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Do sonho de menina ao campeonato mundial: Bruna Kajiya, a brasileira referência no kitesurfe

Bruna Kajiya se encantou pelo kitesurfe ainda menina. Mal sabia ela que a paixão pelos kites cruzando o mar em Ilha Bela lhe renderia o título de autoridade

Do sonho de menina ao campeonato mundial: Bruna Kajiya, a brasileira referência no kitesurfe
Do sonho de menina ao campeonato mundial: Bruna Kajiya, a brasileira referência no kitesurfe

Redação Publicado em 10/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h52


Tri-campeã mundial, Bruna busca o tetra em águas brasileiras

Bruna Kajiya se encantou pelo kitesurfe ainda menina. Mal sabia ela que a paixão pelos kites cruzando o mar em Ilha Bela lhe renderia o título de autoridade no kitesurf mundial. Hoje, Bruna é referência no esporte com três campeonatos mundiais, e busca o tetra nas águas brasileira da Ilha do Guajiru, no litoral do Ceará, dos dias 10 a 14 de novembro.

Antes de conhecer o kitesurfe, Bruna era da turma dos surfistas, mas um acidente no esporte a afastou do mar. A menina, que era chamada de “peixinho” por quem a conhecia, sentia falta de estar dentro d’água. E foi da janela de sua sala de aula que ela enxergou novas possibilidades de voltar para o mar.

– Do meu colégio em Ilha Bela eu consegua ver o mar, de dentro da minha sala de aula. E eu colocava a cabeça para fora da janela durante o dia e via os kites voando em cima das copas das árvores. E aquilo me trouxe muita curiosidade, eu ficava sonhando com aquilo. E depois do colégio eu saía, sem almoçar, sem nada, e corria para a praia e ficava só vendo todo mundo. Disso eu convenci uma pessoa a me ensinar, porque na época não tinha escolinha ainda, era muito novo o esporte. E saí foi paixão à primeira vista, eu não larguei mais.

O que mais encantou Bruna no esporte foi a liberdade de fazê-lo do seu jeito. O kitesurfe permite que o atleta salte, faça manobras, explore a velocidade, e tudo isso se utilizando dos recursos da natureza. Quem decide é quem está em cima da prancha, com a barra de controle na mão.

– Quando eu estou fazendo kite eu me sinto livre. Eu estou sozinha no mar, ou na lagoa, no meio da natureza. E aquele vento no rosto, o barulho do mar… Eu me sinto mais perto e conectada com a natureza, porque eu não só estou ao redor dela, mas também eu to usando a energia do vento e usando o mar como veículo para praticar esse esporte.

 Bruna Kajiya  voa no kitesurf — Foto: Claudio Cabral

Bruna Kajiya voa no kitesurf — Foto: Claudio Cabral

A paulista de 34 anos, hoje, é referência no kitesurfe, mas ela conta que sua trajetória não foi fácil. Em um esporte majoritariamente masculino, faltam oportunidades para as mulheres. Bruna ressalta a necessidade de se ter mais espaço, condições para as atletas se manterem e premiações igualitárias nos torneios. A kitesurfer inclusive se propõe a ser uma voz ativa por essa causa.

– Sempre foi difícil encontrar espaço para as mulheres dentro do esporte. E isso sempre foi algo que me inspirou muito. Um dos meus maiores objetivos dentro do kitesurfe é criar mais espaços, mais oportunidades, para mulheres, tanto as que estão iniciando, quanto para as profissionais que precisam viver disso. Hoje em dia a gente está em um patamar bem diferente de quando começou, mas ainda não estamos onde a gente tem o potencial de estar.

Eu acho que foi uma porta que foi aberta e que traz muitos benefícios para o esporte.
— Bruna Kajiya

Isso se reflete no que Bruan considera a maior conquista de sua carreira. Claro que os três campeonatos mundiais são importantes, mas a kitesurfer ressalta um momento que mudou a trajetória do esporte entre as mulheres.

– A minha maior conquista foi ser a primeira mulher a pousar o que a gente chama de double handle pass. É uma manobra que você passa a barra de controle duas vezes atrás das costas. E foi um grande feito, porque ninguém acreditava que as mulheres podiam fazer manobras assim. E na cabeça das pessoas já tinha esse preconceito que os double passes eram só para os homens. Eu treinei durante meses, foi uma jornada bem árdua, bem desafiador, mas eu pousei essa manobra e isso foi super emocionante para mim. Não só foi algo pessoal, mas também pelas outras mulheres, que eu vi que abriu a cabeça delas e de muitas pessoas no esporte.

Agora, Bruna vai em busca do tetracampeonato mundial em águas brasileiras. A competição acontece o litoral do ceará em novembro. De acordo com a kitesurfer, o campeonato mundial não poderia acontecer em algum lugar melhor.

O nordeste brasileiro é o melhor lugar do mundo para fazer kite
— Bruna Kajiya

– Vem gente do mundo inteiro fazer kitesurfe aqui. O que destaca essa região é que tem a temporada do vento, que são cinco ou seis meses no ano. E nessa temporada tem vento praticamente todos os dias. e é um vento bom, estável quente… As condições do mar aqui são muito boas. O nosso nordeste é abençoado para o kitesurfe.

No entanto, apesar das boas condições e de conhecer bem a área, Bruna ressalta que a rotina de treinos é intensa. Além disso a atleta lembra que cuidar do corpo, alimentação e hidratação é extremamente importante para a competição. Mas Bruna não esconde que está super feliz em competir em casa com o calor da torcida, e do vento, do Brasil.

– Eu estou super empolgada para o Mundial! Competir em casa é a melhor sensação do mundo! Só por isso eu já estou super contente, super feliz em sentir esse calor brasileiro. E claro que a minha expectativa é sempre é ganhar, estou treinando para isso. Quero representar bem o Brasil e dar orgulho ao nosso povo aqui em casa.

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Globo Esporte
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