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Opinião

O combate ao crime transnacional e o apoio à participação de Taiwan na Interpol

O combate ao crime transnacional e o apoio à participação de Taiwan na Interpol - Imagem: reprodução Freepik
O combate ao crime transnacional e o apoio à participação de Taiwan na Interpol - Imagem: reprodução Freepik

Redação Publicado em 23/11/2023, às 11h32


Não foram poucos os cidadãos que perderam seus empregos por força das restrições e do confinamenfo impostos pela pandemia da Covid-19 e que, hoje, procuram, desesperadamente, por apoio financeiro. Logo, frente a uma oportunidade profissional, seria naturalmente difícil resistir.

A dura realidade para quem viaja para outro país a procura de trabalho, no entanto, deve ser levada em conta nesta dinâmica. Há quem corra o risco de ser vítima, por exemplo, do tráfico humano - uma nova forma de crime transnacional e que faz vítimas em todo o mundo.

Também não podemos nos esquecer da fraude - delito que surgiu paralelamente ao advento da linguagem humana e ao desenvolvimento da civilização. Nos tempos modernos, com o avanço da tecnologia da informação e da comunicação, este crime milenar está ganhando novas dimensões e representa uma ameaça incalculável à segurança global.

Frente a estes cenários e como bem afirmou o secretário-geral da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), Jürgen Stock, a necessidade de uma cooperação policial internacional sólida é mais vital do que nunca para se lidar com novas formas de crime transnacional, como o tráfico de seres humanos e a fraude, já citados nas linhas acima, e só para citar alguns.

Para combater este tipo de delito, os agentes da lei de todo o mundo devem se unir, e sem deixar de lado a oportunidade de atuarem de forma estratégica na Interpol. E, pasmem: por razões políticas, Taiwan não pode participar desta instituição há mais de 39 anos.

No entanto, ao mesmo tempo, a medida em que o crime transnacional floresce nesta era da globalização, os passaportes taiwaneses, que beneficiam com acesso sem visto 145 países e territórios, tornaram-se alvos de criminosos transnacionais - uma ameaça que não deve ser subestimada.

A capacidade de Taiwan de realizar controles de segurança nas fronteiras e de combater crimes transnacionais, como o terrorismo e o tráfico de seres humanos, é gravemente prejudicada pela sua falta de acesso à inteligência criminal compartilhada em tempo real, por meio do sistema I-24/7 da Interpol e da base de dados de documentos de viagem que foram roubados ou perdidos.

A exclusão de longa data de Taiwan da Interpol significa, ainda, que os intercâmbios vitais de informações estão frequentemente desatualizados e incorretos. E, não menos importante: a incapacidade de Taiwan de participar de reuniões, das atividades e de treinamentos associados à Interpol gera uma lacuna significativa na rede global de segurança e de antiterrorismo. O que parece só uma censura é, na verdade, um risco continental.

Sendo a 21ª maior Economia do mundo e o 17º maior exportador, Taiwan serve como um elo fundamental entre o nordeste e o sudeste asiático e como centro estratégico para o fluxo de pessoas, de bens e de capitais. De acordo com a pesquisa anual de 2023 do Expat Insider, Taiwan é o 5º melhor país para expatriados, graças ao seu belo ambiente natural, cidadãos acolhedores e Economia e sistema de Saúde avançados.

Da mesma forma, o Relatório Mundial de Felicidade de 2023 da Organização das Nações Unidas, que mede a felicidade em 137 países, coloca Taiwan em 4º lugar na Ásia. Além disso, de acordo com as classificações de 2023 do Numbeo, de 142 nações, Taiwan figura em 3º lugar no quesito Segurança e teve a 3ª menor taxa de criminalidade entre todos os países avaliados - melhor, inclusive, do que todas as outras nações asiáticas.

Taiwan não está disposto a aceitar a afirmação de Voltaire de que “a história nada mais é do que um quadro de crimes e de infortúnios”. É urgente o apelo para que todos apoiem a participação do País na Assembleia Geral anual da Interpol, ao menos na qualidade de observador.

Isto permitirá às autoridades policiais de Taiwan de marcarem presença em um sem-número de ações, de reuniões e de treinamentos ligados à Segurança Pública Internacional, além de interagirem com outras nações e resolverem a deficiência no intercâmbio transnacional de informações sobre crimes.

É necessário que se deixe Taiwan e a Interpol trabalharem juntos. Não se trata, aqui, tão somente de uma questão política. A segurança global diz respeito a todos nós, afinal.

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Imagem: arquivo pessoal

Chou Yew-woei é comissário do Gabinete de Investigação Criminal da República da China | Taiwan.

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