Ela foi privada da sua liberdade por 17 dias
Vitória Tedeschi Publicado em 25/02/2023, às 09h04
Maria Aparecida Paiva, idosa que foi sequestrada pela própria filha e estava internada em uma clínica psiquiátrica à força, desde o dia 6 de fevereiro, deu um relato comovente após ser libertada e chegou a afirmar que vê motivação financeira nos crimes.
Isso porque, segundo investigações, o casal fez isso após a idosa procurar a polícia para denunciar maus tratos dos netos.
"Tem questão financeira envolvida também, porque ela tem medo de perder a pensão do filho dela e se essa denúncia vai pro processo ela perde, porque o pai está pedindo a guarda do filho", explicou ela.
Em entrevista ao RJ2, Maria relatou o desespero de ficar internada em uma clínica psiquiátrica, mesmo sem estar doente, e a tristeza pelo que sofreu com a filha e o genro.
"Estava saindo do bando e uma ambulância, na mesma calçada, me pegou e me jogou dentro da ambulância. O rapaz falou: "Nós vamos pra Petrópolis, porque lá é melhor'. Mas quem tá fazendo isso ? Sua família. Eu fiquei desesperada, gritando, gritando. Chegamos em Petrópolis, me botaram num quarto, trancado, sem janela, sem nada e eu fiquei lá três dias", lembra ela.
"Olha, eu fico muito triste [disso tudo o que está acontecendo vir da própria filha]. Nunca pensei que isso fosse acontecer. Isso é tão verdadeiro, envolvido no dinheiro, porque no dia que ela me botou na clínica, ela contratou duas faxineiras, limpou meu apartamento e já alugou", relembra Maria. Segundo ela, o imóvel foi alugado para o carnaval.
Não tenho raiva, só tristeza", concluiu.
Na última sexta-feira (24), uma mulher foi presa após sequestrar a própria mãe e interná-la em uma clínica psiquiátrica à força. A idosa estava desde o dia 6 de fevereiro internada na Região Serrana.
De acordo com policiais da 4ª DP (Catete), ela teve ajuda de seu marido, Rafael Machado, que foi preso junto com Patrícia Reis Machado, no Catete, na Zona Sul do Rio de Janeiro, pelos crimes de sequestro triplamente qualificado e coação no curso do processo. Eles não quiseram prestar depoimento.
A idosa teria sido sequestrada quando saía de uma agência bancária na Zona Sul do Rio. Ela teria sido colocada em uma ambulância por dois homens, a pedido da filha e do genro.
Além disso, segundo a polícia do Rio de Janeiro, o crime foi motivado por uma denúncia de maus-tratos sofridos pelos netos, de 2 e 9 anos, à Delegacia da Criança e do Adolescente.
Ao g1, o delegado Felipe Santoro afirmou que irá investigar a conduta dos médicos e demais funcionários da clínica para entender a responsabilidade deles no crime.
Iniciamos as diligências tão logo recebemos a informação de que uma idosa lúcida e sem nenhuma doença física nem mental estava sendo mantida em privação de liberdade em uma clínica. Após a prisão dos parentes que haviam determinado a internação, iremos investigar a conduta de médicos, enfermeiros e demais funcionários desses estabelecimentos, a fim de entender a responsabilidade de cada um nesses crimes", explicou o delegado Felipe.
De acordo com o portal O Globo, a advogada Carina Penna, tia do menino de 9 anos vítima de maus-tratos, foi quem registrou o caso do desaparecimento da idosa na 9ª DP, junto ao zelador e o síndico do prédio onde mora a avó das crianças.
Após a idosa constatar que os dois netos sofriam maus-tratos, ela procurou o pai do mais velho para pedir ajuda. Em seguida, registrou o caso de forma anônima na Dcav. Patrícia, segundo a família, descobriu a denúncia por parte da mãe quando foi juntada a uma ação que o pai do menino move pela guarda do filho.
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