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Chocante

Mulher se assusta e tem fim trágico após PM invadir sua casa por engano

Após o incidente, a Polícia Militar apresentou uma outra versão do caso

Maria Ivanuza Ferreira Lima, funcionária pública de 53 anos - Arquivo Pessoal
Maria Ivanuza Ferreira Lima, funcionária pública de 53 anos - Arquivo Pessoal

Mateus Omena Publicado em 13/09/2022, às 18h05


Uma mulher de 53 anos passou mal e morreu depois que sua casa foi repentinamente invadida por policiais militares que procuravam por suspeitos de um assalto.

O incidente aconteceu no último domingo (11) em Rio Branco, no Acre.

A vítima é Maria Ivanuza Ferreira Lima, que atuava como secretária de uma escola pública da cidade. O episódio trágico foi revelado pelo filho dela, o operador de supermercado Abimael Ferreira Lima, de 20 anos.

Ele procurou a polícia para registrar o caso, que vem sendo acompanhado pela corregedoria da PM.

Em entrevista ao UOL, o jovem contou que foi acordado por volta das 3h40 por policiais militares armados, que já estavam dentro da sala da casa onde morava com a mãe.

Assustado, o rapaz disse que foi interrogado pelos militares, que perguntaram se os eletrodomésticos da residência eram oriundos de furto.

No entanto, os barulhos causados pela invasão despertaram Maria Ivanuza, que levantou da cama e foi até a sala para ver o que estava acontecendo.

Ao ver os policiais armados dentro de sua sala e interrogando o filho, a mulher teria ficado bastante nervosa.

"Quando ela saiu do quarto dela e veio para sala e viu os policiais, ela ficou desesperada, porque ninguém estava entendendo o que estava acontecendo para os policiais terem pulado o muro e entrado na minha casa", disse Abimael.

Três militares entraram no imóvel e outros ficaram na calçada da residência. Maria teria ido, então, até o quintal para abrir o portão para os policiais que aguardavam do lado de fora. Mas, ao chegar ao local, a mulher teria passado mal e desmaiado.

"Ela estava muito nervosa e quando foi para o quintal caiu desacordada. Logo os policiais começaram a fazer a massagem cardíaca e chamara o Samu. Os médicos tentaram reanimá-la por mais de 10 minutos, mas ela não resistiu e morreu ali no quintal mesmo. Foi horrível".

Contudo, depois que a mãe perdeu a consciência, outro policial que estava na parte de fora da casa olhou para o rosto de Abimael e disse: "Não é esse aí", pois concluíram que ele não era suspeito que procuravam, segundo o filho da vítima.

Devido ao choque, Maria Ivanuza não resistiu e morreu. Ela foi sepultada na segunda-feira (12), em Vila Campinas, distrito do município de Plácido de Castro, interior do estado.

Indignado, Abimael alegou que é incompreensível a maneira como perdeu a mãe, principalmente porque ninguém de sua família tem envolvimento com o crime.

"É traumatizante ver a pessoa que a gente ama naquela situação. Nunca tivemos nenhum problema com a Justiça ou tivemos que ir a uma delegacia. A gente nunca espera nada assim, ainda mais vindo da polícia, que era para estar ali nos dando segurança. Acredito que seja uma minoria que haja assim, mas isso não pode acontecer novamente com outras famílias", lamentou.

Para ele, é difícil aceitar que a mãe tenha passado mal repentinamente, pois, segundo ele, Maria era uma pessoa saudável, não tinha problemas de saúde e nem usava medicamentos.

"Ela não tinha pressão alta, diabete, nada. Era uma mulher saudável e que todos gostavam muito, seja no bairro ou na escola onde ela trabalhava", afirma o filho.

Outra versão

O Comando da Polícia Militar do Acre informou, por meio de nota, que os policiais militares envolvidos no trágico episódio não foram afastados. No entanto, a Corregedoria-Geral da corporação instaurou um procedimento para apurar o caso.

Por outro lado, a nota também traz uma versão do caso diferente da que foi apresentada por Abimael.

"O fato ocorreu durante um patrulhamento no conjunto Santa Cruz, no qual os policiais militares avistaram, no quintal de uma residência, um homem que aparentava estar prestes a cometer ato ilícito. Ao ver a guarnição, o indivíduo correu em direção aos fundos da residência, momento em que os militares iniciaram buscas, chegando a uma residência vizinha", diz o comunicado.

A polícia afirmou que os militares questionaram se a mulher e o filho poderiam entrar no local para averiguação.

"Enquanto a mulher conversava com um dos policiais no portão da casa, ela veio a desmaiar nos braços de um dos policiais que estava no local. De imediato, os militares acionaram o Samu e iniciaram os primeiros socorros, que duraram cerca de 12 minutos, até a chegada do Samu", acrescentou.

"Ressaltamos que os policiais militares envolvidos no atendimento da ocorrência realizaram todos os procedimentos possíveis para reanimar a senhora que, posteriormente, foi a óbito. A PMAC lamenta profundamente o ocorrido e reafirma seu compromisso com a vida, com o povo acreano e com a lei", finalizou a corporação.

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