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Eleições 2022

Marcos Pontes vê disputa entre Lula e Bolsonaro como complexa e diz o que pensa sobre o Orçamento Secreto

Em entrevista exclusiva ao Diário de São Paulo, o candidato ao Senado também apresentou os projetos que pretende desenvolver caso seja eleito

Marcos Pontes, ex-ministro da ciência e tecnologia e candidato ao senado por SP - Imagem: reprodução/Facebook
Marcos Pontes, ex-ministro da ciência e tecnologia e candidato ao senado por SP - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 14/09/2022, às 17h18


As últimas semanas têm sido intensas no ambiente político devido às eleições de 2022.

As discussões ganharam ênfase em torno das recentes entrevistas e debates entre os candidatos à Presidência da República, especialmente o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lideram as pesquisas de intenção de votos.

Em entrevista exclusiva ao Diário de S.Paulo, Marcos Pontes, 59 anos, candidato ao Senado por São Paulo e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, classifica o momento como “complexo”, em virtude das disputas acirradas e dos episódios controversos.

O político apresenta suas perspectivas a respeito das entrevistas de Lula e Bolsonaro ao Jornal Nacional (TV Globo) recentemente, e as declarações dadas pelos candidatos no debate presidencial na Band. Ele analisa também as perspectivas de cada candidato a respeito de temas de grande interesse público como economia e corrupção.

Além disso, Pontes explica os desafios enfrentados em sua campanha e como pretende representar o estado de São Paulo, caso seja eleito senador.

O presidente Bolsonaro alegou que o crescimento econômico foi atrapalhado pela crise gerada pela pandemia de covid-19 e pela guerra na Ucrânia. Você concorda com essa afirmação?

Marcos Pontes: "Totalmente! Eu acompanhei de perto o governo desde o início do meu trabalho no Ministério da Ciência e Tecnologia em 2019 e havia perspectivas significativas para a economia para os anos seguintes. Quando começou a pandemia, tudo mudou.

É claro que ainda existe uma necessidade de ações emergenciais para a contenção do vírus e para focar nos impactos sociais disso. Por isso, houve a aplicação de muitos recursos para atender as pessoas. A economia foi atingida também pelo fechamentos dos estabelecimentos comerciais e limitações de outros setores.

Além disso, a Guerra da Ucrânia também prejudicou bastante diversas economias ao redor do mundo, inclusive a brasileira".

Você está otimista com o que está por vir para a economia?

MP: "Saiu recentemente o resultado do PIB neste trimestre, o que foi bem interessante porque crescemos 1,2%, segundo o IBGE. E esse movimento foi impulsionado pelos setores de serviços e indústrias. Aos poucos, o país está se reerguendo e isso é excelente. Há uma expectativa para que não apenas o Brasil, mas todos as nações do planeta possam crescer economicamente e ter um retorno para valer após essas turbulências".

Em relação a entrevista no Jornal Nacional com o presidente Bolsonaro, como você acha que foi o desempenho dele?

MP: "Dentro das condicionantes e variáveis que o presidente tinha naquele momento, acho que o desempenho dele foi muito bom. O que eu percebi ali é que os jornalistas [William Bonner e Renata Vasconcellos] estavam o pressionando demais e não deixavam ele falar, e isso afeta as respostas. Eu já passei por isso.

Dessa maneira, perde-se o raciocínio, o entrevistado fica confuso e fica difícil expressar aquilo que estava pensando, especialmente quando são feitas várias perguntas rapidamente. De qualquer modo, eu sinto que o presidente Bolsonaro reagiu bem".

Em relação à polêmica sobre falas machistas no debate da Band, você entende que o presidente cometeu equívocos nesse sentido?

MP: "Eu achei a pergunta feita pela jornalista Vera Magalhães um pouco tendenciosa. Acredito que o presidente reagiria da mesma forma se fosse qualquer jornalista, seja homem ou mulher. Pelo fato de ele ser o presidente da República, é óbvio que ele seria o candidato mais atacado.

Quem está no poder geralmente é mais questionado, isso é normal. Eu diria que ele estava em um modo defensivo. Quando veio uma pergunta tendenciosa como aquela, ele reagiu à natureza da pergunta. Portanto, ele apenas se defendeu".

Qual é a sua perspectiva a respeito da comparação feita por Lula sobre o mensalão do PT e o Orçamento Secreto, do governo de Jair Bolsonaro?

MP: "Eu confesso que achei muita estranha essa afirmação feita pelo candidato Lula. Ao longo do debate, ele se esquivou de todas as perguntas sobre corrupção. Na verdade, esse foi um comportamento natural e lógico, porque não sei se ele teria algum tipo de defesa contra essas perguntas ou questões desta natureza.

