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‘Estamos contratando presos e não é suficiente’: por que Reino Unido tem milhares de vagas de emprego que não consegue preencher

Nesta semana, a rede de fast food McDonald's fez um anúncio categórico no Reino Unido: ficou sem recursos para produzir milkshake em 1.250 unidades em todo o

‘Estamos contratando presos e não é suficiente’: por que Reino Unido tem milhares de vagas de emprego que não consegue preencher
‘Estamos contratando presos e não é suficiente’: por que Reino Unido tem milhares de vagas de emprego que não consegue preencher

Redação Publicado em 27/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h05


Nesta semana, a rede de fast food McDonald’s fez um anúncio categórico no Reino Unido: ficou sem recursos para produzir milkshake em 1.250 unidades em todo o país.

Mas esta notícia é apenas um sintoma de um problema maior: a crise na cadeia de suprimentos do Reino Unido.

Estima-se que só o setor de transportes precise preencher cerca de 100 mil vagas para atender à demanda que existe no país. E foi alertado que se o governo não fizer algo a respeito, pode haver desabastecimento na maioria dos supermercados.

Não se trata apenas do setor de transportes: a Associação Britânica de Produtores Independentes de Carne afirmou nesta semana que pediu ao Ministério da Justiça para ampliar a cota de presos com autorização para serem contratados em tarefas de processamento de carne para atender sua demanda.

Eles argumentam que têm cerca de 14 mil vagas que não conseguem preencher.

“A indústria tem dificuldade em encontrar pessoas para preencher essas vagas. Vários de nossos associados contrataram prisioneiros com permissões especiais, mas não são suficientes”, declarou Tony Goodger, da associação, ao jornal britânico The Guardian.

“E o Ministério nos disse que eles tinham muita demanda, e que já havíamos atingido nossa cota de presos que poderíamos contratar”, acrescenta.

Mas quais são as razões desta crise?

Uma tempestade perfeita causada pelo Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, e a pandemia de Covid-19 pode ser parte da resposta.

Brexit e Covid-19

Para entender o problema, podemos concentrar nossa atenção no setor mais afetado: o de transportes.

No início de agosto, a Road Haulage Association (RHA) emitiu o alerta: 100 mil motoristas de caminhão eram necessários para atender à demanda do mercado.

O Reino Unido acabava de suspender todas restrições impostas pela pandemia, a economia começava a ser reativada, mas no momento de suprir a demanda de pedidos, começaram os problemas.

Há várias razões pelas quais a escassez se tornou tão grave. Em primeiro lugar, a pandemia de Covid-19 tem parte da responsabilidade.

À medida que as viagens se tornaram cada vez mais restritas no ano passado e grande parte da economia estava paralisada, muitos motoristas europeus voltaram para casa.

E as empresas de transporte sinalizaram que muito poucos voltaram.

Além disso, a pandemia também gerou um grande atraso nas provas que os motoristas de veículos pesados ​​fazem para obter a habilitação, tornando impossível ter novos motoristas suficientes ao volante.

As associações de transportadoras enviaram em junho uma carta ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, informando que 25 mil pessoas a menos haviam feito a prova, em comparação com o ano anterior.

Antes da pandemia mudar tudo em março de 2020, o Brexit havia entrado em vigor alguns meses antes — e esse tipo de inconveniente já começava a se apresentar.

De acordo com as mesmas associações de transporte, o Brexit foi uma das razões pelas quais muitos motoristas com cidadania europeia regressaram aos seus países de origem ou decidiram trabalhar em outro lugar.

Quando o Reino Unido fazia parte do mercado comum da União Europeia, os motoristas podiam entrar e sair quando bem entendessem.

Mas a burocracia na fronteira que foi imposta após o Brexit tornou muito difícil para a maioria deles entrar e sair do Reino Unido — e eles preferiram ficar trabalhando em países do bloco europeu.

Conforme foi sinalizado, os motoristas são pagos por quilometragem, e não por hora — portanto, atrasos custam dinheiro a eles.

A motorista Shona Harnett afirma que a questão das horas desanima alguns novos motoristas em potencial.

“Muita gente vai dizer que o dinheiro não é suficiente para o trabalho que é. Nunca tive problemas com dinheiro, mas as horas são o principal para fazer valer a pena”, diz ela à BBC.

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BBC

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