente da República, atuando na coleta de informações sensíveis e estratégicas para a tomada de decisão de Jair Bolsonaro", afirma o mandado de prisão, conforme aponta o UOL.
Uma troca de mensagens datada em 15 de dezembro de 2022 entre Mauro Cid e Marcelo Câmara mostra que o acusado controlava onde Alexandre estava, utilizando o codinome "professora". A investigação da PF comprovou que o trajeto monitorado coincidia com as locomoções reais do ministro durante o período em questão.
Confira passagens da representação da Polícia Federal citada em decisão de Alexandre de Moraes:
“MARCELO C MARA envia uma mensagem a MAURO CID: 'Trabalhando'. Às 16h12, MAURO CID pergunta: 'Algo?'. No dia seguinte, C MARA encaminha mensagem com o itinerário de uma pessoa: 'Viajou para São Paulo hoje (15/12), retorna na manhã de segunda-feira e viaja novamente pra SP no mesmo dia. Por enquanto só retorna a Brasília pra posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe informo.”
“Nos dias 21.12.22 e 24.12.22 MAURO CID questiona novamente MARCELO C MARA: ''Por onde anda a professora?'. C MARA responde confirmando a localização em São Paulo e informa: ''Volta no dia 31 a noite para posse'. Questionado por MAURO CID se 'Na capital ou no interior?', C MARA responde: 'Na residência em SP eu não sei onde fica'."
Além disso, foi encontrado um esboço de decreto que insinuava um golpe de Estado, incluindo a prisão de Moraes, do ministro do STF Gilmar Mendes e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A minuta foi modificada após suposta solicitação de Bolsonaro, mantendo apenas a determinação de prisão de Moraes.
Dessa forma, a PF interpreta que o monitoramento da localização do ministro no final do ano evidencia que o "grupo criminoso tinha intenções reais de consumar a subversão do regime democrático, procedendo a eventual captura e detenção do Chefe do Poder Judiciário Eleitoral."
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