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Em meio à críticas de Lula, Campos Neto resguarda a autonomia do Banco Central

Para o economista, é preciso separar o ciclo de política monetária do ciclo político

Campos Neto. - Imagem: Reprodução | ABr via Grupo Bom Dia
Campos Neto. - Imagem: Reprodução | ABr via Grupo Bom Dia

Marina Roveda Publicado em 08/02/2023, às 11h25


Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central, defendeu nessa terça-feira (07) a independência do órgão durante um evento em Miami. O economista acredita que a autonomia do BC é essencial para desvincular o ciclo de política monetária do ciclo político, uma vez que ambos têm “diferentes lentes e diferentes interesses”. 

O discurso do economista é uma resposta às constantes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre as medidas impostas pelo Banco Central sobre o nível dos juros e as metas de inflação. O petista deixou claro que almeja acabar com a autonomia do BC

Vou esperar esse cidadão terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação o que significou o Banco Central independente”, disse o presidente. “Outro dia eu me queixei que eles fizeram uma meta de inflação de 13,7%. Quando você faz uma meta de inflação de 13,7%, está exagerando numa promessa em que precisa arrochar para cumprir”, acrescentou.

Em contrapartida, Campos Neto ressaltou que a autonomia do órgão potencializa a eficiência da política monetária e, assim, reduz o custo da alta de juros para a população. “Acho que é muito importante por diferentes razões. A principal razão, no caso da autonomia do BC, é desconectar o ciclo de política monetária do ciclo político, porque eles têm diferentes lentes e diferentes interesses. Quanto mais independente você é, mais efetivo você é, e menos o País vai pagar em termos de custo-benefício da política monetária”, declarou. O presidente do BC ressaltou a necessidade de pensar em melhorar o trabalho anterior e acrescentou que apenas criticar é um problema. “Eu cheguei lá, a pressão era muito grande, porque ele [Ilan Goldfajn] fez um trabalho maravilhoso. Pensei, como posso melhorar o que foi feito? Um problema que nós temos é sempre criticar o legado. Nós precisamos entender que, quando chegamos a um trabalho, nós precisamos olhar o que pode ser melhorado. Não acho que você se parece melhor criticando o que foi feito”, ponderou.

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