Hong Kong fez história nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Se em toda a sua história o território localizado na costa sul da China havia conquistado apenas três
Redação Publicado em 08/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h39
Hong Kong fez história nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Se em toda a sua história o território localizado na costa sul da China havia conquistado apenas três medalhas olímpicas, o time sai do Japão com o dobro – um ouro, duas pratas e três bronzes. Mas por que a cidade compete nos Jogos com uma equipe à parte da delegação chinesa?
Hong Kong nas Olimpíadas:
O Comitê Olímpico de Hong Kong existe desde os tempos em que o território ainda era uma colônia inglesa, tendo sido reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional em 1951. A primeira participação foi nas Olimpíadas de Helsinque, no ano seguinte, como explica Daniel Rio Tinto, professor da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV):
– Daí em diante, os atletas de Hong Kong passaram a competir em sede própria ao invés de pela República da China (que era o que acontecia antes) ou pela Grã-Bretanha. O Reino Unido não se opôs a que Hong Kong competisse como entidade própria. De acordo com o estipulado, competiam como equipe de “British Hong Kong”, sob a bandeira colonial de Hong Kong, mas com o hino britânico.
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Antes de Tóquio, o único ouro de Hong Kong foi conquistado pela velejadora Lee Lai Shan, nos Jogos de Atlanta 1996. Naquele período, a cidade ainda pertencia à Grã-Bretanha, e o hino tocado na premiação foi “God Save the Queen”. Desta vez, o esgrimista Cheung Ka Long ouviu a “Marcha dos Voluntários”, hino da China, ao pisar no lugar mais alto do pódio.
Em Tóquio, esgrimista Cheung Ka Long ganhou o segundo ouro da história de Hong Kong — Foto: REUTERS/Maxim Shemetov
A execução do hino chinês diante da vitória honconguesa intensificou a tensão entre a cidade e o governo chinês. Na cerimônia da medalha de Cheung, alguns torcedores vaiaram o hino nacional e gritaram “Somos Hong Kong”, o que foi transmitido pela televisão. Uma pessoa foi presa. As manifestações aumentaram depois que as autoridades de Hong Kong pró-Pequim promulgaram novas leis no ano passado, proibindo qualquer insulto ao hino nacional e à bandeira chinesa.
– Tem havido um crescimento nas tensões entre Pequim e Hong Kong, porque Pequim tem manobrado para aumentar significativamente o seu controle sobre a região, fazendo tudo que pode para impedir a dissidência e que grupos insatisfeitos questionem a autoridade do governo da República Popular sobre Hong Kong. Essa tensão, acredito, é o que está por trás da vaia ao hino chinês, feito como ato de protesto com relação à postura chinesa com relação à Hong Kong – esclarece Daniel.
Hong Kong voltou a fazer parte do território chinês em 1997, depois de um longo período de negociações entre Grã-Bretanha e China, que definiram os termos da “devolução” da cidade que hoje tem 7,5 milhões de habitantes. Daniel Rio Tinto elucida que Hong Kong deixou de ser um protetorado britânico e passou a fazer parte da China como Região Administrativa Especial, com regras diferentes do resto das cidades chinesas. A intenção era proteger interesses britânicos e das comunidades de origem britânica que permaneceram no território.
– Como parte desse acordo, inclusive, os residentes de Hong Kong tinham direito a votar em eleições para o governo da cidade e a manter uma série de liberdades civis, políticas e direitos eleitorais que não existiam na maior parte da China. Esse acordo fala sobre várias coisas, inclusive que o governo de Hong Kong pode continuar a ter relações e implementar acordos com outros estados, organizações internacionais etc., o que dava legitimidade para que Hong Kong continuasse a ter seu próprio Comitê Nacional separado do Comitê Olímpico Chinês se assim desejasse.
China (ouro) e Hong Kong (bronze) dividem pódio do tênis de mesa feminino por equipes — Foto: REUTERS/Thomas Peter
China com três times em Tóquio
Além da delegação chinesa e de Hong Kong, a China tem outro representante nas Olimpíadas. Taiwan compete como “Taipé Chinês”, porque o nome “República da China”, autoatribuído pelo governo, não é reconhecido pela maioria dos órgãos internacionais por pressão de Pequim. A equipe também não pode usar sua bandeira oficial nem tocar o hino nacional, substituído pelo hino à bandeira de Taiwan.
O que acontece é que a China tem “dois governos”. Em 1949, o então presidente chinês Chiang Kai-shek se exilou em Taiwan ao passo que Mao Tse-tung e o Partido Comunista assumiam o poder de Pequim. Por isso a briga entre Taiwan e Pequim pela representação política da China.
– A China não reconhece a soberania do governo de Taiwan sobre a Ilha de Formosa, que entende ser seu território, e por isso veta, impede ou dificulta, usando sua influência, que Taiwan seja representado usando essa identidade nacional. O “meio termo” encontrado no caso de Taiwan para permitir que seus atletas possam competir é diferente do de Hong Kong, mas a dinâmica é similar – afirma Daniel.
Taiwan (ouro) e China (prata) dividem pódio do torneio de duplas masculinas do badminton — Foto: REUTERS/Hamad I Mohammed
O fato de ter três times chineses competindo em Tóquio proporcionou algumas coincidências: no tênis de mesa feminino por equipes, China e Hong Kong dividiram o pódio; nas duplas masculinas do badminton, Taiwan e China ganharam medalhas, o que se repetiu no badminton feminino. Além disso, as delegações se enfrentaram em outras modalidades.
Taiwan conquistou ainda mais pódios do que Hong Kong em Tóquio. A ilha deixa os Jogos com dois ouros, quatro pratas e seis bronzes. A China terminou na vice-liderança, atrás apenas do Estados Unidos, com 38 ouros, 32 pratas e 18 bronzes; 88 no total. Se somadas as conquistas dos outros dois territórios, os chineses saem de Tóquio com ainda mais medalhas.
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Fontes: Ge – Globo Esporte.
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