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Preparador do Corinthians revela velocidade atingida por Willian e define Róger Guedes: “Um cavalo”

O torcedor mais atento ou mais empolgado provavelmente já percebeu uma presença enérgica nos vídeos de bastidores do Corinthians, sempre incentivando os

Preparador do Corinthians revela velocidade atingida por Willian e define Róger Guedes: “Um cavalo”
Preparador do Corinthians revela velocidade atingida por Willian e define Róger Guedes: “Um cavalo”

Redação Publicado em 30/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h32


Flávio de Oliveira fala ao ge sobre atual estágio da equipe, rasga elogios a reforços e explica por que virou meme em vídeos de bastidores do Timão

O torcedor mais atento ou mais empolgado provavelmente já percebeu uma presença enérgica nos vídeos de bastidores do Corinthians, sempre incentivando os jogadores. Trata-se de Flávio de Oliveira, preparador físico do clube e responsável por deixar os atletas 100% para entrarem em campo.

Em entrevista exclusiva ao ge, o dono de frases motivacionais marcantes no vestiário explica como está a evolução dos reforços, os trabalhos que vêm sendo feitos com os garotos mais franzinos, como Adson e Gabriel Pereira, a rotina dos que não jogam e o atual momento da equipe.

Flávio detalhou também a velocidade atingida pelo meia-atacante Willian no último duelo, contra o Palmeiras. O camisa 10 chama a atenção por sua velocidade mesmo aos 33 anos, algo genético, de acordo com o profissional.

– O GPS dá velocidade, ele chegou a quase 35km/h, velocidade considerável. Ele tem isso dele, é genética, muito rápido. Isso é fibra. A fibra rápida dele é muito intensa. Tem poder de aceleração, mudança de direção. Estamos tendo esse cuidado, falo com o atleta no dia a dia, fora os dados de GPS. Essa troca de informação é confiança. Estou sempre falando com ele, esse lado dele de acelerar e desacelerar é dele. É o terceiro jogo que ele vai, a tendência é evoluir, crescer. Já tem lastro grande.

Flávio de Oliveira ao lado de Doriva (à esq) e Sylvinho no Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians

Flávio de Oliveira ao lado de Doriva (à esq) e Sylvinho no Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians

– A maneira de trabalhar com esses caras é muito simples: é só não atrapalhar. O potencial já é muito alto – disse, referindo-se ao quarteto de reforços, Giuliano, Róger Guedes, Renato Augusto e Willian.

Outro citado por Flávio foi Róger Guedes. Para o preparador, uma comparação válida é com um animal conhecido por ter força e potência desenvolvidas ao longo da vida.

– O Róger ficou muito tempo nessa situação de intervalo entre China e Corinthians com um personal, o Ramon, hoje isso é uma tendência de todo profissional de alto nível ter essas pessoas para trabalhar, a gente não vê problema de ter mais um profissional acompanhando nosso dia a dia, sempre estamos muito alinhados, mostrando o que o atleta faz aqui dentro, dia a dia, para encaixar variável que ajude o atleta a ter performance. Situação normal no mundo, em grandes clubes. Vejo ainda que os quatro, mesmo estando em reta final do ano, ainda têm muita coisa a agregar, a crescer, evoluir. Ele fez um baita de um jogo. Quarto jogo que fez 90 minutos, Giuliano também vem bem – explicou.

Róger Guedes durante treino do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Róger Guedes durante treino do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

– Periodicamente, a gente tem o controle de carga, do que faz esse cara, interna e externa, fisiologia, nutrição, para saber até quando podem ir ou não. Vamos entrar numa sequência de sábado, terça e sábado. Vai mudar nossa rotina de controle bioquímico. Róger vem numa sequência boa. É menino, tem uma sequência genética boa, é um cavalo. Joga em várias posições, tem dinâmica, intensidade, sabe fazer gol. Fez jogo maravilhoso, se sente muito bem naquele momento. O processo tem margem a evoluir, volto a repetir: eles são diferentes e respeitamos essas diferenças – completou Flávio.