No entanto, a única saída encontrada ali foi distorcer o fato. Todos viram como foi o escândalo do Mensalão na época em que aconteceu. Havia outras coisas que já estavam acontecendo com a Petrobras também.

Era um período muito complexo. Tudo aquilo era exibido não apenas pela imprensa, como também pela Justiça por meio de provas e julgamentos. São fatos e não tem o que defender.

Quanto ao Orçamento Secreto, é algo incomparável com o Mensalão, porque este se trata de corrupção, enquanto outro envolve um processo dentro do Congresso, que embora haja suas discussões a respeito de transparência, não tem atos ilícitos comprovados.

Se houver, tem que ser investigado, julgado e condenado. Mas a maneira que o candidato Lula colocou foi como se não tivesse acontecido nada no passado".

Lula afirmou que houve interferência do presidente Bolsonaro na PF. O que você acha desse apontamento?

MP: "De vez em quando nesses debates e entrevistas, alguns candidatos apresentam afirmações que não são baseadas em fatos. A PF tem a sua independência. São diversas operações que ocorrem todos os dias e não tem como o presidente tentar impedir algo nesse sentido ou ter alguma influência sobre as ações dos investigadores".

Em sua gestão no Ministério da Ciência e Tecnologia, você presenciou alguma situação semelhante?

MP: "Quando eu estava no Ministério de Ciência e Tecnologia na época, eu não vi esse tipo de interferência na PF. Eu trabalhei com Bolsonaro por mais de 3 anos naquele cargo, ele poderia chegar para mim e falar: ‘Olha eu quero que você tire fulano e cicrano, e faça aquilo’, mas ele nunca agiu dessa maneira.

Eu tive completa autonomia para trazer os meus secretários e trocá-los quando necessário, sem nenhum problema".

Em que pé anda sua campanha para o senado por SP? Quais desafios está enfrentando?

MP: "Está indo muito bem. Estou muito feliz e animado com a candidatura e com a campanha. Tenho viajado bastante e em todos os lugares que eu visito sou bem recebido pela população.

Eu gosto de andar no meio do público e interagir com as pessoas, especialmente ouvi-las. É algo que eu senti falta como ministro, o trabalho é mais voltado para a criação de programas e políticas para o país.

A dificuldade principal é a divulgação, para as pessoas saberem que sou candidato. São Paulo é um estado grande e complexo, então, é difícil se comunicar com o maior número de pessoas. Por enquanto estou sendo bem acolhido, graças a minha credibilidade".

Caso seja eleito, que diferenças você pode fazer do legislativo?

MP: "Como senador, eu tenho essa possibilidade de conversar com as pessoas e entender suas dificuldades. Eu passo a ter muitas informações e referências para elaborar projetos que possam ajudar determinado público.

É necessário acompanhar as demandas diárias das pessoas, desde o encarecimento do pão e da gasolina, até a falta de segurança pública. Mesmo que eu esteja no senado representando o meu estado e agindo pelo interesse desta região, eu tenho que priorizar os cidadãos em geral.

Como eu gosto de conversar e interagir com as pessoas, eu acredito que posso elaborar projetos de acordo com suas experiências e necessidades".

Se chegar ao senado, como pretende representar o estado de São Paulo e dar atenção às suas demandas?

MP: "O que desejamos para o estado de SP é que ele tenha mais negócios, mais desenvolvimento econômico e mais justiça social e menos desigualdades em todas as regiões. Além de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e gerar mais empregos.

Se for eleito como senador por São Paulo, continuarei defendendo o estado, assim como seus interesses e demandas.

SP tem perdido muitos negócios para as regiões vizinhas. O estado está com o ICMS muito alto, em 18%, e tem perdido negócios para MS, PR e MG. Nosso IPVA é o mais alto do país.

Esses fatores prejudicam o desenvolvimento de negócios. Precisamos deixar o estado mais competitivo e atraente. Eu espero que tendo o Tarcísio Freitas como próximo governador implementar mudanças".

Como sua experiência como Ministro da Ciência e Tecnologia poderia contribuir?

MP: "Educação, Segurança, Agricultura, Empregos e Saúde têm relação com Ciência e Tecnologia. No campo, são necessários mecanismos e inovações para melhorar a dinâmica de trabalho, a eficiência e a sustentabilidade.

Na saúde, a tecnologia pode contribuir com a redução das filas, melhorias no atendimento, tratamento e acompanhamento de pessoas com doenças crônicas.

Além de outras demandas urgentes como cirurgias e doenças graves. Em todos os meus projetos, a base é a ciência e tecnologia, tornando possível a eficiência dos serviços do governo á população".

Seus planos podem mudar caso Bolsonaro não seja reeleito?

MP: "Independente de como será o ambiente político no próximo ano ou quem ocupará a presidência, meus planos continuam os mesmos".

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