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Bia Maia vê US Open como recomeço: “Não tinha a maturidade de hoje”

O clima é de retomada para a tenista que já esteve entre as 60 melhores tenistas do mundo. Depois de longas e numerosas interrupções, Bia Haddad Maia encara

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Redação Publicado em 25/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h17


O clima é de retomada para a tenista que já esteve entre as 60 melhores tenistas do mundo. Depois de longas e numerosas interrupções, Bia Haddad Maia encara na tarde desta quarta-feira a espanhola Irene Burrillo Escorihuela pela primeira partida do qualifying do US Open 2021. A brasileira ocupa a 174ª posição no ranking da WTA (Circuito feminino de tênis).

– Eu conheci ela (Irene Burrillo Escorihuela) nesse ano, joguei um torneio com ela em Boca Ratón, na Florida, nas mesmas condições. Era quadra dura, também qualifying, e é uma jogadora de estilo bem espanhol. Lembro que foi um jogo duro, uma guerra. E faz parte de um grupo de meninas que joga superduro o ano inteiro e tiveram resultados pra estarem aqui agora. E me sinto pronta pra jogar até mais de três horas de tênis se for necessário, me sinto pronta pro jogo.

A brasileira quer reencontrar o caminho de sucesso do início da carreira, quando era considerada uma das atletas mais promissoras de sua geração. Desde que se profissionalizou, aos 15 anos de idade, passou por quatro cirurgias e uma suspensão de 10 meses por doping, em uma punição que depois se provou um erro da empresa farmaceutica que produziu o medicamento de manipulação. Depois da recuperação física, Bia Maia, assim, como os atletas não só do tênis, também tiveram que lidar com a a pandemia e uma nova dinâmica de logística e viagens no circuito.

– Hoje posso dizer com segurança, depois de uma série de lesões, que encontrei o encaixe ideal da minha equipe, meu preparador físico, meu condicionamento. Tanto que essa condição me permitiu ficar cinco meses só viajando por conta da pandemia, porque não conseguimos voltar pra casa. Mas me sinto muito bem, saudável, consciente, finalmente, depois de tempos tão difíceis de paralisação e de quatro cirurgias.

Jovem, mas já com a bagagem de experiências de sucessos, lesões, decepções e desafios ao longos dos últimos dez anos de competições profissionais, Bia Haddad Maia hoje diz se sentir pronta para novos caminhos. A atleta canhota de 1,85m, que sempre chamou a atenção pelo talento e o potencial pra brilhar em grandes competições, sofreu com as expectativas exageradas vindas do público principalmente no período em que subiu rapidamente no ranking mundial de simples, em 2017.

Bia Haddad em Wimbledon — Foto: Tim Clayton / Getty Images

Bia Haddad em Wimbledon — Foto: Tim Clayton / Getty Images

– Quando fiquei entre as 58 melhores do mundo, eu não tinha a consciência e a maturidade que tenho hoje. Foi muito pelo trabalho principalmente com o Germán Gaich (técnico), a gente conseguiu fazer uma preparação muito forte com o resto da equipe. Mas não é fácil ser atleta no Brasil, sendo bem sincera. Meu nome gerou uma expectativa muito grande quando surgi. As pessoas se surpreendem quando falo que tenho só 25 anos, porque desde os 12, 13 anos, escuto que sou a esperança do tênis brasileiro, alguns me chamavam de “futura Sharapova”. E quando eu saía do Brasil, ia jogar na Europa ou aqui nos Estados Unidos, via que eu era mais uma, que tinha um monte de meninas talentosas também. E desde cedo tive isso muito claro.

Além de fortes adversárias do outro lado da rede, tenistas precisam encarar desde cedo dificuldades como a solidão e a pressão por vitórias. Na geração atual, as redes sociais também surgem como um elemento de participação intensa na vida de atletas. A saúde mental no esporte nunca foi debatida como nos dias atuais, principalmente depois das ações da ginasta Simone Biles e da tenista Naomi Osaka nos jogos olímpicos de Tóquio. Esta, aliás, estará em ação no US Open, nunca sozinha na preocupação em promover discussões em torno dos desafios psicológicos para atletas de alto rendimento.

Bia Haddad — Foto: Instagram

Bia Haddad — Foto: Instagram

– É um assunto muito sério, muito grave. Tanto a questão da depressão dos atletas como a agressividade nas redes sociais. Cade vez mais nós vemos os atletas ansiosos, Porque a gente posta uma foto e naturalmente vai ver a curtida ou o comentário e acaba vendo coisas horríveis. Claro, quando você vence, tudo é muito legal pra sua auto-estima, lê elogios, às vezes até alguém famoso começa a te seguir. Agora, vai perder um jogo ou se lesionar pra ver o que acontece… Isso é muito chocante. Essas reações extremas das redes sociais para os atletas – conta Bia Haddad Maia.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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