Investigação revelou a elaboração de contratos falsos com fornecedores para adiar obrigações financeiras
William Oliveira Publicado em 03/10/2024, às 13h46
Um comitê independente, responsável por investigar alegações de fraude na Americanas, apresentou conclusões alarmantes sobre práticas contábeis irregulares conduzidas por ex-diretores da empresa. A investigação revelou a criação de contratos falsos com fornecedores, bem como o uso estratégico de operações de "risco sacado" para adiar obrigações financeiras.
Em janeiro de 2023, a Americanas divulgou publicamente um esquema fraudulento que teria encoberto um déficit significativo de R$ 25,3 bilhões. Desde então, uma minuciosa análise foi conduzida, envolvendo o exame de aproximadamente 74 terabytes de dados, mais de 1,2 milhão de documentos e cerca de 250 entrevistas com funcionários atuais e antigos, além de terceiros envolvidos.
A empresa emitiu um comunicado apontando inconsistências em lançamentos contábeis que reduziam a conta de fornecedores em balanços passados. Em outras palavras, relatórios financeiros apresentavam entradas fictícias de recursos.
Segundo o relatório investigativo, a manipulação incluía contratos forjados de Verba de Propaganda Cooperada (VPC), usados para inflar os resultados financeiros da companhia. Os VPCs são acordos entre varejistas e fornecedores para promover produtos em lojas, geralmente resultando em redução de custos de compra.
A análise descobriu que diversos VPCs não foram liquidadas ou corretamente registrados nos valores acordados com fornecedores. A falta de documentação apropriada e acordos reais levantou questões sobre a autenticidade dos registros financeiros da empresa.
Desde 2016, contratos supostamente vencidos não foram quitados. As irregularidades incluíam documentos duplicados e disputas sobre pagamentos reconhecidos pelos fornecedores. A consultoria KPMG, atuante à época, afirmou não ter encontrado evidências que sustentassem tais acordos.
O esquema envolvia ajustes nas margens da Americanas por meio da manipulação contábil dos VPCs. E-mails internos revelaram discussões sobre o uso desses contratos para atingir metas financeiras específicas.
Além disso, discrepâncias entre dados internos e informações fornecidas a credores foram identificadas. Diferenças em datas de vencimento e termos contratuais foram destacadas no relatório.
Para mascarar sua situação financeira, a Americanas também adiava pagamentos a fornecedores por meio do "risco sacado". Este método envolvia bancos antecipando pagamentos sem juros aos fornecedores, enquanto a empresa postergava suas obrigações até o término do contrato.
Entre 2008 e 2022, a Americanas realizou 36 operações desse tipo, com 32 aditivos contratuais junto a várias instituições financeiras. O esquema incluía o uso de títulos vencidos como garantia e acumulação de despesas adicionais.
Em declaração à CNN, a Americanas reiterou que os achados do comitê independente confirmam as fraudes cometidas pela gestão anterior. A empresa reforçou seu compromisso com o esclarecimento dos fatos e a responsabilização judicial dos envolvidos na manipulação dos controles internos.
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