Diário de São Paulo
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Prêmio Nobel

Descoberta dos microRNAs rende Nobel de Medicina a pesquisadores

Além da medalha, Victor Ambros e Gary Ruvkun dividirão o prêmio de 11 milhões de coroas suecas

Descoberta dos microRNAs rende Nobel de Medicina a pesquisadores - Imagem: Divulgação / Prêmio Nobel
Descoberta dos microRNAs rende Nobel de Medicina a pesquisadores - Imagem: Divulgação / Prêmio Nobel

William Oliveira Publicado em 07/10/2024, às 09h46


Nesta segunda-feira (7), o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2024 foi atribuído aos cientistas Victor Ambros e Gary Ruvkun pela descoberta do microRNA e seu impacto na regulação dos genes. Além da medalha, os pesquisadores dividirão o prêmio de 11 milhões de coroas suecas (equivalente a aproximadamente R$ 5,8 milhões).

De acordo com o Comitê do Nobel, Ambros e Ruvkun identificaram um mecanismo celular essencial para o controle da atividade gênica.

"Em 1993, eles publicaram descobertas inesperadas descrevendo um novo nível de regulação gênica, que acabou sendo muito importante e conservado ao longo da evolução", destacou o Comitê em comunicado oficial.

Durante seu período como bolsistas de pós-doutorado sob a orientação de Robert Horvitz, laureado com o Nobel em 2002, Ambros e Ruvkun realizaram pesquisas no laboratório de Horvitz, estudando a lombriga C. elegans, um organismo modelo com apenas 1 mm de comprimento.

O foco de sua pesquisa era entender como determinados genes regulam o tempo de ativação de programas genéticos específicos, garantindo que diferentes tipos celulares se desenvolvam nos momentos corretos. Eles estudaram vermes mutantes das linhagens lin-4 e lin-14, que apresentavam falhas temporais na ativação genética durante o desenvolvimento.

Após essa fase, Ambros continuou seus estudos sobre a mutação lin-4 na Universidade de Harvard. A investigação revelou que o gene lin-4 produzia uma molécula curta de RNA sem capacidade de codificar proteínas, sugerindo sua função inibitória sobre o gene lin-14.

Paralelamente, Ruvkun explorou a regulação exercida pelo gene lin-14. Diferentemente do que se pensava sobre regulação gênica tradicional, ele demonstrou que não é a produção do mRNA pela lin-14 que é impedida pelo lin-4, mas sim a produção da proteína.

A pesquisa resultou em uma descoberta revolucionária: o microRNA produzido por lin-4 interage com sequências complementares no mRNA de lin-14, bloqueando assim a produção da proteína correspondente. Essa descoberta revelou um novo princípio regulador mediado por microRNAs, até então desconhecido.

Especialistas afirmam que essa descoberta acrescenta uma nova camada à compreensão da regulação gênica, fundamental para organismos complexos. A falha nessa regulação pode estar associada ao desenvolvimento de câncer e outros problemas genéticos.

Os anúncios dos vencedores do Prêmio Nobel deste ano continuarão ao longo da semana: Física será divulgado na terça-feira (8), Química na quarta-feira (9), Literatura na quinta-feira (10) e Paz na sexta-feira (11). O Prêmio Nobel de Economia está programado para ser anunciado na segunda-feira seguinte (14).

O que é o Prêmio Nobel?

O Prêmio Nobel é amplamente reconhecido como uma das mais importantes honrarias globais concedidas a indivíduos cujas contribuições beneficiem a humanidade. Instituído por Alfred Nobel em seu testamento de 1895, a premiação abrange as áreas de física, química, fisiologia ou medicina, literatura e paz desde 1901.

Entre os laureados históricos estão Albert Einstein (1921) por seus estudos sobre o efeito fotoelétrico; Robert Koch (1905) pela identificação da causa da tuberculose; Martin Luther King Jr. (1964) por seu papel nos movimentos civis; e Malala Yousafzai (2014) pela defesa dos direitos das crianças à educação.

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