por Kleber Carrilho
Publicado em 12/10/2024, às 08h27
As eleições deste ano trouxeram lições valiosas que vão muito além dos resultados. Elas mostram tendências que vão moldar o cenáriopara 2026. Entre os principais aprendizados, é essencial destacar a insatisfação com a política tradicional (ainda), a transformação do papel das redes sociais nas campanhas e a crise que atinge os partidos mais importantes da redemocratização.
Um dos fenômenos mais marcantes foi a ascensão de personagens como Pablo Marçal. Ele representou um grupo de eleitores que, frustrados (novamente) com o modelo tradicional de política, não encontraram mais respostas nem mesmo no bolsonarismo, que se apresentou há poucos anos como uma força anti-establishment. Marçal mostrou que tem espaço para novos personagens. Esses eleitores insatisfeitos, que buscam alternativas fora dos grupos tradicionais, não vão desaparecer. Pelo contrário, eles podem trazer outras figuras que tentem liderar essa frustração até 2026.
Outro ponto importante nesta campanha foi a mudança de dinâmica nas redes sociais. Elas deixaram de ser "sociais" no sentido original de promover interações horizontais entre usuários que de alguma forma se conectavam. As plataformas viraram ferramentas de estratégia de exposição, sendo que Marçal foi um dos candidatos que mais explorou essa nova lógica ao popularizar os famosos “cortes" nos Reels do Instagram e no TikTok. Esses vídeos cursos mostram que as estratégias tradicionais, como o uso de robôs e fazendas de trolls, foram substituídas por uma nova modalidade de engajamento: a distribuição paga de conteúdo por influenciadores digitais. Em vez de manipular algoritmos com perfis falsos, a nova tendência é pagar bem por uma rede profissionalizada de distribuição.
Além disso, as eleições reforçaram o declínio dos dois grandes partidos da redemocratização, PSDB e PT. O PSDB, que dominou a política paulista e nacional, parece caminhar para uma morte política iminente. Sem conseguir renovar suas lideranças ou ajustar seu discurso às novas demandas da sociedade, o partido teve ainda mais dificuldades. Por outro lado, o PT, ainda relevante no cenário legislativo, parece perder espaço no Executivo, o que é um sinal claro de que a base eleitoral do partido se enfraquece.
Esse cenário abre uma perspectiva interessante para 2026. O presidente Lula, possivelmente, terá que ajustar seu posicionamento ainda mais ao centro, mais próximo ao PSD de Eduardo Paes e Gilberto Kassab do que ao PT tradicional. Esse movimento não é inédito: o próprio Lula já demonstrou em várias ocasiões a capacidade de conciliar diferentes forças políticas e caminhar para o centro.
Voltando a 2024, o segundo turno ainda pode trazer algumas mudanças, mas é improvável que ele mude as lições e observações que estas eleições já trouxeram. O processo de descontentamento com a política tradicional, a nova lógica das redes sociais e a crise dos partidos históricos serão temas centrais daqui para a frente, e as lideranças vão ter que lidar com essas novas realidades.
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