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Leila Pereira se diz realizada com fase do Palmeiras e evita falar sobre disputa presidencial

Patrocinadora, conselheira e uma força importante nos bastidores neste atual momento do Palmeiras, Leila Pereira mostra empolgação ao falar sobre a fase

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Redação Publicado em 06/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 20h50


Patrocinadora, conselheira e uma força importante nos bastidores neste atual momento do Palmeiras, Leila Pereira mostra empolgação ao falar sobre a fase vivida pelo clube, que conquistou a Libertadores e neste domingo estreia no Mundial de Clubes da Fifa, contra o Tigres-MEX, às 17h, em Doha.

Quando o assunto é uma possível disputa ao cargo de presidente do Verdão, porém, a empresária desconversa.

– Várias pessoas falam isso (sobre ser candidata), mas seria ridículo de minha parte ficar falando e fazendo campanha. Sou candidata ao Conselho do Palmeiras. Depois que eu for reeleita, se for reeleita, aí a gente pode voltar a conversar sobre isso. Mas antes eu não vou falar – afirmou.

O momento no Palmeiras é de euforia e afirmação. Depois de um ano com dificuldades fora de campo e um rápido período de instabilidade na gestão da equipe, com direito a protestos contra a diretoria após o título paulista, o clube conseguiu alcançar o maior objetivo: o título da Libertadores.

Com o aporte financeiro das empresas que Leila dirige desde 2015, o Verdão conquistou a Copa do Brasil de 2015, o Brasileirão de 2016 e 2018, o Paulistão de 2020 e a Libertadores de 2020. Seria uma reedição da era Parmalat, quando o time foi patrocinado pela multinacional italiana e teve uma sequência de títulos durante a década de 1990?

– É uma honra para nós sermos comparados com essa era vitoriosa e inesquecível. Não tem essa disputa de ser maior, são incomparáveis. Eu gostaria de repetir essa era com a Crefisa. Quanto tempo que a Parmalat saiu e até hoje é lembrada? É isso que busco para nossas marcas.

– Quando você me pergunta se marcamos uma era eu nem gosto de falar isso porque fica parecendo que conquistamos a Libertadores e a missão está cumprida. Não. A gente não tem de lutar só para sermos protagonistas, queremos ser vencedores. Queremos mais títulos da América, mais títulos mundiais. Estamos construindo essa era que não tenho dúvida que vai ser muito longa. Vou ficar o resto da minha vida no Palmeiras. O que puder para fazer com que o Palmeiras seja mais vitorioso eu vou fazer – afirmou.

O presidente Maurício Galiotte vive em 2021 o último ano da sua gestão. Após um ano com queda de receitas por causa da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, o dirigente é elogiado no clube por não ter demitido funcionários. Opositores, porém, criticam a administração financeira e o aumento da dívida nos últimos anos.

Leila Pereira com Abel Ferreira na festa do título da Libertadores — Foto: Reprodução / Instagram

Leila Pereira com Abel Ferreira na festa do título da Libertadores — Foto: Reprodução / Instagram

No balanço de 2019, o clube informou ter uma dívida de R$ 172,1 milhões com a Crefisa, valor relacionado aos investimentos da parceira em contratações.

– No começo dessa pandemia ninguém sabia o dia de amanhã. Todos nós sofremos. As receitas dos clubes não caíram, despencaram… Jamais imaginaríamos que obtivéssemos tantos êxitos esportivos porque foi um momento muito assustador para todos nós. Uma coisa importante: a única receita do Palmeiras que não diminuiu foi do nosso patrocínio. Tenho certeza que outros patrocinadores de clubes negociaram para diminuir o valor em virtude da não exposição. Liguei para o Maurício e falei que nosso compromisso com o Palmeiras vai além de um patrocínio, é uma parceria. Falei: “Pode contar, não vamos diminuir um centavo que está no contrato” – contou a empresária.

