A Justiça de São Paulo expediu nesta quarta-feira (16) mandado de prisão preventiva contra um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Redação Publicado em 17/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 08h27
A Justiça de São Paulo expediu nesta quarta-feira (16) mandado de prisão preventiva contra um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Centro-Oeste Paulista. William Miranda Cabeçoni, conhecido como “Japonês”, é apontado como responsável por várias invasões de terra na região.
Segundo a Polícia Civil, que fez o pedido, a ação de maior repercussão comandada por Cabeçoni foi realizada em 2009 na fazenda Santo Henrique, da empresa Cutrale, em Borebi (SP), na qual vários pés de laranja foram destruídos com um trator. A prisão preventiva, no entanto, levou em consideração especialmente a ação mais recente do MST nesta mesma fazenda, em abril deste ano.
Segundo o delegado seccional Ricardo Martines, na invasão de abril foi comprovado o furto de 9 mil litros de óleo diesel, além de computadores e sistema de segurança. Também foram constatados danos praticados contra o maquinário. Com base nisso, foi feito o pedido de prisão preventiva à Justiça de Lençóis Paulista, que acatou a denúncia e decretou a prisão.
“Após a invasão de 2009 houve várias reiterações, sempre com o mesmo modo de agir. Por isso, o inquérito policial detectou que havia uma associação criminosa que utilizava o movimento social, que é legítimo, para a prática de crimes nas invasões. E em todas essas ações o líder era o Japonês”, explicou o delegado.
O inquérito policial determinou que o acusado fosse indiciado por crimes como esbúlio processório, furto, dano e associação criminosa. Além de Cabeçoni, também foram indiciados Ariovaldo Menezes e Gerson Inácio da Silva, mas apenas o primeiro teve a prisão decretada. Cabeçoni já é considerado foragido.
Em outubro de 2009, William Cabeçoni teria comandado a invasão na fazenda da Cutrale, em Borebi, na qual 300 integrantes do MST ocuparam as instalações. O caso ganhou repercussão nacional com a divulgação de imagens aéreas mostrando membros do movimento destruindo pés de laranja com tratores da fazenda.
Depois disso, várias outras ações semelhantes foram praticadas contra a mesma propriedade rural. Até o fim de 2014, já eram contabilizadas 14 invasões da fazenda da Cutrale em Borebi. Em todas elas, sempre com o argumento de a área seria da União e, por isso, deveria ser desapropriada para fins de reforma agrária.
Em nota, o Incra informou que a fazenda Santo Henrique é objeto de ação reivindicatória por parte desta autarquia desde agosto de 2006. A partir de 2011 foi criado o Grupo de Trabalho (GT) Monção Regional, formado por representantes da área técnica e judicial do Incra, da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) de São Paulo. O objetivo deste grupo é reaver as áreas remanescentes do Núcleo Colonial Monção por meio de reajuizamento de ações que o Incra havia proposto anteriormente, e propor novas ações, agora em nome da União.
O texto informa ainda que duas das ações mais recentes que recaem sobre a Fazenda Santo Henrique referem-se ao bloqueio judicial do imóvel:
A decisão de bloqueio das matrículas impede a realização de transações com o imóvel, como compra e venda, até que se tenha decisão definitiva sobre o domínio da área. Na ação, o Incra também pede que seja declarada de propriedade federal a área de 1.104 hectares da Fazenda Santo Henrique, com abertura de matrícula própria em nome da União. Recentemente ocorreu uma audiência de conciliação entre as partes, porém, não ocorreu nenhuma novidade quanto a possíveis acordos.
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