Veja a entrevista exclusiva com Flávio de Oliveira:

ge.globo: Você citou o Róger como um menino ainda, mas quem também tem impressionado e não é mais menino é o Giuliano. Como tem sido o trabalho com ele, que vive uma sequência de oito jogos?
Flávio de Oliveira: 
– A gente respeita a individualidade deles, eles são diferentes. Rodagem, locais em que estavam, desgaste. O futebol hoje não é saudável. Muito intenso, dinâmico, volume não mudou muito, entre 10 ou 12 km por jogo, mas aceleração e desaceleração aumentaram muito e machuca musculatura. O Giuliano é muito profissional e inteligente, menino querido demais por nós. Gosto de acompanhar as entrevistas. As colocações dele do nosso dia a dia, da perspectiva do clube, são sempre com propriedade. Vejo esse processo também com muita da responsabilidade do atleta. Fora do clube, não sei mais o que ele faz. O procedimento de sono, alimentação, cuidado, complemento com profissional dele, isso é interessante, quanto mais profissional for, mais longa a vida dele ativa será. Mais vai usufruir do futebol. Os quatro… Willian Liga dos Campeões e Copa do Mundo, Renato também, Giuliano seleção brasileira e o Róger vejo seguindo esse caminho. Vejo esse dia a dia com sabedoria. Sylvinho tem o feeling de saber até onde ir com o atleta. Temos dados de carga de treino. Giuliano é de alto nível.

O torcedor pode se preparar para ver todos esses caras no 100% ainda neste ano?
– Eu vejo assim: sempre crio os ciclos dentro do futebol brasileiro, são microciclos. Deles, tento tirar o máximo do atleta. Jogo não é só correr, tem parte técnica, tática, emocional. Daqui a pouco, vamos para o Nordeste, jogo é caos, com bola, sem bola, rival… Situação difícil de controle. Mas se a gente puder tirar o máximo deles nesse fim de ano, vamos tentar. O processo do ano que vem são outros olhos, pré-temporada, ainda não sabemos como vai ser, ano que vem tem Copa do Mundo. Enquanto a gente tiver esse tempo, sabedoria, melhorar performance. Vamos tentar elevar ao máximo o nível contra o Bragantino e depois, descansa, e vamos para o Bahia. Com tempo maior, é sensacional.

Você tem notado essa evolução no dia a dia?
– Sim, o volume e intensidade deles não mudou muito. Temos mais cuidado no sentido de dar carga maior nos jogos com Willian e Renato, que ainda não completaram jogo. Projeção gradativa, vão por um certo tempo, subir, subir… O jogo pode mudar, pode ficar mais difícil ou não. São caras com lastro grande, atletas de alvo nível. Têm inteligência de jogo, genética boa, vamos lapidando, dando carga. E eles vão melhorando. Eles têm mantido o mesmo nível. A gente controla quando abaixa ou sobe muito. Jogo não é só correr. Pensar, ter leitura, eles têm muito isso. Vejo que ainda tem muito para melhorar e crescer. Nunca está bom.

Gabriel Menino disputa a bola com Willian em Corinthians 2 x 1 Palmeiras — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Gabriel Menino disputa a bola com Willian em Corinthians 2 x 1 Palmeiras — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Dos dois citados, dá para dizer que é Renato quem demanda mais cuidados? Em quanto tempo o vê jogando no 100%?
– Acabou o treino, falei com ele, fez um baita de um treino. Subimos a carga dele na semana passada, era necessária. Teve uma infecção, dor no adutor, que achamos melhor tirá-lo do jogo, deu uma quebrada. Mas trabalhou bem, construiu carga, participou bem contra o Palmeiras. Alguns demandam mais tempo para recuperar, às vezes, até mais de 48 horas. Exigência do jogo é muito alta. É preciso ter cuidado com o que vai fazer. G1 é quem joga, G2 quem entra e G3 quem fica fora. Evoluiu, melhorou, mas pelo tempo que ficaram sem jogo, ainda tem processo para crescer. Vou em blocos, vou agora pelo Bragantino. O andar da nossa grade de jogos, vamos vendo. Carga de treino vai caindo conforme aumenta a sequência de jogos. Ano que vem, vão dar muita alegria.

Renato Augusto no treino do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Renato Augusto no treino do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Você tinha citado a velocidade do Willian, as qualidades do Guedes… O clube pode fazer algo para potencializar isso?
– Às vezes, tenho maneira de avaliar esses caras: é só não atrapalhar eles. Têm potencial muito alto. O que a gente puder fazer para ajudar, perfeito. Se não, deixa eles jogarem. Não tem o que mexer muito. Alto nível. Com treinos e jogos, nossa, vão fazer muita coisa bacana. Torcida vai ficar muito feliz. Time competitivo, disputando na frente. Camisa pesada. Estamos vendo o esforço da direção, virá muita coisa boa.

