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Parecer aponta inconsistências em venda de Rodrygo e questiona “vaquinha” do Santos

Relatórios preparados pela empresa Peritos, de "consultoria, auditoria e perícia contábeis", apontam possíveis problemas em negócios feitos pelo Santos nos

Parecer aponta inconsistências em venda de Rodrygo e questiona “vaquinha” do Santos
Parecer aponta inconsistências em venda de Rodrygo e questiona “vaquinha” do Santos

Redação Publicado em 11/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h14


Relatório pedido pelo Grupo de Riscos e Perdas mostra que parcelas da negociação do atacante do Real Madrid foram divididas em diversas novas vezes

Relatórios preparados pela empresa Peritos, de “consultoria, auditoria e perícia contábeis”, apontam possíveis problemas em negócios feitos pelo Santos nos últimos anos.

Em três documentos, Leone Peres, perito contador contratado pelo Santos para prestar serviços profissionais de consultoria contábil e financeira de seus lançamentos e movimentações financeiras, analisa três negócios encabeçados pelo clube:

  • a venda do atacante Rodrygo ao Real Madrid;
  • a “vaquinha” online para arrecadar fundos no fim de 2020;
  • e a contratação do escritório Bonassa Bucker Advogados.
Rodrygo foi vendido pelo Santos ao Real Madrid — Foto: Marco Galvão

Rodrygo foi vendido pelo Santos ao Real Madrid — Foto: Marco Galvão

De acordo com os documentos analisados pelo contador, Rodrygo foi vendido pelo Santos em 14 de junho de 2018 ao Real Madrid por 45 milhões de euros, a serem pagos em duas parcelas: 20 milhões de euros em 10 de julho de 2018 e 25 milhões de euros em 10 de julho de 2019.

O contador questiona a forma como as parcelas foram pagas. A primeira foi dividida em 17 vezes e a segunda, em dez vezes. Os valores ainda foram depositados em diferentes bancos e contas. De acordo com o profissional, não houve justificativa do fracionamento dos pagamentos.

Ainda sobre a venda de Rodrygo, o contador aponta que o Santos, mesmo recebendo R$ 106.349.920,48 até agosto de 2019, deixou de pagar R$ 20.819.000,00 para a Doyen em 30 de setembro do mesmo ano.

A dívida do Santos com a Doyen aconteceu pelo não pagamento de 5 milhões de euros ao fundo em virtude da contratação do atacante Leandro Damião, em 2013. Com o atraso, o valor aumentou para 15 milhões de euros.

Em julho de 2021, o Peixe conseguiu diminuir a dívida para 8,25 milhões de euros e parcelar o valor até dezembro de 2023.

“Vaquinha” online

O relatório entregue ao Santos no fim de outubro também põe suspeitas sobre a “vaquinha” realizada no fim de 2020 para levantar fundos ao clube, que vive problemas financeiros.

De acordo com documentos recolhidos pela auditoria, o Santos recebeu R$ 1.015.127,83 da KICKANTE SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO E HOSPEDAGEM EIRELI, empresa responsável por “organizar” a arrecadação, divididos em três parcelas: R$ 200 mil em 11 de novembro, R$ 200 mil em 19 de novembro e R$ 615.127,83 em 8 de dezembro de 2020.

Imagem anexada ao relatório de "vaquinha" do Santos — Foto: Reprodução

Imagem anexada ao relatório de “vaquinha” do Santos — Foto: Reprodução

O auditor ainda aponta uma diferença de R$ 95.420,68 entre o valor que havia sido anunciado como o arrecadado na “vaquinha” e o que foi declarado ao Santos nos documentos. À época, no site oficial da campanha, continha a informação de que o Peixe havia conseguido R$ 1.110.548,51, mas só R$ 1.015.127,83 aparecem nos registros de valores recebidos pelo clube.

A empresa responsável pela auditoria também levanta uma suspeita. Ao analisar a cronologia da “vaquinha”, o auditor questiona o fato de R$ 1 milhão ter sido arrecadado com dez dias de campanha e não haver especificação pelo clube de quanto foi arrecadado nos outros 20 dias – o prazo de contribuição foi de 21 de outubro a 20 de novembro.

Em sua conclusão sobre o assunto, o auditor relata, também, a ausência de um contrato de prestação de serviços entre o Santos e a Kickante.

Escritório de advocacia

Por fim, em um terceiro documento, a auditoria analisa cobranças feitas pelo escritório de advocacia Bonassa Bucker Advogados, com quem o Santos trabalhou em alguns casos nos últimos anos.

De acordo com a análise da auditoria, o escritório cobra R$ 9.971.943,43, mas o valor já havia estado numa nota fiscal emitida pelo Santos em 31 de outubro de 2017 para pagamento à Bonassa Bucker Advogados.

A conclusão do relatório é de que a empresa está cobrando valores que já foram pagos pelo Santos.

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Globo Esporte

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