No dia mais sombrio de sua curta presidência, Joe Biden viu a guerra mais longa dos EUA terminar exatamente como começou: com ataques terroristas direcionados
Redação Publicado em 27/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h05
No dia mais sombrio de sua curta presidência, Joe Biden viu a guerra mais longa dos EUA terminar exatamente como começou: com ataques terroristas direcionados aos americanos. Como o antecessor George W. Bush, há 20 anos, o presidente prometeu caçar os terroristas e fazê-los pagar pela carnificina que deixou pelo menos 80 mortos, entre os quais 13 soldados americanos, nos arredores de Cabul.
A fisionomia combalida de Biden diante do maior número de baixas de militares no país em uma década, no entanto, lançou dúvidas sobre a retaliação ao seu mais novo inimigo, o EI-K, o braço do Estado Islâmico no Afeganistão.
Desta vez, as tropas estão deixando o país, após uma guerra perdida, na rota inversa da que fizeram em 2001. Se os EUA entraram para coibir o terror, saem de lá humilhados pela demonstração de força de seus agressores. Os ataques no aeroporto arruinaram a narrativa articulada pela Casa Branca de que conseguiria retirar mais de 100 mil americanos e afegãos sem derramamento de sangue.
As convicções de Biden para encerrar a guerra encontraram respaldo entre os americanos. Mas a maneira atabalhoada de dar um fim a ela desconstruiu rapidamente o seu discurso.
O presidente assegurou que a população não reviveria as cenas dramáticas da retirada de Saigon. O que se viu nos últimos dias no aeroporto de Cabul foi mais dramático: afegãos em desespero pendurados em avião militar ou entregando seus filhos.
Biden justificou a saída de uma guerra sem sentido para salvar vidas de militares e não ter que voltar a telefonar para os pais dos mortos em combate. Nas últimas horas foi forçado, contudo, a retomar o ritual.
Ele prometeu transportar em segurança americanos e afegãos em situação vulnerável e não deixar ninguém para trás. E ainda restam quatro dias de incertezas, caos e tensão antes do prazo final.
Os dez dias que abalaram o governo Biden terão duros reflexos sobre seu mandato. O presidente navega entre a derrota para o Talibã, a humilhação diante de uma facção terrorista e a falta de credibilidade junto a seus aliados. O compromisso de trazer os EUA de volta à política externa se diluiu nesta retirada catastrófica do Afeganistão.
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G1
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