Alguns jogadores têm ficado sem atuar. Como é o trabalho com esses atletas?
– Jogou domingo, voltamos a treinar na segunda, quem não participou do jogo, o Sylvinho abre o campo entre nós, faz posse de bola, coletivo de bico de área, faz volume nesses caras. Terça tem folga, ainda estão em processo de desgaste, incluindo o pessoal que treinou na segunda. Na quarta, está todo mundo mais limpo, fazemos trabalhos na academia, força, potência. Esse volume a gente controla com carga de jogo e treino a mais do G2 ou G3, são 30 km com todo mundo. G3 às vezes fica um pouco aquém. É difícil equacionar, mas estamos mantendo uma linha bacana de carga de trabalho para esses caras que não jogam. Jogadores pendurados, estamos alertas. Estamos controlando o trabalho, suplementação também. Vamos ter sábado, terça, sábado… Dormir bem, comer bem, suplementar.

Não pensam em fazer jogos-treino?
– A gente está evitando entrar gente no CT pela situação da Covid, tem gente que liga pedindo para vir fazer jogo-treino, mas ainda não trouxemos ninguém. Entre nós e base. Temos proveito nesse sentido. Cria situação forte e pesada se traz de fora.

Dentro disso, há a situação específica de Fábio Santos e Lucas Piton. O Fábio vem de uma sequência de 15 jogos, e o Lucas parado por todo esse tempo. Como motivar o garoto que não joga e não desgastar o veterano com essa sequência?
– A gente tem que ter muita atenção com todos, sou um profissional que sempre vi isso no todo. Quem joga, está em momento bacana, feliz, e quem não está sendo aproveitado pode não estar. São seres humanos, têm problemas, mulher, filho, mãe, pai… Temos que estar atentos. Falei com Piton, tem se esforçado bastante, faz até a mais, sabe que daqui a pouco pode ser aproveitado. Fábio está pendurado. E sobre o Fábio, temos atenção especial, demanda atenção após os jogos. Tem um dos maiores volumes e intensidades nossas no controle do GPS. Temos sempre atenção na recuperação, ele se conhece muito, faz preventivo, força, potência. É outro do grupo de alto nível. Jogou em times grandes. Para nós, é prazeroso trabalhar com essa turma. Vejo também, falo para a molecada prestar atenção em bons exemplos. Atletas consagrados e molecada subindo. Estamos atentos. Sylvinho fala muito da força do grupo. O grupo precisa estar pronto, atento, porque todo mundo pode ser usado.

Lucas Piton em treino do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Lucas Piton em treino do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Dois garotos vêm se destacando bastante, o Gabriel Pereira e o Adson. São dois de perfil franzino, que foram ganhando massa. Como está sendo o trabalho como eles?
– São garotos de muita qualidade, potencial, técnica, vitória individual. O GP tinha histórico de lesão muscular no ano passado, cuidamos dele, fazendo trabalhos preventivos. Está seguindo bem, num momento bom. Autoestima, coragem, fazendo bons jogos. Adson, também, voltando agora. São jovens, de vez em quando, tem comida errada, mas tem que ter equilíbrio. Processo de alimentação, sono, tudo demanda tempo. O clube está atento com esses meninos. Sempre há campo para evoluir. É só querer. Não sei quanto cada um ganhou, mas foi bom para eles, considerável e ajudou. Tem muita coisa a melhorar. O ajuste, voltar para o trilho, para o foco. No mundo que a gente vive precisa ter foco.

Você está famoso entre a torcida, conhecido por incentivar os jogadores antes das partidas, gritar bastante… Chegou até a virar meme na internet. Viu isso?
– Eu tive uma passagem em 2009 aqui no clube. Errei e me precipitei ao sair. Um dos maiores arrependimentos da carreira foi isso, tenho muito desse clube, vontade, raça, gana, do povo. Sempre lembro da alegria desse povo. Ali é um momento especial para mim. No dia a dia é muito trabalho, orientação, mas ali naquele momento especial vejo como ímpar no nosso trabalho. Sou assim, sempre tive essa energia boa, passar luz, pensamento positivo. Você estar nesse clube é maravilhoso. Sempre fui assim, agradeço a Deus todos os dias. Enquanto puder ajudar, vou passar coisas boas. A torcida, a galera vai estar conosco e a energia deles é muito importante. Dentro do que posso ajudar, é meu jeito. Tem isso, também? Eu no meu dia a dia não pareço ser aquilo, sou tranquilo, equilíbrio. A minha mulher não acha tanto… Risos. No vestiário, no dia a dia aqui, fico elétrico, junto com o Sylvinho, então, Nossa Senhora. São maneiras de trabalhar, de ser, mas essa parte de rede social eu não vejo muito. Não sei a dimensão disso tudo, mas sempre vejo pelo lado positivo, se está ajudando, ótimo. Trabalho é árduo, científico. Complemento é o jogo, momento ímpar, especial, gostoso. Prazer de ganhar é sensacional.

Flávio de Oliveira, preparador físico do Corinthians, em treino — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Flávio de Oliveira, preparador físico do Corinthians, em treino — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

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