Diário de São Paulo
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Preço do Café

Onda de calor eleva preço do café a níveis nunca vistos

Produto aumenta quatro vezes mais que a inflação devido à onda de calor e queimadas no Brasil

Imagem ilustrativa - Imagem: Reprodução / Freepik
Imagem ilustrativa - Imagem: Reprodução / Freepik

Sabrina Oliveira Publicado em 27/09/2024, às 13h46


O preço do café, um dos itens mais consumidos pelos brasileiros, atingiu um recorde histórico nos últimos 12 meses, subindo quase quatro vezes mais que a inflação. Em agosto, o valor do café moído chegou a R$ 39,63 por quilo, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Este é o valor mais alto registrado desde o início da série histórica em 1997.

O aumento é atribuído à onda de calor e às queimadas que devastaram áreas agrícolas em diversas regiões do Brasil. Entre junho e agosto, aproximadamente três milhões de hectares de propriedades rurais foram atingidos por incêndios, resultando em um prejuízo estimado em cerca de R$ 15 bilhões, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A alta no preço preocupa tanto comerciantes quanto consumidores. Alessandra de Carvalho, dona de uma padaria em São Paulo, relata que ainda não repassou o aumento aos clientes, mas teme não conseguir manter essa estratégia por muito tempo. "O custo para nós já aumentou um pouco, mas estamos segurando na expectativa de que o preço baixe novamente", disse Alessandra.

Nos supermercados, o cenário também é desanimador. Dona Lúcia, consumidora assídua de café, conta que precisou devolver o produto após notar o preço elevado. "Está caro demais. Mas mesmo assim, não dá para diminuir o consumo de café", afirmou ela, reforçando que ainda procura promoções para manter o hábito.

Além dos problemas climáticos no Brasil, o preço do café também foi influenciado pelas mudanças climáticas globais, que impactaram a produção em outros países exportadores, como o Vietnã. Isso acabou refletindo nos custos do produto importado, pressionando ainda mais o mercado nacional.

Para driblar a alta, o economista Gilberto Freire aconselha os consumidores a aproveitarem as promoções. Ele explica que ainda há estoques de safras anteriores disponíveis, que podem ser encontrados a preços mais baixos. "Ainda é possível encontrar cafés torrados de boa qualidade com preços mais acessíveis. Basta pesquisar um pouco mais", orientou o economista.

Apesar das dificuldades, muitos brasileiros, como Dona Lúcia, não pretendem abrir mão da bebida. "Mesmo com o calor e os preços altos, o café não pode faltar", concluiu ela

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