por Marcus Vinícius De Freitas
Publicado em 13/09/2023, às 06h54
A definição do sucesso da Cúpula do G20, realizada em Nova Delhi, na Índia, está diretamente atrelada aos resultados que serão alcançados nos próximos meses. Considerando que, desde 2008, o impacto do G20 tem diminuído, só o tempo dirá se, de fato, ainda tem alguma relevância global.
Embora tenha representado ganhos políticos para a Índia, que pretende ter um papel mais atuante no Sul Global, particularmente com a entrada da União Africana ao bloco, não se pode acreditar na narrativa de que com esta Cúpula do G20 a Índia teria assumido o papel de protagonista global em oposição à China como muitos pretendem retratar. O fato é que a China tem uma renda per capita seis vezes maior que a Índia e é o principal parceiro comercial de mais de 140 países e territórios. Isto coloca a China décadas à frente na questão de relevância global e de competitividade na liderança. Foi, no entanto, uma reunião importante para o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, particularmente para o seu público doméstico e nas próximas movimentações eleitorais do país.
Um dos resultados positivos – se implementado, de fato – será o corredor de infraestrutura que Modi anunciou em 9 de setembro. O Corredor Econômico Índia – Oriente Médio – Europa (IMEC), que contará com a colaboração entre Índia, Estados Unidos e abrangerá os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, a União Europeia, dentre outros, tem o objetivo de contrapor-se à Nova Rota da Seda, liderada pela China, e abrir oportunidades econômicas para a Índia, que desempenha um papel importante de contenção à China pela estratégia desenhada por Washington.
O presidente norte-americano, Joe Biden manteve o objetivo de construção de blocos que impeçam o processo de ascensão da China como potência global. Resta saber se o discurso e as promessas se consolidarão ou ficarão perdidos como em iniciativas anteriores, pois o governo Biden tem sido pródigo em anunciar iniciativas sem dar o devido prosseguimento.
A Rússia ganhou pontos ao garantir que não lhe fizessem condenações específicas como era pretendido. A declaração final da Cúpula condenou o uso da força para ganhos territoriais, porém não criticou a Rússia diretamente. A preocupação era que a Guerra da Ucrânia poderia, à semelhança do último encontro do G20, sequestrar as discussões e não se tratar dos assuntos mais prementes da agenda internacional. Foi um ponto importante para a Rússia porque, de alguma forma, logrou um ganho diplomático na queda de braço com a Ucrânia e os países membros da OTAN. Dentre os países participantes, havia aqueles que entendem que a Guerra na Ucrânia é um assunto europeu e uma tentativa de reavivamento da Guerra Fria, uma guerra por procuração dos Estados Unidos com a Rússia e tendo a China como alvo. Essa guerra, que se deveu a um processo de expansão da OTAN em área de influência russa, tem tido um custo global enorme, inclusive prolongando os efeitos negativos da pandemia da Covid-19 e impedindo a necessária recuperação da economia global.
Os países africanos, por fim, ganharam um espaço importante, também numa tentativa de conter a intensa atuação chinesa no continente africano, particularmente em razão dos enormes investimentos feitos pelo país asiático em infraestrutura em vários daqueles países.
Para Lula, que, a partir de 2024 estará à frente da condução da próxima Cúpula do G20, a reunião foi importante porque ele teve a oportunidade de reafirmar, uma vez mais, o contraste de sua política externa com a de seu antecessor e demonstrar um capital político internacional maior, embora desperdiçado ao buscar a ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas e não um Acordo de Livre Comércio com a China como seu maior legado.
O Brasil é um país do qual se espera mais no contexto internacional. Ao pretender alçar voos maiores nas relações internacionais, é importante compreender que é necessário maior profundidade na política externa brasileira, além da necessidade de um reforço na questão militar, com clareza do que se pretende alcançar e contribuir. O governo Lula tem, de fato, incrementado a visibilidade internacional do Brasil. O maior desafio, no entanto, reside em saber, efetivamente, qual é o objetivo da política externa brasileira e como isto será convertido em ganhos efetivos para o País.
Muito se fala que o alinhamento do Brasil aos BRICS, agora expandido, é perigoso. Trata-se de um equívoco, por tratar-se de uma tentativa fundamental de realinhamento da ordem global aos novos tempos e à diversidade existente no mundo. A ausência do presidente chinês, Xi Jinping, também refletiu um sentido importante do êxito diplomático chinês na questão da expansão dos BRICS. Ficou claro que para Beijing a construção do BRICS como um novo arranjo de governança global é mais relevante do que o próprio G20, com a possibilidade de os países aderentes ao novo arranjo de governança global alcançarem ganhos e possibilidades de relevância incrementada.
À medida que uma nova ordem global vai-se aprofundando, manter-se equidistante em determinadas situações será difícil para o Brasil. Para exercer liderança mundial é necessária a tomada de decisões e de lado. A postura sem lado, sem posicionamentos, tem sido criticada internacionalmente com relação à forma como o Brasil age, inclusive qualificando-o como um Anão Diplomático. O elemento fundamental – ressalte-se – é o País compreender, profundamente, as suas necessidades domésticas e pautar a sua política externa exclusivamente pela defesa de seus interesses. A configuração de amizades deverá obedecer sempre à premência do interesse nacional. O que se espera de um país que quer ter uma atuação internacional mais acentuada é sobriedade na ação. Atuar na tentativa de satisfazer interesses múltiplos somente reflete a falta de compreensão daquilo que é o interesse nacional. Será que Lula tem isto claro em sua Política Externa?
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