– Por isso que acho que temos um pouco de responsabilidade nisso tudo, seguramos firmes com o Maurício. O Palmeiras não demitiu nenhum funcionário, conseguimos dar tranquilidade aos atletas. Como pode criticar essa gestão? Campeã da América, finalista da Copa do Brasil, protagonista no Campeonato Brasileiro, disputando a Recopa… O que um clube de futebol busca? Títulos. É o que estamos conquistando. E as contas estão equilibradas. Oposição sempre encontra alguma coisa para falar. Mas tudo bem. Uma oposição sadia é importante, unanimidade é impossível. Acho que os críticos vão criticar mais light – completou.

Para ter condição de liderar uma chapa na disputa presidencial, em novembro de 2021, Leila Pereira precisa ser reeleita na disputa por uma vaga no Conselho. A eleição para o Conselho Deliberativo seria neste sábado, dia 6, mas foi adiada por causa das restrições impostas pelo governo de São Paulo.

Veja outros trechos da entrevista do ge com Leila Pereira:

Título da Libertadores:
– A Libertadores era nossa obsessão. Era muito tempo (sem esse título) para o tamanho do Palmeiras. Tenho orgulho profundo de saber que estou participando dessa fase histórica, que as nossas marcas estiveram estampadas no título tão esperado da Libertadores. Eu me sinto realizada, porque em 2015, quando entramos como parceiros, esse era objetivo. De tornar o Palmeiras não só protagonista, mas novamente vencedor. Conseguimos isso em um curto espaço de tempo. É pouco tempo com a reestruturação que foi feita.

– Não acredito em coincidência, sou muito racional. Em 2015, quando começa essa parceira, quando inaugura o Allianz Parque, começa o protagonismo do Palmeiras. Meu sentimento é de estar participando e ter um pouquinho de responsabilidade pelo investimento que foi feito, pela tranquilidade financeira que nós demos ao Palmeiras. Eu me sinto um pouco orgulhosa.

Não participar da final da Libertadores e do Mundial no Catar:
– Eu nunca perdi um jogo. Quando era no Allianz, a gente assistia no nosso camarote. Quando era fora, a gente pegava o avião da empresa e ia. Sempre fui presente, mas com essa pandemia… Eu sempre digo que sou em primeiro lugar uma torcedora, não gosto de nenhum tipo de privilégio. Nessa situação tão diferente que estamos vivendo, o Maracanã, aquele templo enorme com 78 mil lugares, como eu poderia estar lá sendo que a grande maioria do torcedor não teve essa oportunidade? Não quis me sentir privilegiada. Quem foi lá foi privilegiado por assistir ao vivo essa conquista tão importante.

– O presidente me convidou, agradeci muito, mas falei não. Como o torcedor não pode ir, eu também não vou. Vou assistir como todos os nossos torcedores, em casa. Uma conquista dessa onde você estiver é histórica. Se no Maracanã, na final da Libertadores, já era restrito o número de pessoas, imagina no Catar. Mais restrito ainda. Como fiquei em casa na Libertadores vou ficar em casa no Mundial.

Dívida do Palmeiras com a Crefisa:
– A situação não é boa para o Palmeiras e não é boa para a Crefisa. O Palmeiras tem de caminhar com as suas pernas. Não tem de se endividar. É isso que eu acho. Temos de ser protagonistas e vencedores em campo, mas não é possível endividar o clube enlouquecidamente para conquistar títulos. Porque depois essa conta chega. Não quero citar outros clubes, mas todos nós que acompanhamos futebol, você vê que isso não está certo. O Palmeiras tem receita para isso, mas é como eu sempre digo: tem de ser administrado como uma empresa e não pode gastar mais do que arrecada. É uma conta simples. Achei acertado o posicionamento do nosso presidente.

– Não me preocupa (a dívida) porque existem os atletas. A medida que os atletas forem negociado, o Palmeiras acerta com a Crefisa. Os que saírem porque o contrato venceu o Palmeiras tem dois anos para pagar essa dívida. Estou tranquila, o Palmeiras tem receita, sempre honra os compromissos. Todos nós sabemos disso. Não fico preocupada, somos parceiros.

