Um resgate cinematográfico, que contou com uma verdadeira coalizão de ex-esportistas de diversas modalidades e nacionalidades, chegou ao seu último ato com
Redação Publicado em 08/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h28
Um resgate cinematográfico, que contou com uma verdadeira coalizão de ex-esportistas de diversas modalidades e nacionalidades, chegou ao seu último ato com sucesso: as jogadoras da seleção feminina do Afeganistão e suas famílias, retiradas de Cabul após a tomada do poder pelo regime do Talibã, já estão em segurança na Austrália.
A confirmação da chegada ao país da Oceania foi dada ao ge, em entrevista exclusiva, pelo ex-jogador australiano Craig Foster, hoje um ativista internacional de direitos humanos, que fez parte da equipe que planejou o resgate das jogadoras.
– Elas chegaram há quatro, cinco dias, estão em quarentena em diferentes cidades da Austrália. A comunidade do futebol australiano está se mobilizando para levantar fundos e ajudá-las, também comprando equipamentos, presentes, flores e outras coisas. Eu mesmo estive com algumas famílias aqui em Sydney, para lhes dar as boas vindas – afirmou Forster em entrevista por videoconferência na noite desta terça-feira, manhã de quarta em Sydney.
Imediatamente após a retirada de Cabul, as cerca de 80 pessoas resgatadas, incluindo 46 jogadoras, foram levadas para Dubai, onde passaram um período aguardando os arranjos finais para serem levadas para a Austrália. Por enquanto, o trabalho principal ainda é resolver as questões burocráticas – o governo australiano concedeu visto de refugiados a todo o grupo resgatado. Em breve, acredita Foster, as jogadoras já poderão pensar em retomar a vida normal, se possível novamente reunidas na mesma cidade.
– Alguns arranjos ainda estão sendo feitos para o assentamento delas no país. Claro que eu espero que elas continuem juntas, integradas à vida australiana e, claro, jogando novamente, afinal elas são uma seleção. O plano do governo, agora, é resolver onde elas ficarão aqui na Austrália. Há um grande apoio de toda a comunidade do futebol australiano – contou o ex-jogador, de 52 anos.
No dia 8 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que iria retirar as tropas americanas do Afeganistão, encerrando 20 anos de operação militar no país. Apenas uma semana depois, o regime do Talibã já havia retomado o poder, levando pânico e terror à população.
Um dos alvos do regime fundamentalista são as mulheres, que têm seus direitos cada vez mais restritos. A prática de esportes, por exemplo, é proibida pelo Talibã, situação que criou um ambiente de incerteza e insegurança para as jogadoras, que já têm um histórico de luta por direitos no país. Em 2018, a Fifa suspendeu o então presidente da Federação Afegã de Futebol, Keramuddin Karim, após denúncias de abusos sexuais contra jogadoras da seleção.
A retirada da seleção feminina do Afeganistão foi realizada no dia 24 de agosto, após um trabalho que envolveu o governo australiano, organismos internacionais como o sindicato mundial de jogadores (FifPro), Centre for Sports and Rights, na Suíça, e diversos ativistas com ligação direta com o esporte, como a ex-capitã da seleção australiana Khalida Popal, que vive na Dinamarca, além de ex-atletas do Canadá, Reino Unido e Austrália.
– Foram muitas pessoas envolvidas no resgate. Temos que agradecer o trabalho do governo australiano, que concedeu rapidamente os vistos para as jogadoras e suas famílias – conta o ex-jogador da seleção australiana, que enfrentou o Brasil duas vezes na carreira, uma delas na final da Copa das Confederações de 1997, vencida pela seleção brasileira por 6 a 0.
Por questão de segurança, Foster não tem autorização para compartilhar imagens das jogadoras em solo australiano, nem o nome de quem foi resgatado na operação.
– Infelizmente, não é seguro divulgar essas imagens. Essas pessoas ainda têm familiares vivendo no Afeganistão – observou.
GPS, roupas e sinais para localizar as jogadoras
Foster explicou que os ativistas trabalharam na retaguarda, em seus países, montando a operação, buscando as conexões certas para localizar as jogadoras e operando nos bastidores para viabilizar politicamente a ação. Em Cabul, as tropas australianas baseadas na capital afegã fizeram o resgate em pontos pré-determinados. As pessoas foram levadas para o aeroporto da capital, onde um avião do governo australiano esperava o grupo.
– Estávamos a cinco ou seis dias do fim do prazo para a evacuação (30 de agosto). O governo da Austrália se comprometeu com a proteção desse grupo, então nós dissemos “Vamos lá, levem as pessoas para o aeroporto”. Nós tínhamos as coordenadas de GPS, contatos por aplicativos decodificados, sabíamos onde as atletas estavam, e pedimos para elas enviarem fotos, usar determinadas roupas, fazer sinais, qualquer coisa que elas pudessem fazer para que fossem facilmente identificadas – descreveu Foster, que fez, de Sydney, o meio-campo com o governo do seu país.
– Essas pessoas em Cabul me passavam as informações, muitas vezes no meio da noite, e eu repassava ao governo. As pessoas que estavam esperando nos portões do aeroporto sabiam quem eras as jogadoras que seriam resgatadas, e puderam ajudá-las. Tínhamos pessoal militar dentro do aeroporto ajudando as jogadoras, era um grupo muito grande e bem organizado – relatou Foster, destacando também a ação da ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, que se envolveu diretamente no planejamento.
– Temos que agradecer muito a Marise Payne e ao ministro da Imigração, Alex Hawke, por suas ações rápidas que levaram a esse resgate.
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Globo Esporte
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