por Cesário Melantonio Neto
Publicado em 18/08/2023, às 05h30
A transição para o baixo carbono é um aspecto fundamental da conjuntura global atual.Envolve mudanças em padrões de consumo, de produção, de instituições e de comportamentos para reduzir as emissões poluidoras.
Desde 2015 , com o Acordo de Paris, cada país indica suas metas de redução dos gases de efeito estufa, com a obrigação de aumentar a ambição periodicamente. Nesse novo modelo, analisar o compromisso com o clima requer ir além de análise de política externa, para entender as dinâmicas da política doméstica dos países.
Nesse sentido, ainda que falte consistência a coalizão Brics, seus membros seguem representando uma categoria de países que influenciam a realidade empírica.
Dados seu nível de emissões e sua participação nas cadeias globais de energia, inclusive as de tecnologia de baixo carbono, a China é o ator mais importante na dinâmica global de descarbonização; portanto, avanços da agenda na China são condição necessária para um avanço internacional consistente.
A Índia e um ator conservador no regime climático e e um dos mais ativos defensores das responsabilidades comuns, porém diferenciadas , e da doutrina das responsabilidades históricas.
A Rússia e um ator extremamente conservador no regime climático e seu engajamento e muito peculiar.
Quando o clima ganhou força na agenda internacional, a África do Sul passava pela transição do regime autoritário para a democracia. Por isso a transição energética nesse país enfrenta múltiplos desafios .
O Brasil tem uma matriz energética relativamente baixa em carbono e por essa razão possui vantagens comparativas. No nosso caso a maior fonte de emissão de gás carbônico vem do desmatamento.
Desde 2019, a política antiambientalista do governo federal desestruturou o combate ao desmatamento e as taxas aumentaram de maneira acelerada na Amazônia. Esse crime contra o Brasil e a humanidade está sendo corrigido pelo novo governo brasileiro.
Dentre os Brics, o Brasil é o mais bem situado para acelerar a descarbonização. Em relação ao setor de mudança de uso da terra e florestas, a mudança no governo federal este ano deve reverter o desmonte institucional no monitoramento e na aplicação da lei contra o desmatamento.
Os Brics sao atores relevantes na política climática. Os cinco estão entre os maiores emissores de gases de efeito estufa, tanto em relação a níveis históricos, como em trajetória de emissões desde 1990. Estão também entre os grandes produtores e consumidores de combustíveis fósseis, cuja combustão desde 1850 responde pela maior parte do acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera. Para uma descarbonização planetária bem sucedida, o engajamento dos Brics e essencial.
Na próxima cúpula dos Brics este tema deve estar na pauta e o Brasil pode aproveitar esta oportunidade para assumir um papel importante graças as nossas vantagens comparativas nesse setor.
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