Leila Pereira com a medalha da Libertadores — Foto: Reprodução / Instagram

Leila Pereira com a medalha da Libertadores — Foto: Reprodução / Instagram

– Muitas pessoas falam que o Palmeiras não caminha com as próprias pernas por causa do patrocínio. É uma receita que todo clube de futebol tem, como bilheteria, sócio-torcedor, patrocinador, televisão… O Palmeiras expõe minhas marcas. Se não for a Crefisa, vai buscar outro patrocinador. O Palmeiras não pode ficar endividado seja com quem for. Essa é a minha luta, sou conselheira e dou conselho. Meu limite é aconselhar, não tenho a caneta, mas a ideia é essa.

Eleição para o Conselho
– Estou muito animada, tenho conversado bastante com o associado. Infelizmente, por causa da pandemia, não posso mais fazer meus eventos grandes no Palmeiras para conversar com o associado. Tenho chamado grupos pequenos de associados para conversar. É muito fácil falar o que vai fazer e acaba que não faz nada. Eu falo para o associado que quando for votar não tem de votar em amigo. Se gosta do clube, quer um clube vencedor, um clube social moderno e reformado, não tem de votar em amigo. Tem de ver quem realmente possa fazer alguma coisa.

– Eu falo o que já fiz tanto para o futebol como para o clube social e falo para tirar a conclusão do que ainda posso fazer. Já se comprovou que sou uma grande colaboradora, e acho que o associado precisa de alguém que faça algo e não fique só de conversa. Vou ficar muito honrada se o associado reconhecer o trabalho que eu faço de coração. Sou palmeirense, é um orgulho muito grande poder colaborar com meu clube. Vai ser uma honra muito grande ser reeleita. Estou trabalhando.

Críticas da oposição por causa da campanha na sede social:
– Eu sou candidata ao Conselho como são 180 candidatos. Quem vota é o associado, querem que eu faça campanha onde? No time rival? Na rua? Tenho de fazer campanha onde estão os eleitores. Todos os outros têm a mesma possibilidade. Quem me critica não quer fazer e não quer que eu faça. A possibilidade que eu tenho qualquer um teria também. Não é uma prioridade da Leila. É de qualquer candidato ao Conselho do Palmeiras. Se não quer fazer não é problema meu, mas não impeça de fazer. Não tenho privilégio nenhum.

Relação com torcida e protestos:
– Um dirigente de um clube da grandeza do Palmeiras tem de ser forte para enfrentar as críticas da torcida. Ainda mais no Palmeiras, que tem um torcedor extremamente rigoroso, crítico, ele quer ganhar. O torcedor está certo. O que a gente não admite é violência, mas sobre crítica você tem de ser forte para entender que o torcedor quer a vitória. Nosso presidente entende esse tipo de coisa. O que vão falar do nosso presidente? Olha a administração dele, fomos campeões paulistas, nessa pandemia não demitiu ninguém, protagonistas em todos os campeonatos, campeão da Libertadores. Foi um ano muito proveitoso e assertivo. É direito do torcedor se manifestar, quer vencer. É extremamente positiva todas as atitudes do nosso presidente, tanto que estamos vivendo isso.

Sobre virar alvo de críticas se for presidente algum dia:
– Sou candidata à reeleição ao Conselho Deliberativo do Palmeiras. Hoje não posso ser candidata Seria ridículo da minha parte ficar falando como eu agiria caso eu fosse candidata. Não sou candidata à presidência. Se eu não for reeleita não posso ser candidata. Se for reeleita, estarei apta como nossas centenas de conselheiros também estarão. Hoje a minha luta é ser reeleita conselheira. Tenho profundo respeito pelo torcedor. Vejo poucas pessoas que criticam essa parceria. Criticam até para ser diferente. Eu entendo, você tem de estar pronto para tudo. Não tenho medo de absolutamente nada. Esse negócio que mulher é o sexo frágil é coisa do século passado. Tenho medo de nada, enfrento tudo.

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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