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CRIMINALIDADE

Assassinatos caem 3,4% no primeiro semestre de 2023 no Brasil

Os dados mostram que todas as regiões do país tiveram queda nos assassinatos — com exceção do Sudeste. Foram 5.099 assassinatos no Sudeste no primeiro semestre deste ano

Assassinatos caem 3,4% no primeiro semestre de 2023 no Brasil - Imagem: Freepik
Assassinatos caem 3,4% no primeiro semestre de 2023 no Brasil - Imagem: Freepik

Marina Roveda Publicado em 17/08/2023, às 08h08


O índice nacional de homicídios criado pelo g1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal, indica que o número geral de assassinatos no Brasil continua em queda em 2023. Nos primeiros seis meses deste ano, foram registrados 19,7 mil assassinatos, o que representa uma redução de 3,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre os estados, Roraima registrou a maior queda, com uma diminuição de 22,5%.

É importante notar que os dados não incluem mortes decorrentes de violência policial e englobam as vítimas de homicídios dolosos, incluindo feminicídios, latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de morte.

Em 2022, o Brasil já havia apresentado uma queda de 1% no número de assassinatos, chegando a 40,8 mil mortes violentas intencionais. Especialistas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Núcleo de Estudos da Violência da USP(NEV-USP) ressaltam que, embora a redução seja uma notícia positiva, o país continua sendo marcado por altos índices de violência. Em média, ocorreram quase 110 assassinatos por dia no último semestre.

Bruno Paes Manso, jornalista e pesquisador do NEV-USP, menciona que embora as taxas permaneçam elevadas, caso a redução continue e a letalidade policial não aumente, o Brasil pode encerrar o ano com o menor número de mortes intencionais violentas desde 2011.

Essa queda gradual pode ser explicada por diversos fatores, como mudanças na dinâmica do mercado de drogas, diminuição de conflitos entre facções e implementação de políticas públicas de segurança e sociais. A redução acumulada nos últimos cinco anos em muitos estados sugere uma possível estabilização das gangues regionais em seus territórios após as disputas intensas da última década.

Os dados do primeiro semestre de 2023 revelam que houve uma diminuição de 693 mortes em relação ao mesmo período de 2022. Dezesseis estados tiveram quedas nos registros, enquanto o Distrito Federal permaneceu estável. Por outro lado, dez estados apresentaram aumento nos números. Amapá teve o maior aumento do país, com 65,1%, enquanto Roraima teve a maior queda, com 22,5%. Todas as regiões do Brasil registraram queda nos assassinatos, exceto o Sudeste, com destaque para o estado do Rio de Janeiro, que teve um aumento de 17,3%.

Esses dados fazem parte do Monitor da Violência, uma parceria entre o g1, o NEV-USP e o FBSP, que compila informações mensais sobre homicídios no país.

Aumento na região Sudoeste 

Um ponto de alerta surge ao analisar os dados, revelando um aumento preocupante da violência na região Sudeste. Enquanto todas as outras regiões do país registraram quedas nos assassinatos, o Sudeste apresentou um cenário diferente. No primeiro semestre deste ano, foram contabilizados 5.099 assassinatos na região, representando um aumento de 4,3% em relação ao mesmo período de 2022, resultando em 212 mortes a mais.

A análise de Samira Bueno e Renato Sérgio de Lima, diretores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), destaca que embora seja cedo para tirar conclusões definitivas, a contraposição do Sudeste à média nacional de queda nos crimes violentos letais intencionais indica a necessidade de investigações mais aprofundadas das realidades locais.

No contexto do Sudeste, São Paulo foi a única exceção, apresentando uma queda de 5,2% nos índices, revertendo uma tendência de alta que havia sido observada no primeiro trimestre.

O estado que merece atenção especial é o Rio de Janeiro, que registrou um aumento significativo de 17,3% nas mortes violentas intencionais. Logo após, vem o Espírito Santo, com um aumento de 5%.

É importante ressaltar que o número de mortes violentas pode ser ainda maior, visto que esse balanço não considera as mortes resultantes de intervenção policial.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que traz dados de 2022, evidencia que o Rio de Janeiro é um dos estados com um elevado número de mortes decorrentes de ações policiais.

Segundo o FBSP, o Rio de Janeiro parece ter entrado em um novo ciclo de aumento da violência, impulsionado pela morte de Ecko, líder da maior milícia do estado, em junho de 2021. Esse acontecimento desestabilizou acordos e relações entre organizações criminosas, resultando em conflitos e disputas com elevados níveis de violência, principalmente concentrados na capital, o que influenciou a tendência de aumento no primeiro semestre deste ano.

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