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Pandemia empurrou cerca de 55 mil famílias para habitações precárias e cidade de SP ganhou 150 novas favelas, diz secretaria

A pandemia da Covid-19 empurrou cerca de 55 mil famílias para as habitações precárias em favelas da capital paulista, segundo dados da Secretaria Municipal da

Pandemia empurrou cerca de 55 mil famílias para habitações precárias e cidade de SP ganhou 150 novas favelas, diz secretaria
Pandemia empurrou cerca de 55 mil famílias para habitações precárias e cidade de SP ganhou 150 novas favelas, diz secretaria

Redação Publicado em 25/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h56


A pandemia da Covid-19 empurrou cerca de 55 mil famílias para as habitações precárias em favelas da capital paulista, segundo dados da Secretaria Municipal da Habitação.

De acordo com os números, no fim de 2019 havia 372 mil famílias vivendo em moradias precárias da cidade, distribuídas em mais de 1.700 favelas de São Paulo. Em 2021, esse número passou para 427 mil casas em 1.860 comunidades, boa parte delas com problemas de saneamento básico e segurança.

Em pouco mais de um ano e meio, a cidade ganhou cerca de 150 novas favelas, aumento de 9% em relação ao ano de 2019.

O número de moradias precárias também cresceu cerca de 15% entre 2019 e 2021.

Cerca de 50% dessas moradias precárias estão na Zona Sul de São Paulo. A outra metade está distribuída nas outras regiões da cidade, conforme o mapa abaixo.

A região central, até pelo grande número de empresas e pouca área desocupada, é a que tem menos casas em favela, segundo o levantamento da pasta da habitação.

Mapa das moradias precárias na cidade de São Paulo, segundo a Prefeitura de São Paulo.  — Foto: Reprodução/TV Globo
Mapa das moradias precárias na cidade de São Paulo, segundo a Prefeitura de São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo

Robson César Correia é presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo e durante toda a pandemia vem fornecendo alimentação para as pessoas que estão na rua, tudo à base de doações. Ele diz que neste último ano aumentou muito o número de famílias inteiras sem teto e sem comida.

“Desde o começo da pandemia, quando chegou uns seis, sete meses que iniciou realmente, quando foi fechado todo o comércio, a gente notou que começou a aparecer famílias na rua. Isso foi aumentando, aumentando e até hoje a gente consegue ver gente nova vindo pra rua, que mudou já o perfil da população de rua”, afirmou ele.

“Agora nós temos famílias inteira, até microempresários que estão na rua. Eles tinham pequenas empresas, fecharam seu comércio, como eu tenho conversado com alguns, fecharam seu comércio, não puderam reabrir, não puderam pagar seu aluguel e vieram pra rua”, completou.

Michele Greco é cozinheira e trabalhava em um carrinho de lanches que fechou durante a pandemia. Desempregada e sem ter como pagar o aluguel, ela foi morar com a filha de um ano num albergue da cidade. Ela conta que, de tanto reclamar das condições do local, foi expulsa com a criança do espaço.

“Hoje estou na rua. Tenho vídeos comprovando, tenho outras denúncias também de outras meninas. Lá tem, além da sujeira, tem muita sujeira, tem uma cisterna que fica na parte de baixo que é onde é aberta, água que abastece o prédio em si cheio de ratos, baratas, que ela é aberta, prédio antigo, mais de 100 anos no centro histórico, a minha filha teve uma gastroenterite por conta da água, contaminação, tudo comprovado em documento”, afirmou.

“Estando na rua, tá chovendo, tá esse vento, eu não tenho condições nem de chegar e alugar uma casa. Não tenho. Infelizmente eu estou, como se fala, pela sorte”, completou ela.

A operadora de telemarketing Ingrid Cruz mora no mesmo albergue que antes abrigava Michele e a filha. As histórias delas são parecidas.

Ingrid foi para o albergue depois que o marido, que é garçom, perdeu o emprego ano passado. Hoje, a família, que tem sete pessoas, vive em um único quarto.

“O dinheiro que a gente tá se programando pra tentar sair não consegue. Estou gastando com medicação. Meus filhos têm asma, rinite, sinusite, Estou num quarto que a janela não fecha. A gente dorme no meio da friagem, meus filhos estão ficando doentes. Já pedi pelo amor de Deus para me trocar de quarto”, contou a jovem.

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) disse que Michele Greco descumpriu algumas regras do abrigo e que por isso foi oferecida uma vaga a ela em outra unidade, mas que ela não teria aceitado. E, por isso, saiu – e não foi expulsa – do local.

Michele informou que, depois que falou com a reportagem, foi procurada por assistentes sociais e foi instalada, na quarta-feira (23) à noite, em outro abrigo da cidade. Ela ficou duas semanas na rua com a filha.

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G1

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