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Bate-Papo com Marauê

Tati Oliva revela os segredos do networking e o futuro da CrossNetworking

A fundadora e CEO da CrossNetworking compartilha dicas valiosas para construir conexões eficazes, a trajetória inspiradora de sua empresa e sua visão sobre a economia criativa no Brasil

Tati Oliva - Imagem: Reprodução | Acervo
Tati Oliva - Imagem: Reprodução | Acervo
Marauê Carneiro

por Marauê Carneiro

Publicado em 04/06/2024, às 06h00


Na entrevista a seguir, Tati Oliva nos oferece uma visão aprofundada sobre como iniciar e manter um networking eficaz, compartilha os insights que levaram à criação da CrossNetworking, discute a economia criativa e os desafios futuros de sua empresa, além de fornecer dicas preciosas para empreendedores que desejam se destacar no mercado.

Vamos descobrir juntos como a informação pode ser uma poderosa aliada para transformar negócios e criar parcerias sustentáveis:

1. Sabendo que você é uma das maiores formadoras de opinião sobre o tema ´networking´ no Brasil, quais dicas você poderia deixar para os nossos leitores sobre como iniciar e realizar um bom networking?

R: Tudo começa pela observação. Seja no presencial ou no digital. Fazer networking é um processo que você precisa entender o outro, seus desafios, necessidades, se vocês têm objetivos em comum, por exemplo, para iniciar o seu movimento. Desta forma, quando você está munido de informações sobre a pessoa, fica mais fácil conversar, estreitar laços. É o conceito de se fazer presente e se fazer necessário, sabe?

Hoje em dia, as redes sociais são uma ótima ferramenta para pesquisar e, talvez, até iniciar o networking. Indo além, as plataformas são um espaço para mostrar o seu conteúdo, seus serviços e qual é o seu diferencial. Dá para você observar as necessidades dos contatos que quer alcançar, algo que já te deixa com várias cartas na manga, para quando forem se encontrar e conversar sobre negócios. 

Na minha visão, é assim que se cria a conexão mais sustentável entre duas pontas. Você entendeu o que a pessoa precisa e ainda se mostra importante, necessário e entendido de todo o processo. Por isso, gaste tempo pesquisando, sim, para ser mais atrativo e assertivo.

2. Qual foi o insight que a motivou para idealizar a empresa Cross?

R: No começo da minha carreira, trabalhando com eventos, estava em constante movimento, presente em reuniões de discussão de ações entre marcas. Como sempre fui curiosa, a atenção aos detalhes era constante e fui percebendo que essa conversa poderia se aprofundar. Percebi que as marcas não se entendiam completamente e, então, vi que existia uma oportunidade inexplorada. Poderia pegar o que a marca A sabe fazer de melhor, para sanar uma dor da marca B, e fazendo todo mundo ganhar.

Foi assim que a Cross Networking nasceu, com o DNA de que a informação é uma oportunidade de negócio. O meu trabalho é pensar sobre a experiência de todos os envolvidos nessa equação, nessa tríade, incluindo parceiros e cliente final, agregando mais valor para a marca. Isso é o que chamamos de Crossability. A minha empresa mostra novas formas de fazer o que o patrocinador já sabe fazer bem, potencializando esse triângulo. É importante ter foco, mas, às vezes, é preciso escutar um pouco mais para encontrar oportunidades. E, por trabalhar tanto tempo no Banco de Eventos, nos Carnavais do Rio de Janeiro, por exemplo, carreguei comigo uma rede de fortes contatos, mas nada teria acontecido se eu não soubesse escutar os clientes e as necessidades.

3. Que estamos na era colaborativa não é novidade para ninguém, qual sua visão sobre a economia criativa no Brasil e como você aplica na Cross?

R: O povo brasileiro é riquíssimo criativamente falando. E a grande conquista que tivemos nos últimos tempos foi a profissionalização da Economia Criativa, com instituições federais e estaduais focadas em fomentar o assunto. Este setor é um grande motor de novos modelos de negócios, que se desvencilhou da imagem de mera fonte de entretenimento e bem-estar para ser um elemento essencial do desenvolvimento da nossa economia. No entanto, ao meu ver, para que ele se estabilize mais, precisamos de mais ações que ajudem no desenvolvimento e sustentação financeira, além de parcerias entre empresas e universidades, por exemplo, para melhorar a qualificação dos profissionais que atuam nessa área.

Falando da Cross, estamos em constante processo de evolução e criação, com um olhar para novas oportunidades para as regiões do Norte e do Nordeste, que precisam de mais espaço e visibilidade. Queremos estar mais aprofundados na cultura desses lugares, para criarmos projetos mais democráticos ou focados em algum estado, a depender das necessidades dos clientes. 

4. Com relação a sua trajetória profissional, quais foram os cases mais marcantes da sua carreira e por quê?

R: São tantas as parcerias que já fizemos na Cross, como Track&Field Run Series, 3 Corações, Ruffles, Budweiser, Maizena, Kopenhagen, Kibon e CIF. Porém, o projeto que fizemos entre Maizena e Tok Stok é um ótimo case para explicar a questão da sustentabilidade dos negócios e do conceito de Crossability e um case de sucesso para as duas marcas.

Outro projeto que rompeu barreiras é o Camarote N1. Com ele saímos da Sapucaí e alcançamos um novo patamar ao desenvolvermos uma linha exclusiva de produtos com a marca N1, que mostra a sustentabilidade dos projetos que são alinhavados pela Cross. Conseguimos transformar uma parceria pontual em perene e sustentável ao longo do ano com grandes parceiros comoBrizza, Caya, Tuc, FOM, Colcci, Onom, New Advance, Domino's, B Boost, Santa Helena, Mack Collor e Stanley. Tudo com a marca N1.

5. Quais são os principais desafios da Cross para 2024 e 2025?

R: Os próximos desafios consistem em continuar o ótimo trabalho que fizemos no ano passado, em termos de faturamento e de parcerias iniciadas e renovadas. Além disso, queremos fortalecer ainda mais o nome da Cross como referência em parcerias pensadas de uma forma inovadora e que traz questionamentos para o jeito que fazem o marketing acontecer. Como sócia e membro do conselho da Holding Clube, eu tenho a missão de trazer mais esse olhar das parcerias para os nossos clientes como um mercado prioritário e que merece mais atenção. Desta forma, acredito que vamos ter muitos desafios enormes, que serão bons nortes para caminharmos nos próximos dois anos.

6. Existe alguma dica do que não fazer quando se trata de networking?

R: Jamais vá para um encontro sem se preparar. É sua obrigação. O horário na agenda de um executivo, por exemplo, é algo muito disputado. Não comece a falar direito sobre a sua empresa e seus serviços. Prefira escutar primeiro. Se você observa e abre a escuta ativa, entenderá quais são as oportunidades certas para construir um negócio relevante, que acontecerá de forma orgânica e renderá bons frutos. Depois do vínculo criado, do projeto bem pensado, então, é só fazer acontecer com a sua expertise.

7. Como uma boa empreendedora Brasileira, qual mensagem gostaria de deixar para os nossos leitores?

R: Lembre-se que todo o trabalho deve partir de um estudo de contexto, de diagnósticos, mapeamentos e pesquisa, para, assim, começar a criação das parcerias que supram os objetivos dos clientes. A parceria só nasce quando se tem o conhecimento de quem você é e aonde você quer chegar. Se você acredita no seu negócio, não deixe ninguém te desacreditar. A Cross parecia coisa de maluco, ganhar dinheiro com parcerias, mas deu certo. O lema é “Ou dá certo ou dá certo”.

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