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Marco Aurélio Cunha pode ser expulso do Conselho do São Paulo por trabalhar no Avaí; entenda

No dia 1º de julho, os conselheiros do São Paulo vão votar pela expulsão ou não de Marco Aurélio Cunha do quadro de conselheiros vitalícios do clube. O motivo

SAO PAULO
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Redação Publicado em 24/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h10


Estatuto do clube não aceita que conselheiro tenha cargo em qualquer outro clube; MAC rebate

No dia 1º de julho, os conselheiros do São Paulo vão votar pela expulsão ou não de Marco Aurélio Cunha do quadro de conselheiros vitalícios do clube. O motivo é que em janeiro, MAC, como é chamado, assinou com o Avaí para ser diretor-executivo, o que é proibido no novo estatuto do Tricolor.

No Artigo 10 do regimento interno do estatuto, o parágrafo “M” prevê a seguinte situação:

m) Assumir, o membro eleito de qualquer Poder do SPFC, cargo de direção em associação esportiva que dispute competição oficial de futebol profissional com o SPFC. Penalidade: perda do mandato, caso não tenha pedido licença prévia do cargo.

A denúncia envolvendo Marco Aurélio Cunha, por ter infringido esse trecho do estatuto, foi realizada pelo sócio do São Paulo e procurador de Justiça Luiz Fernando Rodrigues Pinto Júnior.

O pedido para investigação do caso chegou à Comissão de Ética do clube e, em um primeiro instante, a medida adotada foi procurar o presidente do Conselho Deliberativo, Olten Ayres Jr, para saber se MAC havia se licenciado previamente do conselho.

A resposta foi negativa, e uma audiência da Comissão de Ética foi marcada para debater e votar o tema. Após saber que a denúncia havia chegado para votação na Comissão de Ética, Marco Aurélio Cunha se licenciou da condição de conselheiro vitalício do São Paulo – ele foi eleito no final de 2014.

Mas já era tarde.

– O que eu fiz contra o São Paulo? Nada. Eu me licenciei antes de qualquer conflito existir. Estou em um clube da segunda divisão, que também não vai enfrentar o São Paulo na Copa do Brasil… Qual foi o ato que eu prejudiquei o São Paulo? Estão me punindo pelo o que eu não fiz – afirmou MAC ao ge.

Durante a audiência do Comissão de Ética para a votação se o caso iria ser julgado pelo Conselho Deliberativo ou não, Marco Aurélio Cunha pôde se defender e o fez com seu advogado em um documento de nove páginas.

A defesa se baseava, principalmente, no fato de que ele não causou nenhum dano ao clube no período em que não esteve licenciado e no cargo de diretor-executivo do Avaí. Além disso, alegou que o time catarinense não iria enfrentar o São Paulo em competições esportivas em 2021.

A Comissão de Ética, então, votou há cerca de dois meses, e o caso de MAC foi enviado para o Conselho Deliberativo por maioria dos votos (3 a 2).

– A discussão jurídica é que na época que foi pedida a licença, ele já estava vinculado ao Avaí pelo entendimento da maioria da comissão de ética – afirmou Antonio Maria Patiño Zorz, juiz e presidente da Comissão de Ética do São Paulo.

– A Comissão de Ética não expulsa ninguém. Ela dá um parecer que não é vinculativo e tudo é debatido no Conselho Deliberativo. A modalidade da exclusão é debatida, porque é a única penalidade – acrescentou.

Marco Aurélio Cunha no São Paulo — Foto: Rubens Chiri / site oficial do São Paulo FC

Marco Aurélio Cunha no São Paulo — Foto: Rubens Chiri / site oficial do São Paulo FC

A reportagem entrou em contato com outras pessoas que estiveram na audiência, e uma das teses levantadas é de que mesmo Marco Aurélio Cunha alegando que não tenha dado nenhum prejuízo ao São Paulo, ele não cumpriu o estatuto e poderia, sim, causar algum dano no futuro.

Um dos exemplos dados foi que, embora São Paulo e Avaí não se enfrentassem neste ano, ambos estavam inscritos na Copa do Brasil e poderiam vir a se enfrentar no ano que vem caso ficassem na mesma divisão. Além disso, poderia haver conflito de interesses em uma hipotética disputa por contrato de patrocínio ou até mesmo na negociação de jogadores.

Conotação política

Uma das alegações de Marco Aurélio Cunha é que o seu pedido de expulsão tem conotação política por ele ser do partido de oposição ao do atual presidente Julio Casares.

– Não existe me excluir do Conselho por isso. O Muricy já trabalhou no Santos, não é conselheiro, mas não importa. Por retaliação política fazem isso. Admira o São Paulo fazer isso, eu que nunca falei um “A”. Eu perdi a candidatura, continuei na oposição, fui leal e cumprimentei cada um depois da derrota. Tenho minha posição, mantenho, mas já falei com Julio e tudo. É uma retaliação pela minha posição – afirmou Marco Aurélio Cunha.

– Quando me defendi na Comissão de Ética com uma defesa bem elaborada em nove páginas disseram que em 30 dias dariam um parecer. Passaram mais de 60 dias para apresentarem a resposta da Comissão de Ética. De repente, vem essa convocação extraordinária – acrescentou.

No dia 1º de julho, data da votação no Conselho Deliberativo, MAC terá 20 minutos para se defender, e a votação dos conselheiros será de forma virtual e com voto fechado. Caso seja expulso, não cabe mais recurso. O caso, porém, pode ir para a Justiça comum.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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