Após 60 anos do julgamento, ainda existe história para ser contada sobre o Holocausto
Vitória Tedeschi Publicado em 23/08/2022, às 15h18
As fitas com as falas de Adolf Eichmann, que estavam guardadas num arquivo federal alemão, foram obtidas por produtores de cinema de Israel, e divulgadas em um documentário recém-lançado.
Nos áudios, o nazista conversa com um amigo em Buenos Aires, na Argentina, e fala à vontade sobre as atrocidades que cometeu durante a Segunda Guerra Mundial.
A série chamada “A Confissão do Diabo: As Fitas Perdidas de Eichmann”, traz seus depoimentos, em alemão, falando atrocidades, como que “não se importava” se os judeus que ele enviou para Auschwitz vivessem ou morressem.
Eu não me importava com os judeus deportados para Auschwitz. Não me importava se estavam vivos ou mortos. (...) Se eu tivesse recebido a ordem para colocar judeus na câmara de gás ou atirar neles, eu teria cumprido”, disse o alemão nos áudios.
Com uma nova versão que se enquadra quase como uma confissão, as fitas chocam ao lembrar da história.
Isso porque, mostra uma outra versão do que foi dito por um dos principais organizadores do nazismo, em 1961, quando o mundo parou para assistir seu julgamento, com os testemunhos dos sobreviventes do Holocausto,e todo horror vivido por eles durante a segunda grande guerra.
Mais de sessenta anos depois, uma nova série documental israelense exibe áudios originais e chocantes do empregado de Hitler, Eichmann, em sua própria voz.
Se tivéssemos matado 10,3 milhões de judeus, eu diria com satisfação: ‘Bom, destruímos um inimigo.’ Então teríamos cumprido nossa missão”, afirmou Eichmann em uma das gravações.
O Fantástico conversou com Yariv Mozer, diretor do filme recém-lançado, que contou que as gravações tem cerca de 15 horas de duração.
"Nós fomos os primeiros cineastas a ter acesso às 15 horas de gravação. Talvez, os donos das fitas tenham autorizado porque sou israelense, e porque já se passaram 60 anos do julgamento. Entenderam estar na hora do mundo conhecer a verdadeira face de Adolf Eichmann", explica Mozer.
Eichmann foi o único dos líderes nazistas a ser julgado em Jerusalém. Mesmo antes de ser exterminado, negava ser culpado pela morte de milhões de judeus.
Ele alegava ser apenas um funcionário, cumprindo ordens que vinham de cima. Mais tarde, seus depoimentos deram origem à teoria da banalidade do mal, da filósofa Hannah Arendt.
Na prática, ele é considerado o arquiteto do holocausto, o massacre de cerca de seis milhões de judeus pela ditadurade Adolf Hitler e comandava o transporte ferroviário que levava os judeus para o extermínio nas câmaras de gás.
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