Regras mais rígidas impactam fluxo de imigrantes que chegam sem a documentação adequada
Sabrina Oliveira Publicado em 28/08/2024, às 09h29
Após a entrada em vigor de novas regras de migração, o Aeroporto Internacional de Guarulhos registrou uma queda acentuada no número de imigrantes sem visto. No primeiro dia da aplicação das novas normas, apenas dez imigrantes desembarcaram sem a documentação exigida. Esse número representa uma redução significativa em comparação com os meses anteriores, quando a Polícia Federal vinha registrando um fluxo maior de imigrantes sem visto.
As novas diretrizes foram estabelecidas pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública após a Polícia Federal identificar que muitos imigrantes sem documentação estavam sendo explorados por organizações criminosas de tráfico de pessoas. De acordo com as novas regras, imigrantes que chegam ao Brasil sem visto não podem mais solicitar refúgio no país e devem seguir viagem até o destino final indicado em suas passagens.
Atualmente, 480 imigrantes ainda permanecem retidos no aeroporto, classificados pela Polícia Federal como inadmitidos. Estes imigrantes desembarcaram antes da implementação das novas regras e estão aguardando a resolução de seus pedidos de refúgio. O procurador da República em Guarulhos, Guilherme Rocha Gopfert, destacou em coletiva de imprensa que a redução drástica no número de imigrantes sem visto demonstra o impacto imediato das novas normas.
Gopfert explicou que muitos desses imigrantes eram orientados a comprar passagens para outros destinos na América do Sul, utilizando o Brasil apenas como ponto de conexão. Ao chegar em território brasileiro, eles eram instruídos a descartar seus cartões de embarque e solicitar refúgio, alegando não ter mais intenções de seguir viagem. Com as mudanças recentes, esse tipo de prática não será mais permitido, restringindo o uso do Brasil como ponto de entrada para solicitações de refúgio sem documentação apropriada.
Apesar da rigidez das novas normas, o procurador ressaltou a importância de considerar casos específicos em que os imigrantes possam estar fugindo de situações de perigo real, como perseguições políticas ou conflitos armados. Ele lembrou que o Brasil tem uma longa tradição de acolher refugiados em situações de risco iminente, como foi o caso de muitos afegãos que conseguiram reconstruir suas vidas no país.
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