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Racismo!

Alunos de faculdade são presos por criar reunião neonazista

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil

A célula neonazista disseminava conteúdos de ódio, violência e adoração a Adolf Hitler nas redes sociais - Imagem: reprodução/TV Globo
A célula neonazista disseminava conteúdos de ódio, violência e adoração a Adolf Hitler nas redes sociais - Imagem: reprodução/TV Globo

Mateus Omena Publicado em 25/10/2022, às 15h52


Quatro integrantes de uma suposta célula neonazista foram presos na última quinta-feira (20). O caso ocorreu em dois municípios de Santa Catarina.

A Polícia Civil informou que a investigação começou em abril, quando um primeiro membro do grupo foi detido por tráfico de drogas, segundo o programa “Fantástico”, da TV Globo.

Os três estudantes universitários e um auxiliar de escritório faziam parte de um grupo monitorado por meses nas redes sociais. Neste ambiente, eles publicavam vídeos e imagens com alusões nazistas e trocavam mensagens racistas e xenófobas. Em uma das publicações, eles falam em alemão, mostram uma bandeira nazista e disparam tiros.

Entre os detidos está um estudante de engenharia de agricultura de 24 anos. Além dele, foram presas outras três pessoas em uma operação policial em Joinville (SC) e uma em São José (SC).

Os suspeitos são um auxiliar de escritório, de 27 anos, detido com uma espingarda e munição; um estudante de engenharia automotiva, de 21 anos, outro de letras, de 20 anos (ambos da UFSC), e um estudante do curso de direito, de 20 anos, que contou à polícia que tinha uma "fixação estética" pela SS, milícia que administrou os campos de concentração na segunda guerra, e, por isso, tinha um colete com a inscrição.

De acordo o delegado Arthur Lopes, responsável pelas investigações, a ação do grupo é considerada de alto risco para a sociedade.

"O que a gente tem procurado são aqueles indivíduos que trazem maior perigo para a sociedade e se estruturam de uma forma mais organizada".

Um dos suspeitos foi detido na casa em que morava com a mãe e com as irmãs mais novas. Ele participava de um grupo nomeado "Aniversário do Fuher", em alusão ao ditador nazista Adolf Hitler.

Em uma das conversas interceptadas pela polícia, um dos integrantes do grupo despara: "Vamos matar 'mendigo' amanhã" e o outro responde "Todos os mendigos negros nordestinos deveriam ser fuzilados".

Os suspeitos eram investigados por associação criminosa armada, fabricação de arma de fogo e divulgação do nazismo. Na casa de um deles, foi encontrada uma impressora 3D que era usada para fabricar partes de armas de fogo, segundo a polícia. O material foi apreendido.

Os quatro não tiveram as identidades reveladas "para não atrapalhar as investigações", explicou a polícia. Todos negaram os planos de ataque, falaram que as mensagens de ódio eram "brincadeiras" e negaram serem neonazistas.

A polícia continua investigando outras células neonazistas em Santa Catarina.

De acordo com a lei 7.716/1989 qualquer apologia ao nazismo é considerado crime, especialmente por "praticar, induzir ou incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".

A pena é de reclusão de um mês a três anos e multa -- ou reclusão de dois a cinco anos e multa se o crime foi cometido em publicações ou meio de comunicação social.

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